Home Comunidade José Cesário quer fazer alterações ao concurso de apoio ao movimento associativo no estrangeiroCarlos Pereira·20 Maio, 2024Comunidade O Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas esteve este sábado à tarde no Consulado Geral de Portugal em Paris para assinar protocolos com as associações que vão receber subsídios da Direção Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas (DGACCP) e prometeu fazer alterações ao concurso. “Para já, há necessidade de simplificar o concurso. Há ali alguns documentos burocráticos que poderão eventualmente vir a ser dispensados e espero também que poderemos vir a ter mais do que um momento ao longo do ano – pelo menos dois – em que se possam apresentar as respetivas candidaturas” disse o Secretário de Estado ao LusoJornal. “Vamos também prever a possibilidade de candidaturas à escala global e que envolvam várias áreas consulares, que é uma matéria que hoje é um bocadinho duvidosa. Também vamos, evidentemente, tentar rever as matérias atualmente excluídas de apoio ou que não consideradas para apoio, tentar aí também fazer algumas alterações de maneira a poderem ser abrangidas mais associações e mais atividades”. Mas José Cesário também quer limitar o número de projetos apresentados por cada associação. “É uma questão de equilíbrio” explica ao LusoJornal. “Vamos impor um limite de 3 projetos apoiados por cada associação, porque queremos apoiar mais associações”. Regresso dos encontros de dirigentes associativos José Cesário também quer voltar a organizar encontros de quadros associativos, como já organizou pelo passado. “Espero que, a partir do outono – já está neste momento acertado com a Direção Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas – possamos voltar a fazer alguns encontros, para já virados para o associativismo, encontros de quadros mais jovens e menos jovens, quadros que tenham atividade associativa regular. É muito importante que as nossas associações trabalhem em rede, que os ativistas associativos de vários países se conheçam pessoalmente, não apenas através dos seminários on-line aos quais nos habituámos durante a Covid, e por isso vamos voltar a fazer alguns desses encontros, em vários pontos do país, em Portugal, e eventualmente também fora de Portugal, que é uma questão que avaliaremos, sobretudo por continente, tendo em consideração algumas especificidades locais”. Interrogado sobre declarações do seu antecessor, Paulo Cafôfo, que dizia numa entrevista ao LusoJornal que o Estado devia apoiar mais o movimento federativo, José Cesário diz não estar contra. “Não sou contra, tudo depende evidentemente das dinâmicas locais. Há uma coisa que o Estado não pode fazer, que é determinar aquilo que as associações e a sociedade civil podem fazer ou devem fazer” disse. “Se me pergunta, por exemplo, se eu sou favorável à aproximação, à articulação entre associações, sobretudo onde há mais, de maneira a evitar o seu desaparecimento, de maneira a evitar a perda de património, sou claramente a favor, mas eu não posso impor isso às associações, como também não posso impor às associações que se juntem nas tais federações que existem num ou noutro local, é verdade, mas que efetivamente não são regra geral e algumas até já tiveram dinâmicas assinaláveis no passado e desapareceram. Portanto nós estaremos disponíveis para apoiar esse tipo de atividades, mas evidentemente depende dos próprios membros das diversas associações”. Protocolos foram assinados diretamente pelo Secretário de Estado José Cesário esteve reunido com associações no Consulado de Portugal e assinou os Protocolos de atribuição de subsídios com cada uma delas. “É importante que haja transparência nestes atos. É importante que todos saibam a quem damos o dinheiro e quanto dinheiro damos, porque é dinheiro dos contribuintes e, portanto, é fundamental que se perceba as atividades que são incentivadas, que são apoiadas, os valores que estão em causa, para depois todos poderem verificar se houve os resultados pretendidos” disse ao LusoJornal, único órgão de comunicação social a cobrir este evento. “O apoio do Governo português é muito importante, é um pilar nas nossas atividades” disse Cipriano Rodrigues, o Presidente da Associação portuguesa cultural e social de Pontault-Combault, a associação portuguesa que recebe o maior apoio financeiro português do estrangeiro. “Sem estas ajudas nós não poderíamos fazer o que fazemos. Isto é muito importante para a Comunidade e para nós em Pontault-Combault”. Cipriano Rodrigues considera que foi importante que José Cesário tivesse vindo pessoalmente assinar os Protocolos com as associações. “É importante porque é uma primeira vez. A DGACCP atribuiu-nos os subsídios e o senhor Secretário de Estado das Comunidades está aqui hoje para nos receber e para assinar o Protocolo connosco, acho que é muito importante e dá-nos ainda mais responsabilidade”. Misericórdia de Paris teve maior apoio de sempre Se, este ano, os apoios ao movimento associativo ultrapassaram a barreira simbólica do milhão de euros, também a Santa Casa da Misericórdia de Paris teve o maior subsídio de sempre, com 40.000 euros. “Este ano estou extremamente contente porque tivemos mais verbas do que aquelas que temos tido e, portanto, vamos poder ajudar mais pessoas” disse a Provedora Ilda Nunes ao LusoJornal. “Também pela primeira vez o Secretário de Estado veio cá, estamos aqui para fazer a assinatura dos documentos e eu acho muito bem, acho que é uma aproximação da Secretaria de Estado com a Comunidade portuguesa, através dos Presidentes das associações, mas suponho que mais tarde vamos ter oportunidade de nos dirigir diretamente a ele para explicarmos aquilo que nós fazemos e as necessidades que nós temos”. Sónia de Sá, a Presidente da Banda Filarmónica Portuguesa de Paris, também se deslocou para assinar o Protocolo correspondente ao subsídio que a instituição vai ter este ano. “Nós temos muitas despesas com instrumentos e temos poucas saídas. O subsídio do ano passado permitiu-nos de fazer fardamentos novos e este ano vai permitir de fazer a festa de Santa Cecília para comemorar o aniversário da banda que já há bastante tempo não se faz por falta de dinheiro”. Com cerca de 25 elementos, a Presidente da Banda Filarmónica queixa-se de ter muito poucas saídas por ano. “A Filarmónica Portuguesa de Paris não é assim tão reconhecida pelo povo português aqui” lamenta. Cap Magellan pediu audiência à parte Julie Carvalho, Vice-Presidente da Cap Magellan, uma das três associações mais apoiadas em França, confirma a importância destes subsídios para o desenvolvimento das atividades. “Nós precisamos deste apoio financeiro para poder levar a cabo todas as ações. Fazemos vários pedidos e temos tido sempre vários projetos selecionados” confirmou ao LusoJornal, evocando, por exemplo, a Campanha de Segurança Rodoviária e a edição das revistas Cap Mag e Cap Mag Júnior. “Acho que faz todo o sentido termos esta cerimónia onde podemos ver todas estas associações portuguesas, ouvir falar dos projetos dos outros, porque nós estamos numa Comunidade, temos de trabalhar juntos” disse Julie Carvalho entrevistada pelo LusoJornal. “Também acho bem termos estes contactos com o Secretário de Estado. É esse contacto com os poderes políticos que sempre fazem bem, porque mostram que nós temos importância também no que fazemos e na Comunidade portuguesa”. Durante a tarde os dirigentes da Cap Magellan foram recebidos em audiência pelo Secretário de Estado das Comunidades, na Embaixada de Portugal, e “ficou decidido que vamos ter uma reunião mais alargada de trabalho, o que vai ser feito mais tarde” confirmou a Vice-Presidente da coletividade, sem conhecer ainda a data e a modalidade da reunião solicitada.