Filme de Miguel Gomes abre festival de cinema de Marseille com filme de Ico Costa na competição oficial_LusoJornal·Cultura·7 Junho, 2024 O filme “Grand Tour”, do realizador português Miguel Gomes, vai ser exibido no dia 25 de junho na abertura oficial do Festival de Cinema de Marseille, que também programa o filme “O Ouro e o Mundo”, do realizador português Ico Costa, na competição oficial. “Grand Tour” chega a Marseille um mês depois de se ter estreado no festival de Cannes, onde Miguel Gomes venceu o Prémio de Melhor Realização, um feito inédito no cinema português. De acordo com a organização, na sessão de abertura do festival estará a atriz Crista Alfaiate. A história de “Grand Tour” segue um romance de início do século XX, com Edward (Gonçalo Waddington), um funcionário público do império britânico que foge da noiva Molly (Crista Alfaiate) no dia em que ela chega para o casamento. “Contemplando o vazio da sua existência, o cobarde Edward interroga-se sobre o que terá acontecido a Molly… Desafiada pelo impulso de Edward e decidida a casar-se com ele, Molly segue o rasto do noivo em fuga através deste ‘Grand Tour’ asiático”, refere a sinopse. Na preparação deste filme, ainda antes da pandemia da Covid-19, Miguel Gomes fez um arquivo de viagem pela Ásia, passando por Myanmar (antiga Birmânia), Vietname, Tailândia ou Japão, para traçar o trajeto das personagens, recolhendo imagens e sons contemporâneos para uma longa-metragem de época de 1918. Só depois desse périplo, Miguel Gomes rodou as cenas com os atores em estúdio em Roma. O argumento é coassinado pelo cineasta com Mariana Ricardo, Telmo Churro e Maureen Fazendeiro. “Grand Tour” é produzido por Filipa Reis (Uma Pedra no Sapato), em coprodução com Itália, França, Alemanha, China e Japão. Selecionado para a competição internacional, “O Ouro e o Mundo” é a segunda longa-metragem de Ico Costa e foi rodado integralmente em Moçambique, onde o realizador tem trabalhado em anos recentes. “O filme acompanha um jovem casal e conta uma história como tantas outras em Moçambique, onde, devido à falta de oportunidades em muitas zonas do país, homens com 20 e poucos anos saem de casa por alguns meses ou vários anos para trabalhar”, refere a produtora em nota de imprensa. “O Ouro e o Mundo” fará a estreia internacional em contexto de festival em Marseille, semanas depois de ter sido premiado como Melhor Longa-Metragem Portuguesa no festival IndieLisboa. Sobre a produção de “O Ouro e o Mundo”, com coprodução francesa, Ico Costa explica que o filme foi adiado várias vezes por causa da pandemia da Covid-19 e as circunstâncias no terreno acabaram por ditar que fosse feito com “uma equipa pequena e equipamento mínimo”. Na programação anunciada pelo festival de Marseille, destaque ainda para uma retrospetiva dedicada ao cinema do realizador brasileiro Adirley Queirós e da realizadora portuguesa Joana Pimenta, e que se estenderá até 08 de julho também na Cinemateca Francesa, em Paris. A retrospetiva contará com filmes coassinados pelos dois autores, como o premiado “Mato Seco em Chamas”, mas também obras individuais, nomeadamente “Rap, o canto da Ceilândia”, de Adirley Queirós, e “Um campo de aviação”, de Joana Pimenta. Na competição internacional está também o filme austríaco “It is at this point that the need to write history arises”, de Constanze Ruhm, com coprodução minoritária portuguesa, e a produção brasileira “Parque de diversões”, de Ricardo Alves Jr. Nas restantes secções competitivas, há ainda duas coproduções minoritárias nacionais: “Habits d’Automne”, curta-metragem francesa de Yohei Yamakado, e “Bienvenidos conquistadores interplanetários y del espacio sideral”, longa-metragem colombiana de Andrés Jurado. A 35ª edição do Festival de Cinema de Marseille decorrerá de 25 a 30 de junho.