Franceses visitam mais os museus portugueses

A maioria dos visitantes do Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa, é estrangeira e tem formação superior, segundo o estudo de públicos da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), realizado por investigadores do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). De notar que no estudo, num conjunto de 14 museus estudados, os estrangeiros que mais visitam os museus portugueses são os franceses (25%).

Os resultados destes indicadores ultrapassam a média nacional e, conjugando todas as variáveis, o ‘retrato robot’ do visitante mais provável aponta para uma mulher espanhola de 38 anos, licenciada em Direito ou Arqueologia, que demora cerca de uma hora a ver o museu. Tem hábitos de leitura, vai ao cinema e a espetáculos musicais – um pouco mais do que ao teatro -, e frequenta bibliotecas.

O Estudo de Públicos do Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa, resulta do inquérito aos visitantes de 14 museus nacionais, que decorreu durante o ano de 2015, em colaboração com o Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL) do ISCTE-IUL.

Os resultados globais desse estudo foram apresentados em 2016, apontando tendências dominantes no conjunto dos 14 museus avaliados, como a juventude dos visitantes e a sua qualificação, o peso de estrangeiros, a importância das entradas gratuitas, na decisão ou calendarização da visita – sobretudo para os portugueses -, e a necessidade de melhoria da comunicação, nas redes sociais.

Desde então, no entanto, tem vindo a ser desenvolvida a análise dos elementos de cada museu, e os dados do Nacional de Arqueologia, em Lisboa, juntam-se agora aos do museu do Azulejo, também na capital portuguesa, conhecidos em maio deste ano, e aos do museu Machado de Castro, em Coimbra, divulgados no passado dia 08.

As tendências registadas no museu de Arqueologia seguem de perto as globais, destacando-se, porém, a qualificação escolar dos seus visitantes, com 75% a apresentar níveis acima do secundário (licenciaturas, mestrados, doutoramentos), um pouco mais do que os 73% gerais. A prevalência é superior nos estrangeiros (80%) em relação aos inquiridos portugueses (66%).

A composição dos públicos aponta para a prevalência de trabalhadores por conta de outrem (49%), acima dos estudantes (19%) e dos reformados (6%), destacando-se arqueólogos e advogados, assim como professores dos vários níveis de ensino, que representam, em conjunto, mais de metade dos inquiridos.

A idade média dos públicos é 38 anos, segundo os dados divulgados, com 70% dos visitantes a situaram-se abaixo dos 45, e só 5,7%, a somar 65 ou mais de vida. O escalão etário com maior peso percentual é o dos 25 aos 34 anos (27%).

Segundo os dados do CIES-IUL, são as mulheres que mais visitam o museu (56,5%), sobretudo nos escalões mais jovens (até aos 34 anos), enquanto nos escalões mais altos estão os homens à frente, representando, porém, pouco mais de 43% do público.

O estudo demonstra igualmente que predominam públicos estrangeiros (62%), sobretudo de nacionalidade espanhola (20%) e brasileira (18%), enquanto no conjunto dos 14 museus estudados há mais franceses (25%). Porém, 4% dos públicos estrangeiros residem habitualmente em Portugal, enquanto 1,3% dos portugueses que visitam o museu, o fazem de passagem pelo país, pois são emigrantes, destaca o relatório.

Os dados recolhidos atestam que 28% dos públicos têm tendência a regressar ao museu, num período inferior a seis meses, particularmente se forem portugueses (60%).

Quanto ao tempo despendido na visita, mais de metade diz que decorreu de forma rápida (44%), durante perto de uma hora. No polo oposto estão as visitas muito demoradas, com duas horas ou mais (5%).

Diz ainda o estudo que “é entre os estrangeiros que se verificam as percentagens mais elevadas de entrada paga, em especial com bilhete normal (53% contra 42% dos portugueses), mas também com desconto (30% face a 24%)”. Entre os inquiridos portugueses, há preferência pela visita ao museu quando o acesso é gratuito (28% contra 15% dos estrangeiros).

O interesse pelo museu de Arqueologia e suas coleções é o principal motivo de visita (87%).

Os resultados apontam para avaliações positivas (muito satisfeito e satisfeito), com a arquitetura do edifício (Mosteiro dos Jerónimos), os funcionários e as exposições (acima dos 90%).

A demora nas bilheteiras – que foram automatizadas há duas semanas – era o principal fator de avaliação negativa.

O Museu Nacional de Arqueologia foi fundado em 1893 pelo arqueólogo e etnólogo José Leite de Vasconcelos, e está instalado no Mosteiro dos Jerónimos desde 1903.

O acervo inclui antiguidades egípcias, escultura romana, vasos gregos, ourivesaria arcaica, coleções de numismática e medalhística, além de uma biblioteca e de um arquivo histórico.

A múmia egípcia da coleção tem mais de 2.000 anos e um cancro na próstata, que a tornou um caso único a nível mundial.

Em 2017, o Museu Nacional de Arqueologia foi o quarto mais visitado, entre os tutelados pela DGPC, com perto de 168 mil visitantes, depois do museu dos Coches (350 mil), do Museu Nacional de Arte Antiga (213 mil) e do Museu Nacional do Azulejo (194 mil), segundo dados oficiais.

A DGPC espera concluir a divulgação dos restantes 11 estudos de museus, até ao final do primeiro semestre de 2019.

 

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LusoJornal