Exposição vai mostrar as canções de intervenção de músicos exilados em Paris antes do 25 de Abril


Entre os dias 13 de setembro e 31 de outubro vai estar patente ao público, no Hall da Casa de Portugal André de Gouveia, na Cité universitaire internationale de Paris, uma exposição intitulada “Chansons de l’exil portugais à l’aube de la Révolution des œillets (1974)” numa iniciativa de vários investigadores do INET-md (Universidade Nova de Lisboa), no quadro do projeto EXIMUS (Música e Exílio).

Trata-se de uma exposição documental, em francês, sobre a atividade musical de vários cantores e músicos portugueses exilados em França durante a Ditadura do Estado Novo (1933-1974), em particular a jovem geração de refratários à Guerra colonial dos anos 1960 e 1970, em Angola, Moçambique e na Guiné-Bissau.

A exposição apresenta o percurso de músicos de intervenção como por exemplo José Mário Branco ou Luís Cília, praticamente desconhecidos hoje das jovens gerações.

O projeto EXIMUS é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, e tem por objetivo estudar a interação entre exílio e criação musical, assim como sensibilizar aos desafios contemporâneos da memória da resistência àquela que foi a mais longa ditadura na Europa no século XX.

Segundo uma nota de imprensa distribuída esta semana, a exposição vai apresentar 12 painéis com cerca de 50 ilustrações de capas de discos, cartazes, fotografias, e vai permitir o acesso online a extratos sonoros.

A inauguração da exposição está prevista para o dia 13 de setembro, a partir das 18h00, e às 20h00 vai ser projetado o filme “O Salto” de Christian de Chalonge (1967, 85 min). Foi o primeiro filme de ficção realizado sobre a imigração portuguesa para França e é apresentado porque a composição musical original foi composta por Luís Cília.

No dia 20 de setembro, às 17h30, também na Casa de Portugal André de Gouveia, vai ter lugar um concerto com Francisco Fanhais e Manuel Freire, acompanhados à guitarra por Rogério Cardoso Pires. São dois cantores da chamada “Geração de Abril” e testemunharão das suas ações na canção contestatária dos anos 60 e 70, num encontro onde também estarão presentes os musicólogos Hugo Castro e Ricardo Andrade.

No domingo, dia 5 outubro, às 15h30 haverá projeções e debate sobre “A música nos filmes sobre a imigração portuguesa dos anos 1960 e 1970” em parceria com a associação Mémoire vive – Memória viva.

Finalmente, na quinta-feira, dia 9 de outubro, às 18h30, vai ser organizada uma conferência do musicólogo da Universidade Nova de Lisboa Manuel Deniz Silva, sobre o “Percurso de um músico exilado em Paris nos anos 1930: Fernando Lopes-Graça”, em diálogo com a historiadora Cristina Clímaco da Universidade de Saint Denis Paris 8. Este evento vai ter lugar na Fondation Maison des Sciences de l’Homme, em Paris, no quadro dos Encontros da Biblioteca da Fundação Calouste Gulbenkian.