Lusodescendente encomenda mapa de Outeiro do Louriçal para homenagear as suas raízes

[pro_ad_display_adzone id=”37509″]

Embora resida em França, na região de Paris, o Lusodescendente Mickaël Cordeiro de Oliveira vai concretizar neste início do mês de agosto, mais uma atividade cultural – a terceira – na aldeia onde tem origens: Outeiro do Louriçal, no concelho de Pombal, Leiria.

Desta vez convidou a artista, arquiteta e realizadora Mafalda Salgueiro, de Portalegre, que pintou um mapa que representa a memória da aldeia do Outeiro do Louriçal. Da primeira vez, Mickaël Cordeiro convidou a fotógrafa Ana Formigo, de Pombal e no segundo ano, convidou o artista algarvio Mário André Luz.

“Trabalho sempre em colaboração com a população e sou administrador do grupo privado da aldeia no Facebook. Todos os anos, organizo passatempos à volta destes projetos culturais para que as pessoas se apropriem das obras e entendam porque é que mandei fazê-las. É uma maneira para mim de homenagear a minha aldeia e os meus antepassados” explica o Lusodescendente.

Mickaël Cordeiro é analista média/redes sociais, produtor cultural, e participa também no projeto que quer dar a conhecer a “nova música portuguesa” – Soundscape Portugal – onde é social media manager e faz gestão das parcerias.

“Poucos meses antes de falecer, numa conversa com o meu avô Amílcar, respondi-lhe que ‘vou arranjar sempre uma desculpa para cá voltar’. Um dos seus maiores medos era que eu não voltasse mais à minha aldeia, ao Outeiro do Louriçal, depois de ele e de a minha avó morrerem. Uma das desculpas que arranjei foi a de organizar jogos virtuais à volta da nossa aldeia, e convidar fotógrafos e artistas para valorizá-la e homenagearem as suas gentes”.

A escolha da artista surgiu depois de Mickaël Cordeiro ter visto uma publicação no Facebook de Tiago Pereira, criador, entre outras coisas, de “A música portuguesa a gostar dela própria”, a propósito de um mapa musical de Vila Nova de Poiares que encomendou e que foi realizado por Mafalda Salgueiro. “Quis logo adaptar a estética desse mapa à realidade local, da minha aldeia. Queria conservar o lado rural, dar espaço às pessoas, às ruas, aos animais, ao trabalho nas terras, aos gaiteiros… Queria mapear uma conversa entre o passado e o presente, pegando em fotografias antigas, de pessoas já falecidas, e misturando-as com fotografias atuais. Criar um mapa confuso, sem fronteiras” explica.

A artista, contactada via Instagram aceitou de imediato. “O convite que me chegou do Mickaël encaixa perfeitamente no que me move, o impulso que o faz procurar formas de trazer a sua aldeia para o mundo, de a fazer sentir-se vista e valorizada coincide com o meu ímpeto enquanto criadora”, diz Mafalda Salgueiro.

Nascida e criada no Alentejo, muito da sua identidade está também ligada aos saberes da terra e à sua gente. “Ao longo do meu percurso, desde a formação em arquitetura até à atual carreira como artista e realizadora, o mote do meu trabalho é a comunidade e a sua preservação de um ponto de vista antropológico e etnográfico. Daí que ter tido o privilégio de conhecer grande parte destas pessoas e lugares, tornou tudo muito mais interessante e próximo; o que experienciei transparece inevitavelmente neste objeto”.

O facto de Mafalda Salgueiro ter ido até à aldeia, emocionou o Lusodescendente. “Foi muito bom para criar uma relação com as pessoas. Para ser sincero, nunca pensei que as pessoas alinhassem e aceitassem serem fotografadas como estavam, sem estarem preparadas, sem serem avisadas. Mas a verdade é que ninguém recusou!” confiou ao LusoJornal. “Pintar as nossas memórias foi uma das desculpas que arranjei para lá voltar, sempre. As suas fontes, as suas ruas, as suas gentes, os seus animais, não cabem infelizmente todos neste mapa. Mas cabem no nosso coração”.

Neste início de agosto, o mapa vai ser apresentado ao vivo na sede do Grupo Desportivo Cultural e Recreativo do Outeiro do Louriçal, durante o almoço tradicional que ali é organizado todos os anos. “As pessoas ainda não viram o mapa na sua integralidade, apenas alguns desenhos” concluiu Mickaël Cordeiro.

[pro_ad_display_adzone id=”46664″]

LusoJornal