“La Dame au kimono blanc” fecha trilogia sobre o Japão feudal

Direcionada para a Literatura lusófona, a editora francesa “Le Poisson Volant” acaba de lançar o último volume da série “Nagasaki” da autoria do escritor português João Paulo Oliveira e Costa. Desta feita com a novidade de o livro ter sido lançado em simultâneo em Portugal – “A Dama do quimono branco” (Temas & Debates) – e em França, tal como havia prometido ao LusoJornal a editora Laure Collet em janeiro deste ano.

Professor catedrático de História e um dos grandes especialistas portugueses do Japão feudal, Oliveira e Costa consegue com esta trilogia, como seria de esperar, o casamento perfeito entre a exatidão histórica e a melhor das ficções. “La Dame au kimono blanc” conduz o leitor pelas veredas de uma civilização quinhentista totalmente estrangeira aos nossos olhos europeus e contemporâneos. A caracterização da sociedade japonesa da época ao longo de toda a trilogia é extraordinariamente cativante e ainda mais se torna graças ao choque de culturas, modos de vida e religião que se dá nesses tempos áureos da expansão portuguesa pelo mundo. Esse choque proporcionado pela chegada dos pioneiros portugueses a um dos países mais fechados da Ásia causará um abalo civilizacional, que ora termina em drama ora em algo positivo e duradouro. Ainda hoje, neste último caso, visível em áreas tão improváveis como a gastronomia. Não esqueçamos que, por exemplo, a tempura uma das maiores iguarias culinárias japonesas, teve origem nos “peixinhos da horta” portugueses. A própria palavra tempura nasce da palavra latina tempora, um termo usado pelos Portugueses de quinhentos para se referirem à Quaresma, esse tempo religioso em que a carne era proibida, sendo substituída então pelos tais peixinhos vegetais.

Ora, é então esse encontro, nem sempre pacífico, de culturas tão distintas, a portuguesa, imperialista e mercantil, e a japonesa, fechada e autárcica, que serve de cenário a este último romance de João Paulo Oliveira e Costa.

Os Portugueses instalaram-se no Japão, onde comerciaram e propagaram a fé cristã. Todavia, os primeiros cristãos japoneses, perseguidos pelo shogun, não tiveram outra alternativa a não ser esconderem-se (os célebres kakure kirishitan ou cristãos incógnitos) ou fugirem. Por isso, Carlos e Giovanna partem para o Brasil dos primórdios coloniais enquanto Pedro e Ana resistem em Nagasaki. Já Giuseppe abandona Roma e encontra o seu caminho no Japão, ajudando os perseguidos. Assim, levando o leitor a viajar por três continentes, do Brasil a Lisboa, de Roma a Macau, Oliveira e Costa mergulha-nos na resistência levada a cabo pelos cristãos japoneses na luta pela preservação da sua religião. Uma grande trilogia a ler nas férias, seja no original, seja em francês, na bela tradução de Laure Collet.

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LusoJornal