Jardim da Paz de Portugal em Richebourg: de projeto a realidade

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Ainda não sabemos se este ano vão poder realizar-se as cerimónias da Batalha de La Lys, que decorrem habitualmente em abril, no Cemitério Militar Português de Richebourg e junto ao monumento ao Soldado Português de La Couture. Mas esta ano haverá algo mais a celebrar relacionado com aquilo que vai passar de projeto, a realidade: o Jardim da Paz Português.

Jardin de la Paix de Richebourg e não de Le Quesnoy, como inicialmente previsto, o que explica o relativo atraso no início das obras.

O LusoJornal entrevistou Gilbert Fillinger, Diretor da Association Art et Jardins Hauts de France, na iniciativa do projeto, Ricardo Gomes, arquiteto e Samuel Alcobia, paisagista, selecionados para a conceção do Jardin de la Paix du Portugal.

A 22 de junho de 2020, depois de Le Quesnoy desistir na construção do Jardim português, uma reunião foi agendada entre os diversos intervenientes com a municipalidade de Richebourg, nomeadamente o seu novo Maire, Jérôme Demulier. A municipalidade mostrando-se interessada, a 14 de setembro uma visita no terreno por parte do arquiteto e paisagista português é efetuada para se inteirar do local, do que já aí existe e do que vai existir.

O projeto foi apresentado e validado pela municipalidade em janeiro já deste ano.

Construir o Jardin de la Paix português em Richebourg tem toda a sua razão de ser. É ali que está situado o cemitério com 1.831 soldados portugueses falecidos, foi ali e nas aldeias vizinhas que o Corpo Expedicionário Português (CEP) ocupou e defendeu.

Ao todo haverá pelo menos um jardim da paz por cada país que tenha participado na I Guerra Mundial. Gilbert Fillinger dá-nos a saber que, de um projeto regional, os jardins vão estender-se da Bélgica até à fronteira alemã. Duas dezenas de jardins já foram construídos.

O Diretor de Art et Jardins, disse-nos que “quem melhor que os artistas de cada país pode melhor imaginar, construir, os ditos jardins?”

Para imaginar o Jardim da Paz português foram selecionados o arquiteto Ricardo Gomes da KWY e o paisagista Samuel Alcobia da Baldios.

“A nossa proposta para o novo Bois de Richebourg vem como uma resposta ao desejo de Richebourg de plantar mil árvores como parte do programa de 1 milhão de árvores a plantar em Hauts-de-France. Este é um gesto simbólico que nos lembra a necessidade de redefinir uma nova forma de viver: aquela que considera a paisagem em que vivemos, com os seus ecossistemas e biodiversidade, como elemento participativo da nossa forma de estar na terra”.

Na dita proposta, os dois mentores do projeto jogam com os contrastes: “a variação entre espaços abertos e fechados, luz e sombra, quente e frio – em si mesmo um tema do nosso plano mestre – medeia e prepara os visitantes para uma experiência singular… No final do caminho, uma janela circular para o céu ilumina este lugar de reunião: uma grande mesa esculpida rodeia uma depressão circular interna com uma ecologia distinta”.

O Jardin de la Paix português de Richebourg querer-se “também um símbolo de celebração, de partilha e de encontro: pode-se sentar e olhar, olhar para fora, sozinho ou em grupo, em silêncio, conversando em voz baixa ou argumentando ruidosamente pela unidade. A mesa é um espaço onde as pessoas se tornam família e onde as famílias se reúnem em solidariedade”.

Não será a solidariedade um dos termos que definem Portugal e os Portugueses e que ali, no jardim, vamos querer partilhar? Partilhar silêncios, partilhar em família uma sardinha, um frango assado, ouvir e fazer música, dançar… um lugar comunitário.

 

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LusoJornal