LusoJornal / António Borga

Futsal: Accs de Ricardinho e Bruno Coelho fazem história na Liga dos Campeões

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Paris e a região parisiense estavam debaixo de neve quando o Accs, clube francês de futsal, fez história ao alcançar os oitavos da Liga dos Campeões de futsal. Um feito nunca alcançado por uma equipa francesa.

Na primeira parte as duas equipas tiveram algumas oportunidades mas o marcador apenas funcionou a um minuto do intervalo com um golo do argentino Cristián Borruto para o Pesaro.

A perder por 0-1, o Accs também vai perder o internacional Bruno Coelho, expulso no intervalo, após um desentendimento com o argentino Cristián Borruto também ele expulso.

Na segunda parte os Franceses vão reagir e empurrar os Italianos para perto da baliza. As oportunidades vão acumular-se para o Accs até o golo do capitão da equipa, o Francês Abdessamad Mohammed, a três minutos do fim do tempo regulamentar.

Com um empate a uma bola, as duas equipas seguiram para o prolongamento. O capitão do Accs, Abdessamad Mohammed, marcou um segundo tento e colocou os franceses na frente do marcador antes do italo-brasileiro Marcelinho empatar para o Pesaro.

Feito raro, as duas equipas, empatadas a duas bolas, decidiram a eliminatória na marcação das grandes penalidades.

O Accs, onde atua o internacional português Ricardinho, resolveu o encontro com um resultado de 8-7 nas grandes penalidades.

O Accs segue para os oitavos-de-final onde já estavam o SL Benfica, que derrotou os suíços do Minerva por 5-1, e o Sporting Clube de Portugal, que venceu por 12-1 os dinamarqueses do Gentofte.

 

Ricardinho: “Deixem-nos sonhar, queremos ir o mais longe possível”

 

Quais são as sensações após este triunfo?

Ricardinho: Passámos um pouco por todas na minha opinião. Tivemos grandes momentos, tivemos outros momentos em que os pequenos detalhes, que não é em seis meses ou um ano que se aprendem mas sim com o tempo, algumas falhas foram aproveitadas pelos nossos adversários. Mas eu acho que na segunda parte mostrámos um caráter incrível, principalmente quando estivemos a perder. Tivemos oportunidades durante o jogo. Na primeira parte tivemos dez oportunidades e não marcámos, enquanto eles tiveram quatro ou cinco e marcaram um golo. Na segunda parte continuámos a ter oportunidades, bolas ao poste em momentos cruciais, e o nosso capitão também teve quatro ou cinco oportunidades, ele que é o nosso melhor finalizador, não conseguindo fazer naqueles momentos o golo que precisávamos. Mas ele marcou no momento certo para empate. Depois conseguimos passar para a frente do marcador. O que não era fácil frente a uma equipa com esta qualidade: são todos jogadores de Seleções, quer sejam da Argentina – Campeã do mundo -, do Paraguai ou da Itália. E nós fizemos um jogo incrível, uma raça enorme. Depois fomos à lotaria das grandes penalidades e caiu para nós, mas podia cair para eles. Felizmente caiu para nós e continuamos em frente.

 

Ricardinho parecia emocionado apesar de já ter vencido vários jogos na Champions…

Quem joga um desporto assim, e quem ama este desporto como eu amo, isto não há primeira nem última vez, mesmo se claro vai haver uma última, infelizmente. Mas como eu digo sempre, com o Accs nunca ganhei, queria ganhar, sei que é difícil, mas ainda estamos aqui. Já nos davam por mortos nesta fase e conseguimos passar contra uma grande equipa. E agora vamos apanhar uma equipa certamente ainda melhor! Vamos continuar a trabalhar para estarmos num excelente nível para competir com as outras equipas. Queremos melhorar, queremos ajudar o Accs a ir o mais longe possível. Nunca nenhuma equipa francesa chegou à fase onde estamos agora, e quem está lá, sonha, e nós queremos sonhar.

 

Duvidou em algum momento ou não?

Eu acho que o único momento em que pensei na eliminação foi antes de vir jogar. Comecei a comparar os jogadores, comecei a comparar a experiência e comecei a duvidar, sabendo que íamos passar por muitas dificuldades. Agora pensar que ia perder, nunca entrou num jogo a pensar que vou perder, nunca! Entrou sempre para competir e ganhar. Sabia que ia ser difícil, sabia das dificuldades que íamos ter. Nós, com Portugal, jogámos frente à maioria deles num jogo frente à Itália e vimos as qualidades deles. Também vimos algumas falhas que tentámos aproveitar. Acho que fizemos um jogo completo, não merecíamos ir às grandes penalidades, acho que podíamos ter alcançado algo mais antes. Mas como digo, quem joga acredita que pode ganhar até ao fim.

 

Continua a marcar a história do Accs…

Queremos continuar a marcar a história deste clube, vamos batalhar para chegar o mais longe possível. Deixem-nos sonhar, deixem-nos ir, sabemos que o nosso objectivo principal este ano não é a Liga dos Campeões, porque ainda falta preparar muita coisa, mas nunca se sabe… E queria dedicar este triunfo a Bruno Coelho, porque acho que lhe fizeram uma injustiça durante este jogo [ndr: foi expulso pelo árbitro no intervalo]. Mas acontecem injustiças no desporto também. Vamos continuar em frente e quero que saiba que contamos com ele, sempre.

 

Agora o sorteio para a próxima fase, qual seria o desejo de Ricardinho?

Posso dizer que o desejo do Bruno Coelho é jogar frente ao Benfica (risos). Para mim, pouco importa. Acho que já defrontei quase todas as equipas no mundo. Já ganhei, já perdi. Se poder evitar algumas equipas, diria o Barcelona e o Sporting CP que são equipas fortes. Mas nós não podemos escolher, o que sair no sorteio, vamos aceitar e trabalhar para tentar ganhar.

 

Bruno Coelho: “Claro que seria especial defrontar agora o Benfica”

 

Um jogo complicado com várias emoções durante os 40 minutos?

Bruno Coelho: Estes jogos são assim. São jogos muito equilibrados. É de muitas emoções, de muitas sensações, e felizmente conseguimos alcançar a vitória. Isto independentemente de ser nas grandes penalidades ou não. Acho que precisávamos dessa pontinha de sorte quando chegámos às grandes penalidades porque durante o jogo, acho que fomos a equipa mais equilibrada, que criou mais ocasiões, não desvalorizando o que fez o Pesaro, que é uma excelente equipa com excelentes jogadores. Mas faltou-nos essa pontinha de sorte durante o jogo, não finalizámos da melhor maneira, e quando precisámos dessa pontinha de sorte, tivemos. Fomos até à lotaria das grandes penalidades, e o jogo acabou por cair para nós.

 

É complicado adaptar-se ao nível da Liga dos Campeões quando se é superior na Liga Francesa?

Nós vamos-nos preparando no dia-a-dia para sermos melhores. Nós próprios, nos treinos, fazemos as nossas tarefas e colocamos os nossos objetivos. Temos crescido a passos largos, o caráter da equipa e a mentalidade da equipa têm crescido bastante. Não temos jogos na Liga Francesa como temos na Liga dos Campeões e quando chegamos à Liga dos Campeões, vamos preparados. Sabemos as dificuldades que vamos encontrar. Isso requer trabalho e demonstra a maturidade que esta equipa está a ganhar. Esperemos que continue assim porque ainda temos muito para conquistar.

 

O Accs pode sonhar?

É difícil, é muito difícil, porque há equipas bastante mais fortes do que nós, mas nós estamos cá para trabalhar, estamos cá para dar o nosso máximo. Agora é pensar no próximo jogo, que é para a Liga Francesa, mas na próxima eliminatória da Liga dos Campeões é passo a passo, e sonhar. Sonhar, nunca foi mau sonhar. Cada equipa, cada jogador, que joga na Liga dos Campeões, tem o sonho e a ambição de ganhar nem que seja uma medalha. Mas vamos ir passo a passo. Hoje [ndr: sábado] foi mais um jogo, mas depois temos de recuperar porque quarta-feira temos um jogo para o campeonato francês.

 

O Accs conseguiu um feito histórico, mas sem público…

Infelizmente no mundo atual em que vivemos, não é possível termos portas abertas para os nossos adeptos. De certeza que a festa teria sido bem maior com os nossos adeptos. Infelizmente o mundo não está bem, temos de cuidar de nós e dos outros. Não podemos partilhar com os nossos adeptos mas sabemos que nos estão a apoiar. Os nossos adeptos, as nossas famílias estão a apoiar-nos em casa, o jogo foi transmitido, por isso estamos bem.

 

O que pode desejar para a próxima ronda?

Se nós queremos ser Campeões da Europa, ou ganhar algo, temos de ganhar frente a qualquer equipa. Então o próximo que vier, vamos trabalhar para conseguir mais e melhor, e sonhar com outra passagem para a próxima eliminatória. Mas temos de estar apenas preocupados com o nosso trabalho.

 

Seria especial defrontar o Benfica?

Claro que sim por tudo o que eu passei no Benfica, por todos os anos que estive no Benfica. Seria regressar ou receber a equipa do meu coração, o clube onde me tornei melhor atleta e melhor pessoa. Seria especial, claro que sim.

 

Como se tem sentido em Paris?

Tenho me sentido bem. Tenho-me realizado. Às vezes é difícil, há dias que são mais complicados porque estamos num país diferente, não estamos habituados, não temos a nossa família, não temos os nossos amigos, mas tudo se faz. Com esforço e dedicação tudo se faz, e até agora tem corrido bem. As coisas têm-se desenvolvido bem, temos algumas coisas para melhorar, e isso depende de nós, depende do nosso trabalho, e daquilo que nós queremos fazer.

 

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