Jean-Pierre Pinheiro: “O mercado francês vai ser um dos primeiros a ser lançado e a retomar o caminho de Portugal”

Numa entrevista ao LusoJornal, o Diretor do Turismo de Portugal em Paris, junto da Embaixada de Portugal, Jean-Pierre Pinheiro, disse que os Portugueses vão poder ir de férias a Portugal este verão e que são uma peça importante na retoma do setor de turismo. A contribuição dos emigrantes e dos lusodescendentes para a retoma económica deste setor é importante, mas os Franceses também mostram sinais positivos de quererem voltar de férias a Portugal.

 

Vamos ou não vamos poder ir de férias este verão a Portugal?

É uma pergunta interessante. Claro que a minha resposta é sim. No entanto há várias questões que ainda estão para ser vistas, a vários níveis: uma delas é saber o que as autoridades francesas vão permitir fazer este verão, em julho e agosto. Se ouviu as declarações do Primeiro Ministro francês Edouard Philippe, há menos de uma semana, de facto não ficou muito claro. No entanto, toda a gente sabe que hoje há discussões entre os diferentes países da União Europeia para que, a priori, em meados de junho, se abram as fronteiras e os Franceses possam também viajar para fora de França, mas nada foi dito claramente. O Primeiro Ministro francês só deixou entender que a 15 de junho vai ser feito um ponto da situação e muito provavelmente vai ser anunciado que as fronteiras francesas vão ser abertas em junho. As fronteiras portuguesas nunca estiveram fechadas, é bom dizer isso. Os espanhóis é que fecharam as fronteiras, não deixam passar os Franceses ou os outros estrangeiros que queiram entrar em Espanha.

 

Mas se as companhias aéreas já estão a vender bilhetes é porque já sabem que vão voar, não é?

Sim. Nós podemos afirmar que a 90% vão poder voar. Ninguém pode afirmar a 100%, até porque a situação do Covid-19 pode piorar e daqui a 15 dias o Primeiro Ministro francês até pode anunciar, por exemplo, que só vai abrir as fronteiras em final de junho. Mas sabemos que há conversas a nível dos Ministérios e entre os países da União Europeia e que a data de 15 de junho será a data de abertura das fronteiras. Hoje já podem reservar os bilhetes de avião, porque já estão à venda. Muitas companhias já estão a vender, antecipando essa tal data da abertura das fronteiras – a TAP, a Air France, a Transavia, as low-cost como a Rayanair e a easyJet. Todas começam a vender os bilhetes de avião. O que eu posso aconselhar é que comecem a reservar já porque vai haver menos voos do que os habituais e provavelmente vão encher mais rapidamente. É uma questão de antecipar. Por isso, a resposta à sua primeira pergunta é sim, acredito que vai poder viajar para Portugal este verão.

 

Ajude-me a perceber como é que os Franceses descobriram, de repente, Portugal e como é que aparece essa grande vaga de Franceses a visitar Portugal.

Mas antes de responder à sua pergunta, vou aproveitar para dizer que, do que hoje já sabemos sobre esta retoma progressiva do turismo para Portugal, já este verão, a boa notícia é que as agências de viagens já têm pedidos em crescimento para Portugal e Portugal já está em número 1 dos pedidos dos Franceses. Só esta semana, um dos destinos mais procurados foi Portugal. Também é devido, provavelmente, à Comunidade portuguesa, à Diáspora portuguesa. No entanto, o que se sabe hoje é que a nível dos hotéis, reservas de hotéis, a Comunidade francesa já está com reservas em junho e julho. O mercado francês vai ser um dos primeiros a ser lançado e a retomar o caminho de Portugal. Agora para responder concretamente à sua pergunta, os Franceses não descobriram de um dia para o outro Portugal. Houve uma progressão, foi crescendo, crescendo, mas houve um momento que marcou a história do turismo em Portugal: foi o desenvolvimento das companhias low-cost e do turismo online. Antes dessa situação, Portugal dependia muito do que as agências de viagens vendiam e eram poucos os operadores que apostavam em Portugal, estou a falar dos anos 90 e início dos anos 2000. Acreditavam mais em destinos como a Tunísia, Marrocos, Itália, Grécia, por razões diversas e até históricas. Os primeiros clubes abriram nesses destinos. Portugal tinha um pouco de atraso nessa oferta dos hotéis-clubes como o Club Med, por exemplo. Agora, o que se passou é que com o desenvolvimento das companhias de baixo custo, como a Rayanair e a easyJet, começou a haver uma grande oferta e acessível num click. As pessoas começaram a ter acesso a essa oferta. Antigamente tinham de ir para uma agência de viagens. E eram poucos os operadores que apostavam em Portugal. A partir do momento em que a oferta toda começou a estar disponível online, foi aí que disparou o turismo em Portugal. O Turismo de Portugal e as Regiões de Turismo decidiram apostar de maneira forte nas ligações aéreas, há 10 anos. Foi uma grande aposta e, de um dia para o outro, tivemos dezenas e dezenas de novas rotas. Antes de pandemia tínhamos 22 aeroportos franceses com voos para Portugal. Era cerca de 600 voos por semana para Portugal. Isto foi uma aposta, não foi de um dia para o outro, houve um grande investimento que acabou por resultar porque, como é óbvio, quanto mais oferta há, mais facilmente se acede ao destino e mais facilmente se vende o destino Portugal. Foram várias decisões coletivas, que, combinadas, fizeram com que Portugal crescesse muito. Outro aspeto importante é que, com a internet e com as redes sociais, como Portugal é um destino que agrada muito – raras são as pessoas que ficam desiludidas ou que não gostam do destino – quando regressam ao país, primeiro contavam aos colegas de trabalho ou em família, diziam que descobriram Lisboa ou Porto, agora as pessoas regressam e divulgam logo online de maneira exponencial. Uma pessoa que viaja para Portugal e que gosta, são depois centenas de milhares de pessoas que ficam a saber. Isso é muito importante. Naturalmente que o destino está a crescer e temos tudo o que agrada aos Franceses.

 

Em França vive uma grande Comunidade portuguesa. É possível medir o impacto da promoção dos Portugueses no turismo para Portugal?

É difícil. Sabemos que é muito. Aliás, ultimamente, com a pandemia de Covid-19 houve vários artigos da imprensa portuguesa a dizer que, se os emigrantes não fossem a Portugal no verão, a perda estimada seria de 900 milhões de euros. Temos claramente aqui um volume muito importante. Também sabemos que quando se fala na Comunidade portuguesa, fala-se também nos lusodescendentes, nos casais mistos… isso tudo trouxe, como é óbvio, uma clientela muito alargada. É difícil medir porque não há estatísticas dedicadas especificamente ao mercado dos lusodescendentes, mas é óbvio que contribuiu muito para fazer crescer o destino. Mais ainda, muitas das rotas que abriram para Portugal, como por exemplo a Transavia, a easyJet, a Ryanair, um dos aspetos fundamentais na tomada de decisão foi saber que havia uma forte Comunidade portuguesa que podia, no mínimo, garantir o sucesso da rota. Antes mesmo de analisar qual seria o potencial da rota para o turismo, já sabiam de antemão que por haver muitos Portugueses aqui, ia garantir o mínimo de rentabilidade.

 

São companhias low-cost que levam a Portugal um mercado particular. Qual é exatamente o perfil dos Franceses que visitam Portugal?

Há mais ou menos 3,2 milhões de Franceses – ou pessoas que moram em França – a visitar Portugal todos os anos. Portugal é o quarto destino preferido dos Franceses e atualmente estamos a falar de todos os segmentos, não apenas no das estadias curtas, não apenas no dos fins de semana, nem apenas no das famílias ou dos seniores, que vão muito para a Madeira ou para o Algarve,… é um pouco isso tudo. A verdade é que somos um destino que atrai todos os segmentos em França, dos mais jovens que vão passar um fim de semana ao Porto ou Lisboa, e aos casais que vão passar alguns dias, um fim de semana prolongado, por exemplo, até às famílias que vão para os hotéis-clubes, para o mercado do sol e praia. Quando se vê o sucesso de Portugal no mercado francês é todo ano, ou seja, não é só no verão, não é só na época das férias escolares, é todo o ano, também é a clientela de turismo de negócio, de golfistas, de pessoas que vão passar um fim de semana a qualquer momento no ano e que vão com a Booking, com reservas numa low-cost, que vão passar uns dias em Lisboa ou no Porto. Há outro aspeto que é diferente dos outros mercados – por exemplo do mercado alemão ou inglês – que é o facto do Francês não ficar só num sítio, fechado num hotel, num clube. O Francês viaja e gosta de descobrir as diferentes regiões de Portugal, daí que nós temos um sucesso como é óbvio em Lisboa e no Porto, mas não só, por exemplo na região Centro de Portugal, a região do Alentejo tem grande sucesso no mercado francês, a Madeira, os Açores, o Algarve, não só as praias mas também o Algarve interior, mais cultural, de descobertas, de passeios a pé, de bicicleta. É mesmo um turismo diversificado e é isso que faz com que chegamos a ter este sucesso no mercado francês em relação ao destino Portugal.

 

Há quem diga que em Lisboa e no Algarve há turistas a mais. Acha mesmo que há turistas a mais em Portugal?

Este é um aspeto que foi evocado em várias ocasiões. Alguns destinos como Lisboa e um pouco menos o Porto, são destinos que em algumas ocasiões na época alta acabam por ter alguma pressão turística, muitas pessoas ao mesmo tempo, sobretudo na época em alta de julho e agosto. No entanto, temos a sorte que o nosso turismo é um turismo muito espalhado durante todo o ano e não só na época alta, no entanto é óbvio que se tem feito, na nossa estratégia de promoção – nós, o Turismo de Portugal, mas também as regiões de turismo e o setor privado, a indústria do turismo – temos trabalhado para alargar ao máximo essa época alta, fazer com que os Franceses viagem todo o ano e isso implica promover outros destinos nacionais e outro tipo de segmento. Como é óbvio, o sol e mar é basicamente o Algarve, um pouco a costa de Lisboa, mas temos a gastronomia, as rotas culturais, as aldeias históricas, isso é em diversos sítios do país é para esses sítios que nós queremos levar os nossos turistas para um outro Portugal, para o Portugal do interior, para o norte, para região do Douro, do Minho… há uma grande oferta e um grande potencial em Portugal e tem sido uma preocupação nossa trazer os turistas franceses para os outros destinos de Portugal, não só Lisboa ou Algarve.

 

De que forma é que está a organizar esta retoma? Como é que o destino Portugal vai retomar? Com que argumentos?

Isso foi feito a vários níveis. Na realidade, logo desde no início do confinamento, nós não temos parado. Houve uma altura em que foi necessário parar a promoção do destino, dizer às pessoas para não irem passar férias a Portugal, fiquem em casa, aguardem, fiquem a pensar, a sonhar com Portugal, não é o momento de viajar. Para o bem de todos, foi essa a nossa campanha. Depois veio a segunda fase, mais recente, que foi a de descobrir Portugal à volta dos escritores, dos poetas, da literatura portuguesa que é a campanha “Read Portugal”, “Ler Portugal”, em referência ao “Visite Portugal”. Aqui, aconselhamos a ler algo sobre Portugal, viajar através dos nossos poetas e dos nossos escritores, com a literatura portuguesa. E em paralelo fomos preparando o terreno para o que vai acontecer daqui a poucos dias – nós esperamos que aconteça – que é a retoma da atividade, a abertura das fronteiras. Aí vamos relançar a promoção e nós estamos em contato com as companhias aéreas e com os operadores para tentar perceber a capacidade que eles têm de retomar a atividade. Nós queremos, mas eles também têm de querer. Como sabem, houve uma crise financeira importante no setor privado. Hoje os operadores turísticos são empresas pequenas ou médias, que não têm capacidade das grandes companhias aéreas, e o risco era de ver operadores e agências de viagem fecharem as portas e não reabrirem por não terem capacidade financeira nem tesouraria para relançarem a operação. A nossa preocupação foi saber qual era o estado do mercado e quem é que estava em condições de retomar, de relançar a operação. Mas também, como é óbvio, tínhamos a responsabilidade de tranquilizar e preparar o terreno. Estamos no momento em que os operadores vão poder relançar e nós vamos dizer que estamos prontos. Isso significa que temos os hotéis em condições para receber os clientes e os restaurantes bares estão abertos, que temos os museus abertos, que as praias estão em condições de receber a clientela de turistas. Isso foi um trabalho feito nas últimas semanas. Fomos o primeiro país a lançar o ‘selo’ “Clean & Safe” para dizer que o destino é seguro, foi limpo, que tem todas as condições sanitárias definidas pela Direção Geral da Saúde, que o pessoal do hotel, do restaurante, está equipado para proteger os seus empregados, mas também os clientes que o visitam. Isso foi um trabalho de fundo, feito pelo Turismo de Portugal. Fomos o primeiro país concretamente a lançar o ‘selo’ e na data de hoje já temos mais de 7.500 entidades – hotéis, restaurantes, cafés, empresas de animação turística, museus, etc – que estão equipados com esse selo, o que significa que estão em condições para cumprir as regras, um caderno de encargos muito específico, para garantir a segurança sanitária e a saúde das pessoas que os visitam.

 

Esse selo tem-se mostrado importante?

Isso interessa todos os mercados e também o mercado francês, claro. Todos os estudos feitos sobre a ‘retoma’ em geral, mostram que os Franceses consideram que a segurança é prioritária. Antes do Covid-19, as primeiras preocupações eram por exemplo a qualidade do hotel, o conforto, hoje nenhum estudo do mercado não diz que a segurança está em primeiro lugar nas prioridades.

 

O facto de ter havido notícias em França a dizer que a resposta portuguesa à pandemia de Covid-19 foi uma resposta rápida e houve menos casos em Portugal do que em França, mobiliza as pessoas a escolherem Portugal?

Sim, muito provavelmente. Porque aliás, viu-se na comunicação social francesa, nos Telejornais de vários canais, houve várias reportagens sobre a boa gestão de Portugal no combate ao Covid-19. O facto de haver muito menos casos em Portugal, em comparação com outros países da União Europeia e também uma boa gestão no sentido de estar pronto e poder anunciar a retoma da atividade. Fomos dos primeiros a reabrir os restaurantes, os cafés, fomos os primeiros a ter essa garantia sanitária com o ‘selo’ “Clean & Safe”. Na imprensa falaram muito nisso e isso só pode ajudar a promover o destino. Como é óbvio, nós próprios temos o cuidado de não utilizar esses argumentos em relação ao Covid-19 porque é delicado. Na altura dos atentados, também nunca utilizámos o argumento da segurança em relação a outros destinos que tiveram problemas de atentados. Nunca utilizamos esses argumentos, mas é natural que as pessoas, por elas próprias, tenham essa preocupação. Hoje em dia, se há um país na Europa, mais seguro em relação ao Covid-19, é Portugal. O destino mais tranquilo é Portugal e então ainda mais em regiões como o Alentejo ou o Centro de Portugal. Ainda no outro dia organizámos uma operação com os jornalistas franceses de turismo e os operadores franceses, foi uma espécie de “aperitivo virtual” para celebrar a reabertura dos restaurantes, dos hotéis e uma das coisas que foi dita, foi o facto de sermos um destino onde as pessoas vão estar tranquilas, não vão estar uns em cima dos outros, com a pressão turística como por exemplo a Côte d’Azur e outros sítios em França. Nós sabemos que em Portugal somos um país de pequena dimensão, mas que tem muito território para descobrir e com pouca pressão turística.

 

Explique melhor o que é o programa em torno da literatura portuguesa?

Nós queremos que seja um programa dedicado ao público mais largo, por exemplo a livraria Lello no Porto, que tem essa ligação com o Harry Potter, é algo que atinge um grande público, o guia de Lisboa do Fernando Pessoa é algo que é de fácil acesso para aqueles que gostam de ler. É isso que nós queremos fazer, vai haver uma série de circuitos temáticos à volta da literatura portuguesa, pode ser um café, um sítio que um autor gostava muito, que tenha uma ligação com um poeta português… É uma campanha que está a começar, ainda só estamos na fase inicial de divulgação da ideia, mas muito em breve vamos ter um site internet que vai apresentar as diferentes temáticas e os diferentes cenários muito concretos que os turistas vão poder descobrir.

 

Já consegue ter alguma estimativa sobre o número de Franceses que vão visitar Portugal este verão?

Ainda é difícil por enquanto. O que nós sabemos são os dados que temos das companhias aéreas e das agências de reserva, como Booking, das agências online como Go Voyages, Lastminute… esses dados são positivos. Portugal foi dos primeiros destinos a serem lançados e de imediato houve pessoas que estão a tentar reservar para meados de junho, julho e agosto. O que não sabemos é como as pessoas vão reagir. Em termos de volumes, muito provavelmente vai haver uma primeira fase que será mais as reservas da Comunidade portuguesa, dos Portugueses residentes em França, dos lusodescendentes. Serão os primeiros a retomar o caminho de Portugal para passar férias neste verão. Também acreditamos que os casais que vão à descoberta de um país, durante 3 ou 4 dias, com estadias curtas, também será um segmento que vai retomar relativamente rapidamente. Infelizmente sabemos que para as famílias – que é o grosso do segmento do turismo de verão – vai ser mais complicado conseguir convencê-las de saírem de França. Até porque em França há uma grande campanha para convencer os Franceses a passarem férias no país. Também é natural que as pessoas, depois de meses de confinamento e de pressão, vão querer visitar as famílias que não viram há meses, e porque não podiam viajar a mais de 100 km à volta de casa. Portanto é muito provável que nos primeiros tempos, todos os indicadores que temos visto em diversos suportes e em diversos inquéritos efetuados, haja essa preocupação de ir ver a família, por exemplo no sul da França, na Bretagne, em qualquer sítio… E também muita gente evoca a montanha. A montanha francesa vai ser muito procurada, mais do que as praias. Há uma grande oferta em França em turismo de montanha, dos Alpes aos Pirenéus, por isso acreditamos que vamos ter dificuldades em ter os volumes que tínhamos, de famílias para o turismo de lazer, este verão. No entanto, a partir de setembro e outubro, acreditamos que vai começar uma retoma de um outro segmento de lazer, não forçosamente famílias e pessoas que não estão ligadas às férias escolares. Penso que em setembro e outubro vamos ter ofertas mais interessantes, esperamos daqui até lá que haja mais tranquilidade com a situação da pandemia de Covid-19 e esperamos que este verão venha acalmar um pouco tudo, que vamos ter uma situação mais controlada. A partir daí, eu penso que vamos ter volumes mais interessantes noutros segmentos, como por exemplo o segmento do viajante de negócios – acreditamos que este segmento vai regressar porque agora as empresas vão precisar de ir ver os fornecedores, de ir fazer essas visitas aos parceiros, que não puderam fazer nos últimos meses. As ferramentas virtuais são muito interessantes, mas, como é óbvio, nunca podem completamente substituir as viagens. Quanto aos grupos de seniores, será mais complicado. Muitos fatores indicam que será provavelmente mais para o final do ano que vamos retomar os grupos de seniores e os grupos escolares – porque agora as escolas estão fechadas e as viagens escolares deste ano foram todas canceladas. Perdemos um segmento interessante.

 

Há um número que circula e que diz que 19% do PIB de Portugal depende do turismo… é bastante…

Na verdade, o setor do turismo pesa cerca de 8,7% do PIB de Portugal, 19% é a parte do turismo na exportação. De qualquer das formas é importante. Entretanto, este setor é também muito importante em termos de emprego, tanto diretamente como indiretamente. Daí ser importante a rapidez da retoma económica e nós esperamos que seja o mais rápido possível e tudo estamos a fazer para que assim seja. Por isso é que acreditamos muito que os Portugueses poderão ser também os primeiros a ajudar a economia do turismo. Contamos muito com o turismo dos Portugueses da diáspora em Portugal e também, como é óbvio, dos lusodescendentes. Nós temos essa sorte em relação a outros países, temos uma Comunidade portuguesa forte no estrangeiro que poderá regressar a Portugal em prioridade e ir aos restaurantes, aos cafés, aos hotéis… Poucos países têm essa sorte. A França, por exemplo, só depende dos turistas estrangeiros, por isso é mais difícil para eles.

 

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LusoJornal