Livro sobre fotografia de Gérard Castello-Lopes com inéditos celebra centenário


Um livro dedicado à obra de Gérard Castello-Lopes (1925-2011), que reúne alguns inéditos, foi lançado esta semana pela Imprensa Nacional, em Lisboa, celebrando o centenário do nascimento do fotógrafo português que morou muitos anos em França.

Integrado na coleção bilingue “Série Ph.” dedicada à fotografia portuguesa contemporânea, o título inclui várias obras inéditas do fotógrafo cuja carreira esteve também fortemente ligada ao cinema, recorda a nota da Imprensa nacional.

Gérard Castello-Lopes, um autodidata da fotografia, viveu e trabalhou em Lisboa, Cascais, Strasbourg e Paris, tendo passado temporariamente por Londres para estudar produção cinematográfica.

A sua ligação ao cinema e a influência de Henri Cartier-Bresson marcam de forma notória a sua obra, aspetos que se refletem também nesta edição, segundo a direção editorial da coleção, da responsabilidade de Cláudio Garrudo.

O novo título inclui um texto de Pedro Mexia, que convida à reflexão sobre o olhar do artista: “Estacionamentos, arranha-céus nova-iorquinos, cabines telefónicas, famílias burguesas, freiras a jogar à bola, telhados embrulhados à Christo, lavoura em frente à Torre de Belém, lezírias, vegetação, escafandristas. Como vemos estas e outras fotografias de Gérard Castello-Lopes? Com que olhar?”, pergunta o crítico de cinema, citado pela Imprensa Nacional.

Nasceu em Vichy de pai português e mãe francesa

Nascido em 1925, em Vichy, França, filho do magnata português José Martins Castello Lopes, fundador da cadeia de cinemas Castello Lopes, e da pianista Marie Antoinette Lévêque, da alta sociedade francesa, Gérard Castello-Lopes frequentou o Colégio Militar em Lisboa e licenciou-se em Economia pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras.

Chegou a fazer parte do corpo diplomático português no Conselho da Europa, mas enveredou pelo universo da fotografia e cinema, tendo sido assistente de realização em filmes como “Os Pássaros de Asas Cortadas” (1962), de Artur Ramos e Fernando Lopes, e coautor da curta-metragem “Nacionalidade: Português” (1970).

Fundador do Centro Português de Cinema, foi crítico de cinema em publicações como O Tempo e o Modo e assistente de encenação de óperas subsidiadas pela Fundação Calouste Gulbenkian.

Autodidata da fotografia

Autodidata da fotografia, retratou, nos anos 1950, um Portugal salazarento, melancólico e rural, criando um icónico retrato antropológico inscrito num arquivo pessoal com mais de 30 mil provas de contacto.

A sua obra foi exibida em dezenas de mostras individuais e coletivas, em Portugal e no estrangeiro, com algumas retrospetivas chave, nomeadamente em 2004, em “Oui/Non”, no Centro Cultural de Belém.

O livro da série Ph. foi apresentado na Biblioteca da Imprensa Nacional, em Lisboa, por David Castello-Lopes, filho do fotógrafo, humorista em França, Pedro Mexia e Cláudio Garrudo.

A série Ph. conta com títulos dedicados a Jorge Molder, Paulo Nozolino, Helena Almeida, Fernando Lemos, José M. Rodrigues, Ernesto de Sousa, Jorge Guerra, Daniel Blaufuks, Alfredo Cunha, António Júlio Duarte, José Luís Neto, Rita Barros, Manuela Marques e Patrícia Almeida.