Home Cultura Livros: “Manquer à l’appel”, de Valério RomãoNuno Gomes Garcia·2 Fevereiro, 2022Cultura [pro_ad_display_adzone id=”37509″] O romance “Manquer à l’appel”, do escritor português Valério Romão, chega às livrarias francesas pela mão da Éditions Chandeigne. Traduzido por João Viegas – a versão portuguesa, “Cair para Dentro”, foi publicada em 2019 – esta obra encerra o tríptico “Paternidades Falhadas” iniciado por “Autismo” (2012) e continuado por “O da Joana”, ambas as obras traduzidas para francês pela mesma editora. Valério Romão mantém uma ligação com a França. Viveu até aos 10 anos na cidade Clermont-Ferrand, filho de emigrantes portugueses, mas nunca se sentiu em casa. Quando chegou a Portugal, contudo, continuou a sentir-se uma espécie de estrangeiro. Em entrevista ao LusoJornal e à Rádio Alfa, em 2019, admitiu ter tido uma relação difícil com a França: “A relação difícil que eu possa ter tido com a França teve a ver com o facto de eu não me sentir integrado, pois não se coibiam de me lembrar que eu não era francês. Em casa, e eu agradeço sempre ao meu pai por isso, a regra de só falar português ajudou-me desde muito cedo a ser praticamente bilingue e a não ter tantas dificuldades de integração quando regressámos a Portugal”. Nomeado para o Prémio Femina, prémio literário para o melhor romance estrangeiro publicado em francês, graças a “Autisme”, toda a obra de Valério Romão, que se licenciou em Filosofia, centra-se em torno da família e nas tensões a que ela é sujeita quanto submetida a experiências limite, seja um caso de autismo, um aborto ou, como sucede em “Manquer à l’appel”, um caso de demência. “Manquer à l’appel” narra a história de duas mulheres, Virgínia e Eugénia. Eugénia, a filha, apesar de aparentar ser uma mulher independente – afinal até é professora universitária – tem uma personalidade introvertida e deixa-se controlar totalmente pelo autoritarismo de Virgínia, a mãe, que até a proíbe de possuir um telemóvel. Ambas abandonadas pelo pai/marido, as mulheres criam uma forte relação de interdependência. Porém, quando a mãe começa a desenvolver sintomas de Alzheimer, a filha é obrigada a crescer, libertando-se da infância mal resolvida e do jugo materno que sempre a tolheu, aprendendo a cuidar dela… aprendendo, na verdade, a cuidar das duas. Até que descobre que, no estado em que a mãe se encontra, a vingança é uma possibilidade. [pro_ad_display_adzone id=”46664″]