Livro oferecido por Napoleão III a D. Pedro V integra espólio da Biblioteca do Palácio de Mafra


O Palácio Nacional de Mafra passa a ter nas suas coleções um importante livro oferecido pelo imperador Napoleão III ao rei D. Pedro V (1837-1861). Trata-se da obra “L’imitation de Jésus-Christ: texte latin / suivi de la traduction de P. Corneille”, da autoria de Tomás de Kempis, impressa em Paris pela Imprimerie Impériale [1855], com 872 páginas.

“Esta é uma das obras literárias mais relevantes para a cultura europeia da Idade Média, numa edição especial impressa por ocasião da primeira Exposição Universal de Paris” diz uma nota do Palácio Nacional de Mafra. Pertenceu a D. Pedro V, tendo permanecido em posse dos sucessivos monarcas portugueses até D. Manuel II.

Na página da leiloeira Cabral Moncada, de Lisboa, o livro aparece como tendo sido retirado de um leilão do começo de junho e vendido após o mesmo, onde surgia com uma base de licitação de 3.000 euros.

A publicação tem uma encadernação imperial em marroquim verde, decorada a ouro com ferros a balancé e, ao centro de ambos os planos, sobre um círculo dourado, contém uma placa de prata com as armas de Napoleão III. Numa das páginas registar-se “offert par l’Empereur des Français a Sa Majesté D. Pedro V, Roi du Portugal e des Algarves”.

O volume apresenta o n.º 28200, o eventual registo de entrada na Biblioteca Real, e ainda o carimbo com o monograma coroado DC (de Carlos I) e um símbolo de Manuel II, último rei de Portugal.

Datado do século XVIII, o Palácio Nacional de Mafra, mandado construir por João V, com a riqueza resultante do ouro vindo do Brasil, é um dos mais importantes monumentos representativos do barroco em Portugal.

Foi adquirido através da leiloeira Cabral Moncada, por proposta da Direção do Palácio Nacional de Mafra, justificada “pela sua raridade, proveniência, valor testemunhal e histórico”. Será agora depositada na Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra destinando-se, futuramente, a “valorizar o discurso expositivo relativo à personalidade de D. Pedro V, que se encontra estreitamente ligado à história do próprio edifício”.

LusoJornal