caricatura Ricardo Campus
Caricatura de Jean-Marie Le Pen, por Ricardo Campus

Jean-Marie Le Pen diz que a Comunidade portuguesa nunca colocou problemas

O fundador da Frente Nacional Jean-Marie Le Pen disse à Lusa que “a Comunidade portuguesa nunca colocou nenhum problema a França” e que os Portugueses “não têm nada a temer” se a filha, Marine Le Pen, for eleita Presidente de França.

“Os Portugueses são Europeus e, ainda por cima, a Comunidade portuguesa nunca colocou nenhum problema a França, pelo contrário. A Frente Nacional não é contra os Emigrantes, sobretudo quando são Europeus, mas contra a emigração massiva e incontrolada”, disse à Lusa Jean-Marie Le Pen, acrescentando que os Portugueses “não têm nada a temer”.

Jean-Marie Le Pen, que foi afastado da Frente Nacional (FN) pela filha, mas continua a ser o Presidente honorário do Partido, afirmou que os imigrantes Portugueses “são pessoas que, na maioria, têm sentimentos patrióticos” pela França. “Quero transmitir-lhes toda a minha amizade, toda a minha confiança, porque têm valores de vida que são exatamente os mesmos que os nossos, por isso, temos as mesmas ideias”, considerou o também Eurodeputado, cujo primeiro assento no Parlamento europeu foi conquistado em 1984.

Aos 88 anos, Jean-Marie Le Pen afirmou, ainda, ser “um amigo de Portugal” e disse ter “uma grande estima e uma grande simpatia pelo povo português”, considerando “que os Portugueses o sabem”.

Questionado sobre as consequências para Portugal em caso de se concretizar o “Frexit”, ou seja, uma saída da França da União Europeia, o pai da candidata da Extrema-direita às presidenciais defendeu que “a Europa é como um espartilho para os países europeus”.

“Cada um deve recuperar as suas responsabilidades nacionais e o seu dinamismo nacional. Não há absolutamente nenhum interesse em pertencer a esta formação que é onerosa e relativamente autoritária”, argumentou.

Jean-Marie Le Pen disse não ter estranhado que o novo cartaz de campanha da filha só tenha o nome “Marine” e não o apelido Le Pen, ainda que continue de relações cortadas com a sucessora que o expulsou do FN em 2015 devido às suas declarações antissemitas e revisionistas sobre o Holocausto. “Não me choca, eu fiz a mesma coisa, ‘Jean-Marie Presidente’. Não é um problema. Não penso que marque, da parte dela, um distanciamento do apelido da família, tanto mais que mesmo que se ela se quisesse separar dele, a opinião pública não deixaria”, lançou o político, com uma sonora gargalhada pelo telefone.

O pai de Marine Le Pen foi candidato à Presidência em 2002 e também passou à segunda volta, na qual perdeu contra Jacques Chirac, da direita, por 82,2% contra 17,7%. Agora, a filha quer vencer a batalha que o pai perdeu, depois de anos a distanciar-se do discurso mais radical de Jean-Marie Le Pen, condenado várias vezes pelas suas declarações antissemitas e racistas.

“É impossível prever os resultados, mas bato-me para que ela consiga”, afirmou, confirmando que “provavelmente” ainda está “chateado” com a filha, mas pronto para comemorar a eventual vitória junto dela “se for convidado”.

A segunda volta é a 07 de maio.

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LusoJornal