Home Cultura “L’attrapeur d’oiseaux” de Pedro Cesarino, um mergulho na AmazóniaNuno Gomes Garcia·20 Abril, 2022Cultura [pro_ad_display_adzone id=”37509″] “L’attrapeur d’oiseaux” é o primeiro livro do antropólogo Pedro Cesarino (São Paulo, 1977) publicado em França. Uma narrativa que conta a história de um (outro) antropólogo que explora a Amazónia para estudar os mitos de um povo indígena e a misteriosa história do “apanhador de pássaros”. Uma publicação de Payot&Rivages com tradução de Hélène Melo. Publicado no Brasil, em 2016, com o título “Rio acima”, esta primeira obra de ficção de Pedro Cesarino, um antropólogo consagrado – pesquisador e professor de antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e vencedor do Prémio Jabuti de Ciências Humanas – sucede-se a obras cientificas como “Histórias Indígenas dos Tempos Antigos” ou “Quando a terra deixou de falar, contos da mitologia Marubo”, livros que abordam temas de etnologia indígena, tais como o xamanismo, a cosmologia e a arte dos povos amazónicos. Narrado na primeira pessoa, “L’attrapeur d’oiseaux” acompanha então a aventura de um antropólogo quarentão – o seu nome nunca é revelado – que, nos primeiros anos deste século, decide abandonar a cidade grande, o seu cargo de professor e um casamento falhado e sem filhos que resultou em divórcio para penetrar nas profundezas amazónicas e terminar a sua tradução para português da recolha dos mitos do povo indígena que ele estuda há anos e cuja a língua domina perfeitamente. De todos estes mitos existe um pelo qual era cria uma espécie de fixação: a lenda sobre o apanhador de pássaros. Porém, Tarotaro, o ancião indígena, recusa-se contar-lhe pormenores sobre esse mito, obrigando o protagonista a recorrer a vários métodos para recuperar a confiança do velho pajé. Durante essa espera, o antropólogo sente na pele todas as dificuldades da vida amazónica: as longas viagens fluviais, as doenças tropicais, a abstinência sexual, a desconfiança dos indígenas e o impacto pernicioso dos militares brasileiros e dos evangelizadores estrangeiros que contaminam aqueles territórios. Um pequeno livro com uma linguagem bastante acessível que explora o filão literário brasileiro do “inferno verde” tão do agrado do leitor francês desde os tempos do alemão Hans Staden que, no século XVI, escreveu um dos primeiros best sellers europeus, publicado recentemente em francês pela Éditions Métaillié com o título de “Nus, feroces et anthropophages”. “L’attrapeur d’oiseaux” é uma obra que retrata o encontro e o choque entre dois mundos nos antípodas um do outro. [pro_ad_display_adzone id=”46664″]