Reitor Nuno Aurélio Fatima

Fado de Coimbra: destino «Portugal»

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Não sou antropólogo nem etnógrafo e falo como cidadão. Devido à educação que recebi de meus pais, não sou apenas um “patriota do futebol”. Já o tenho dito que amar o nosso país, não se pode mostrar apenas ou sobretudo quando joga a Seleção das Quinas. Ser português implica, também, amar a nossa língua, conhecer e aceitar, sem vergonha, a nossa história nos seus momentos mais luminosos ou sombrios e “abraçar”, em maior ou menor grau, as diversas expressões e manifestações culturais do nosso povo.

Portugal, embora pequeno, tem uma grande diversidade nos seus usos e costumes que exprimem o quotidiano e a vida concreta dos povos em cada uma das nossas regiões e da sua ligação ao meio ambiente.

Se no Minho ou em Trás-os-Montes o folclore é cantado e dançado, no Alentejo ele é apenas cantado e duma forma única, que reflete outro ritmo de vida, onde o calor e o frio tocam os extremos.

É conhecido no mundo inteiro – às vezes sob a forma de clichés redutores – o Fado e o lugar especial que lhe é dedicado no vasto património cultural que nos enriquece. Declarado como património imaterial da humanidade pela Unesco, o fado viu-se reconhecido como único e valioso. Também o Fado conhece em si algumas nuances e em função das tendências mais puristas ou abrangentes, conhece “declinações” diferentes. A grande e única Amália não hesitou em dar-lhes palco, ao cantar igualmente o fado mais popular e de rua e o fado mais erudito, com os melhores compositores e autores, projetando o fado para lá do que se julgava possível.

 

O Fado de Coimbra é uma expressão musical única no mundo e no Fado em si mesmo. Tocado e cantado pelos estudantes da Universidade – e mesmo depois ao longo das suas vidas e carreiras profissionais – é, segundo a tradição, protagonizado somente por homens.

Do mesmo modo, para tocar e cantar Fado de Coimbra usa-se a veste estudantil negra, incluindo a capa, que deve estar traçada.

É um Fado cujos poemas evocam, invariavelmente, o amor e a saudade por uma mulher, pela cidade e pela Academia.

Desde o séc. XVI que o cantar de estudantes nas ruas de Coimbra é factualmente conhecido, onde o erudito e o popular se reviam e misturavam com frequência. De forma distinta do Fado de Lisboa, cantado nas tabernas e nas casas de fado, o Fado de Coimbra é, na sua essência, um fado de serenata, um fado de rua, com letras e músicas, não só de raiz popular, mas também de origem erudita, tendo sido musicados poemas dos mais ilustres poetas que pela Universidade de Coimbra passaram.

A nível instrumental, a caixa da guitarra de Coimbra é maior do que a de Lisboa, é afinada num tom abaixo e a sua voluta tem a forma de lágrima.

Com os tempos, também o Fado de Coimbra foi sofrendo algumas alterações, dando origem ao Canto e à Canção de Coimbra que sendo recriado, respeita ainda a sua essência e a sua génese, tendo ultrapassado as fronteiras da Cidade e da sua academia, sendo agora cultivado em outras comunidades de estudantes.

 

O Santuário acolhe, desde há anos, o Grupo de fado de Coimbra dos Estudantes de Medicina da Universidade do Porto. Considero importante e louvável apoiar o esforço destes jovens em preservar este património. Costumam manifestar-se ao final da missa, num pequeno momento.

Mas desta vez, no domingo 28, às 15h30, haverá um concerto deste Fado, tão peculiar e belo. A seguir à missa das 11h, será servido um Rancho à moda de Viseu, para quem fica após a celebração, sem necessidade de ir a casa. E, antes ou após, a atuação haverá um rodízio de petiscos e comeres tradicionais.

Para mais informações e inscrição até 24 poderá contactar o nosso colaborador Manuel Gonçalves 06.09.67.31.97. Lugares limitados.

Esta iniciativa ajudará também o Santuário neste momento de dificuldades económicas que a pandemia provocou e que nos tem afetado grandemente há quase dois anos, sabendo que a nossa comunidade participa generosamente nas campanhas solidárias, nomeadamente da Santa Casa da Misericórdia de Paris, que aqui tem a sua sede e em resposta às carências dos portugueses que vivem na nossa Região, e da Academia de Bacalhau Operação Roupas sem fronteiras.

Participe.

Seja bem-vindo ao Fado de Coimbra, destino «Portugal».

 

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LusoJornal