LusoJornal / Luísa Semedo

Livros: “O que muitos andaram para aqui chegarmos” foi apresentado em Paris

O livro “O que muitos andaram para aqui chegarmos” editado pela associação belga Poemar foi apresentado no sábado passado, dia 25 de janeiro, na Casa de Portugal André de Gouveia, na Cidade Internacional Universitária de Paris.

O livro apresenta testemunhos de dez exilados, refratários ou desertores portugueses que encontraram refúgio na Bélgica. Os testemunhos descrevem a viagem, as dificuldades que tiveram de enfrentar, mas também as solidariedades que lhes permitiram escapar à ditadura e às guerras coloniais contra as quais militavam, e ainda a vivência da libertação no 25 de abril de 1974.

É um livro que fala do passado, mas também da época contemporânea, e que faz um paralelo entre os exílios do passado, os exílios do presente e a questão das fronteiras.

O encontro foi apresentado pelo professor José Manuel Esteves, e foi pontuado pela leitura de poemas de membros da Associação Poemar: Maria José Rodrigues, Fátima Azóia, Joaquim Rodrigues, Mário Campolargo e Maria Manuel Gandra.

O historiador Victor Pereira fez a apresentação do livro, e estabeleceu uma comparação entre a situação em França e na Bélgica, explicando que neste último país os refugiados políticos sentiam-se mais seguros. Defendeu a importância dos testemunhos na primeira pessoa e da sua utilidade para quem como ele faz investigação sobre estas temáticas.

O momento mais emocionante do encontro foi a de dois testemunhos de resistentes, José Matias e Carlos Melro.

José Matias relembrou a morte do seu irmão, assassinado pela PIDE quando estava numa cama de hospital. E testemunhou sobre uma das vezes que foi torturado. Carlos Melro, companheiro de luta de José Matias testemunhou sobre a viagem e as condições que encontrou na Bélgica e acabou o seu discurso com um sentido agradecimento a esse país.

Mais tarde na assistência, um dos presentes testemunhou sobre a sua própria história, louvando a coragem do irmão de José Matias e destacando uma das suas frases de luta “Não morro, nem que me matem”.

A atual presença da extrema-direita na Assembleia da República foi debatida e deplorada pelos presentes. “O trabalho de luta pela liberdade não foi finalizado” conclui José Matias.

 

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