LusoJornal | Mário Cantarinha LusoJornal | Mário Cantarinha LusoJornal | Mário Cantarinha LusoJornal | Mário Cantarinha LusoJornal | Mário Cantarinha LusoJornal | Mário Cantarinha Home Associações FADO : Lizzie foi a convidada da associação GaivotaMário Cantarinha·5 Novembro, 2025Associações A fadista francesa Lizzie foi a artista convidada da “Rencontre Musical Gaivota” de outubro, organizada como habitualmente no Château Lorentz, em Bry-sur-Marne, pela associação Gaivota, uma associação presidida por Maria José Henriques que promove o fado em França há 25 anos. Lizzie estava acompanhada por Manuel Miranda à guitarra portuguesa e Dominique Orgic à viola de fado, mas depois juntou-se outro viola, Laurent, Mário Carreira também apareceu para cantar, assim como Vítor Teixeira. Apareceram ainda franceses para cantar – porque o princípio destas “Rencontres” é precisamente de misturar o Fado com a canção francesa. Cantou Katy, Muriel, Dan Inger dos Santos, que também é dirigente da associação Gaivota, assim como a própria Presidente da associação, Maria José Henriques, que cantou em dueto com Dan Inger. “Tivemos mais público do que esperávamos. É muito bom. Eu já estava satisfeita com as reservas, mas muita gente apareceu sem reservar e tivemos que nos adaptar, pôr uns à direita e outros à esquerda e tudo se consegue com boa vontade” disse ao LusoJornal a Presidente da associação organizadora. Como estes eventos têm lugar à hora do lanche, lá estavam os pasteis de nata e outros bolos, assim como um café para acolher o público. “É para mim um orgulho esta abertura, temos cada vez mais público francês que se interessa pela cultura portuguesa, mas essencialmente pelo Fado, mesmo se nós lhes trocamos as voltas e acrescentamos também canção francesa” explica Dan Inger dos Santos. “Há muita gente que vem descobrir o fado aqui nestes eventos”. Lizzie a Francesa que canta Fado como os Portugueses Lizzie fez nome no universo fadista português em França sem ter qualquer ligação com Portugal e costuma contar como tudo aconteceu: “Eu apaixonei-me pela língua portuguesa, pelo Fado e por Lisboa ao mesmo tempo, quando vi um documentário na televisão francesa” diz a sorrir. “Eu tinha uns 16 ou 17 anos e, estranhamente, este documentário mexeu comigo. A Mariza cantava neste documentário e alguns meses depois voltei a vê-la na televisão, fiquei espantada, percebi que tinha de aprender esta música, que tinha de compreender esta língua, percebi que não era apenas a cantora que era extraordinária, havia algo mais” confessa ao LusoJornal. E foi assim que tudo começou. Lizzie iniciou a aprendizagem do português até falar perfeitamente a língua de Camões, foi fazer um estágio Erasmus em Lisboa e… “e hoje aqui estou eu a cantar Fado em França”! O percurso de Lizzie fez-se também com os encontros que teve com os músicos “que me ajudaram a caminhar para o Fado” e com os organizadores de concertos que a acolheram “de braços abertos”. Quando alguns portugueses ouvem dizer que uma francesa vai cantar fado, podem ficar incomodados. “Dizem, ok, lá vem mais uma que vai dar pontapés na gramática portuguesa, vai ser horrível”, mas na verdade Lizzie fala perfeitamente português. “Quando me ouvem, dizem que eu trago um charme ao Fado, que trago precisamente um toque especial. Por isso, sim, acredito que sou a Francesa mais lusófona ou mais portuguesa, em todo o caso estou profundamente mergulhada no Fado”. Vir cantar aos Encontros da associação Gaivota é natural para Lizzie. A Maria José Henriques apoiou-me desde o início, quando eu cheguei à região parisiense, quando comecei a cantar fado em público. Então ela é quase uma Madrinha para mim. Sinto-me apoiada por uma amiga que faz viver a cultura portuguesa”. Por isso mesmo, “é uma honra para mim vir cantar aqui, é simbólico, é afetivo. Sinto que estou entre amigos. Associação festeja 25 anos com nova equipa Durante a tarde de convívio, Dan Inger dos Santos apresentou a nova equipa de direção da associação. “Agora vamos arregaçar as mangas e pôr-nos ao trabalho para fazer coisas, para festejar os 25 anos à maneira…” diz Maria José Henriques ao LusoJornal. “25 anos é uma vida”. “25 anos quer dizer que o trabalho está a ser bem feito” garante Dan Inger dos Santos. “Sobretudo pela Maria José Henriques que é a motora desta equipa”. Aliás, Maria José Henriques foi eleita Presidente por unanimidade. O sonho da Presidente da Gaivota é de trazer a França a fadista Kátia Guerreiro, que é a Madrinha da associação. “Não sei se será possível. Mas estamos a trabalhar para isso. Já cá veio o Padrinho, o Jorge Fernando, agora gostaríamos que a nossa Madrinha viesse. Só que a Madrinha está num patamar já tão alto… A nível financeiro temos de trabalhar para isso”. E acrescenta “Vamos ter fé”. Tendo em conta que o Teatro de Brie-sur-Marne, onde a associação está sedeada, é pequeno e só tem capacidade para 220 pessoas, a Direção da associação está a tentar encontrar outros teatros para viabilizar financeiramente esta “aventura”.