Governo quer que os quase 270 mil emigrantes possam investir remessas em Moçambique


O Governo pretende que os quase 270 mil emigrantes moçambicanos espalhados pelo mundo mobilizem para investimento em Moçambique o envio de remessas, que já cresceram seis vezes em sete anos, segundo dados oficiais.

“Mobilizar cerca de 267.126 moçambicanos residentes no estrangeiro a investir no país, através do envio de remessas” é um dos objetivos definidos pelo Governo na proposta de Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) 2026, que começa nos próximos dias a ser discutida no parlamento, além, entre outros, de revitalizar cinco associações de moçambicanos na diáspora.

O envio de remessas dos moçambicanos para o país de origem aumentou quase seis vezes em sete anos, atingindo o equivalente a 473 milhões de euros em 2022, segundo dados oficiais.

“Nos últimos anos, Moçambique tem registado um aumento significativo dos fluxos de remessas. Em 2022, o país recebeu 544,8 milhões de dólares [473 milhões de euros] em remessas, um aumento notável em relação aos 93,4 milhões de dólares [81,2 milhões de euros] registados em 2016”, lê-se no relatório com a Estratégia Nacional de Inclusão Financeira a implementar até 2031.

O documento, do Ministério das Finanças, refere que em termos de remessas, “o mercado nacional está estruturado em torno de múltiplos canais e atores, que desempenham um papel crucial na estratégia de inclusão financeira do país” e recorda que estas “são uma componente vital no cenário dos serviços financeiros em Moçambique”.

“Particularmente devido à contínua exportação de mão-de-obra migrante do país para os países vizinhos, nomeadamente a África do Sul”, aponta o relatório, assumindo que a utilização de remessas “tem vindo a crescer de forma constante”.

Em 2019, 32% dos adultos em Moçambique enviaram ou receberam dinheiro através de remessas, um aumento de 23% em relação a 2014, refere igualmente o documento.

Acrescenta que entre os vários canais disponíveis para transferências de remessas, a moeda eletrónica “domina o mercado”, já que cerca de 80% são enviadas através desses serviços, baseados em telemóveis e que contam com três operadoras em Moçambique.

“Capitalizando a crescente disponibilidade e conveniência dos telemóveis no país”, reconhece ainda o relatório, sublinhando que além da moeda eletrónica, também “os canais informais desempenham um papel significativo, representando 12% das remessas”.

“Estes canais envolvem frequentemente redes de confiança, como grupos comunitários ou agentes de transferência de dinheiro, o que facilita a transferência de fundos entre pessoas. Ademais, 11 % das remessas são trocadas através de transações com familiares e amigos, o que oferece um meio de transferência direto e pessoal”, lê-se no relatório.

Os canais bancários representam apenas 7% do mercado de remessas em Moçambique.