Lusodescendente está a preparar filme em homenagem aos emigrantes portugueses

O lusodescendente Philippe Machado Domingues está a realizar um filme em homenagem aos emigrantes portugueses que vai falar sobre “a dificuldade de dizer adeus quando se tem de regressar a França”.

Filho de pais portugueses, o realizador nasceu em França e, aos 22 anos, continua a ir a Portugal com regularidade, um país que sente como seu e que o inspirou para fazer a curta-metragem “A l’année prochaine”.

“Tem uma parte autobiográfica e uma parte de ficção. É um filme que eu quis desenvolver sobre a emigração franco-portuguesa e, sobretudo, devido a uma história que eu vivi, a morte de um tio meu. Quis fazer um filme sobre essa dificuldade de dizer adeus quando temos de ir embora para França outra vez, quando as férias acabam”, descreveu o jovem realizador à Lusa.

Para angariar fundos para a realização do seu primeiro filme profissional, Philippe Machado Domingues recorreu a uma campanha de financiamento participativo na internet, teve ajudas universitárias e pediu apoio à família.

As rodagens decorreram este verão entre Cambeses e Portela, duas aldeias dos arredores de Monção, onde o lusodescendente tem “quase toda a família”, e o filme deverá estar pronto em fevereiro. Depois, Philippe Machado vai “organizar projeções em França, Portugal”, nomeadamente em Monção, participar em festivais e tentar o festival Curtas de Vila do Conde.

Levar a emigração portuguesa para o seu primeiro filme foi incontornável, tanto pela história familiar, quanto pelas influências artísticas. “Estou muito influenciado pela cultura portuguesa, seja no cinema, música e outras artes. Para mim era qualquer coisa óbvio fazer um filme sobre Portugal. O ponto de vista é mesmo fiel à emigração franco-portuguesa e como é que se passa um verão nessas aldeias lá e todas as tradições que podemos viver nesse ‘Querido Mês de Agosto’, como dizia o Miguel Gomes”, continuou o jovem.

“Aquele Querido Mês de Agosto”, do realizador Miguel Gomes, foi “uma verdadeira influência” por ser “um cineasta generoso com o povo português”, assim como Manoel de Oliveira pelo “realismo dos seus primeiros filmes”.

O cinema português, também com os realizadores João Salaviza e António Reis, marcaram o seu “amor” à arte, numa ligação “de saudades com Portugal”, ainda que tenha nascido e crescido em França.

“O cinema português fala-me mais porque são as saudades? Estou em França, a ver esses filmes e tenho a cabeça em Portugal. São filmes que são um bocadinho mais importantes porque é a cultura do meu país”, rematou o jovem que nasceu e cresceu em França.

 

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