“Immortel” de José Rodrigues dos Santos lançado em França

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José Rodrigues dos Santos (JR dos Santos para os leitores franceses) é o mais prolífico autor português – 21 romances escritos em 16 anos de carreira como romancista: uma média Ronaldesca de 1,3 livros/ano – e acaba de lançar em França “Immortel”, mais uma história protagonizada por Tomás Noronha, caso único de “herói recorrente” na literatura portuguesa, embora muito frequente na literatura anglo-saxónica, uma tradição literária com óbvia influência sobre o autor, pois é rara a entrevista onde ele não cite pelo menos um autor britânico ou norte-americano.

Celebridade televisiva em Portugal transformada em autor bestseller internacional, JR dos Santos alimenta a sua obra de temas polémicos e atuais. E “Immortel” é um desses casos. Enfatizando as questões ligadas à inteligência artificial e à construção da imortalidade humana através da tecnologia, o autor português traz para a ribalta temas tratados por cientistas e “futurologues” iminentes como Michio Kaku no seu interessantíssimo (se bem que, lá está, polémico) “L’Avenir de L’Humanité” ou Yuval Noah Harari, autor de “21 leçons pour le XXIème siècle”.

JR dos Santos bebe do real, da informação do quotidiano, não fosse ele um empedernido jornalista, e a notícia de 2018 sobre o cientista chinês, He Jiankui, que editou o genoma de dois embriões humanos de maneira a torná-los imunes ao vírus do HIV, é a sua fonte de inspiração. Dessa experiência nasceram duas gémeas, o que levantou sérios problemas ao nível da bioética. He Jiankui acabou por ser sentenciado pelos tribunais chineses a três anos de cadeia e foi considerado pelos seus pares como uma espécie de “génio malvado”.

Partindo dessa premissa verídica, JR dos Santos alcança a teoria da conspiração, ligando essa experiência com os estudos para a criação de uma inteligência sobrehumana, entrando-se assim nos domínios do transumanismo e do seu impacto no futuro da humanidade.

Neste romance, depois de anunciar o nascimento de duas crianças geneticamente modificadas, um grande cientista chinês desaparece sem deixar rasto. A imprensa “internacional” – ver “ocidental” – começa a questionar-se sobre o assunto e um agente da DARPA – agência estadunidense ligada à Defesa – viaja para Lisboa e contacta o criptólogo português Tomás Noronha que é um próximo desse cientista chinês. Após longas dissertações – explanadas através de diálogos entre as personagens, repletos de argumentos e contra-argumentos algo binários – sobre as vantagens e desvantagens da inteligência artificial nas nossas vidas, este “thriller científico de antecipação” ganha velocidade e contornos rocambolescos que agradarão aos fãs de JR dos Santos, que não deixarão de ficar impressionados pelo destino reservado à cidade de Lisboa.

Como sempre, JR dos Santos utiliza a ficção como forma de divulgar o conhecimento científico – a nota final é disso relevadora – e deixa o leitor ciente dos perigos em relação à inteligência artificial cujo desenvolvimento parece imparável e imprevisível. E se a inteligência artificial se tornar consciente da sua própria existência? Será que o humano que vai viver para sempre já nasceu? Um romance que alerta e assusta.

 

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LusoJornal