Festival de arte contemporânea Sète-Lisboa vai cruzar artistas portugueses e franceses


Um festival internacional de arte contemporânea que vai estabelecer um intercâmbio entre artistas portugueses e franceses terá lugar em setembro e outubro deste ano nas cidades de Sète e Lisboa, unindo a cultura ao turismo.

Esta Bienal Internacional de Arte Contemporânea teve início em 2019, fruto de uma ideia nascida à mesa de um café entre três amigas, que iniciaram o projeto com uma colaboração entre a cidade de Sète e Los Angeles, razão por que ficou com o nome de Festival SLA.

As três fundadoras – Sophie Dulin, Pauline Boyé e Marie Taillan – levaram depois, em 2022, o festival até Palermo, e este ano chega a vez da cidade de Lisboa, para apresentar o melhor da criação artística francesa ao público português e vice-versa, numa colaboração entre artistas dos dois países que se espera lance raízes para futuras parcerias, disse Dominique Depriester, Diretora do Instituto Français du Portugal, em conferência de imprensa.

Segundo a responsável, este festival é um prolongamento da temporada cruzada Portugal-França, que decorreu em 2022, e contará com alguns dos artistas que participaram naquele evento.

A escolha da cidade francesa Sète, prende-se não só com o seu enorme património marítimo, mas com os imensos artistas – estima-se que cerca de 400 -, entre os quais Agnès Varda e Paul Valery, que escolheram a região para viver e desenvolver o seu trabalho nas mais diversas áreas, desde o teatro à dança, passando pela música, explicou Tiphaine Collet, Diretora do Gabinete de turismo intercomunitário.

“O SLA pretende dar voz a esta multiculturalidade artística”, salientou.

Sète tem quatro museus e organiza mais de 15 festivais nacionais e internacionais, sendo nesta cidade que artistas portugueses vão ter oportunidade de trabalhar e fazer residências entre os dias 09 e 14 de setembro.

Pedro Barateiro, Inês Barros, Sara Bichão, Pedro Cabrita Reis, Vasco Costa, Manuela Marques, Felipe Oliveira Baptista e Márcio Vilela são os artistas portugueses que estarão a trabalhar com entidades artísticas de Sète naquele período.
De 15 a 19 de outubro será a vez de Lisboa abrir portas aos artistas franceses, acolhendo-os em atividades no Convento dos Capuchos, na Casa do Comum, na Galeria Rui Freire, na Ojo Gallery e na Galeria Salto, revelou uma das fundadoras do SLA, Marie Taillan.

Outros locais do festival em Lisboa vão ser os jardins da Fundação Calouste Gulbenkian e o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT).

No que respeita a residências, está previsto os artistas franceses Damien Fragnon e Agnès Fornells fazerem residências na Junqueira Residency e na Galeria Homa, respetivamente, enquanto Sara Bichão, Inês Barros e Julien Fargetton (que nasceu em Lyon mas vive em Lisboa) farão residências artísticas em Sète.

Segundo as fundadoras deste projeto, a razão de escolha de Lisboa para a edição deste ano do festival deve-se ao facto de esta cidade “ter uma energia criativa semelhante” à de Sète, ao programa de encontros possíveis, e à “generosidade dos habitantes, dos artistas e dos atores culturais”.

Sophie Dulin especificou que este é um festival multidisciplinar, que une artes visuais, performance, música, cinema, artes digitais, artes plásticas, escultura, instalações, entre outras, e que pretende reunir pessoas, conhecer e descobrir novas formas de trabalhar e misturar práticas e culturas artísticas.

Cada edição do Festival de Arte Contemporânea SLA tem um projeto prévio que reúne todos os artistas e que, neste caso, consistiu numa edição limitada de serigrafias, reunidas numa caixa, disse Pauline Boyé, outra das fundadoras da associação que dirige o certame.

“Resulta do diálogo entre os diferentes artistas. É um enorme trabalho que contempla a visão de conjunto de todas as obras e de todos os artistas e que, no fundo, são o coração do festival”, afirmou, adiantando que esta caixa “reúne algumas obras originais”.

Esta edição limitada de 100 caixas, concebida um ano antes do festival, tem como objetivo não apenas começar a estabelecer ligações entre os artistas e o curador do festival, Philippe Saulle, mas também despertar o interesse, comunicar e sobretudo obter o apoio de mecenas, que comprem este conjunto.

“Da venda, resultam os fundos que necessitamos para as residências e para o intercâmbio de artistas”, explicou Pauline Boyé.

Os promotores descrevem o festival como uma aventura artística não convencional, uma aventura humana de amizade, um ponto de encontro gratuito e aberto aos artistas, e uma oferta de arte contemporânea única para todos.

Além das três fundadoras e do curador, o projeto SLA conta ainda com dois cenógrafos, Mr&Mr (Alexis Lauthier e Pierre Talagrand), dois técnicos, Maël Mignot e Gregory Cadet, e 20 voluntários.

LusoJornal