LusoJornal / António Borga

Marcelo Rebelo de Sousa participou nas Cerimónias dos 100 anos do Armistício

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, participou, no fim de semana passado, nas cerimónias em Paris do Centenário do fim da I Guerra Mundial, ao lado do Presidente francês, Emmanuel Macron, e de mais de 100 Chefes de Estado.

O Secretário-geral da ONU, António Guterres, os Presidentes norte-americano, Donald Trump, e russo, Vladimir Putin, a Chanceler alemã, Angela Merkel, e o Rei de Espanha, Filipe VI, estiveram entre os dirigentes mundiais presentes na cerimónia no Arco do Triunfo, frente ao túmulo do soldado desconhecido.

A cerimónia iniciou-se “à 11ª hora, do 11º dia do 11º mês”, como o cessar-fogo em 1918, com honras militares e a homenagem aos mortos, seguida do hino nacional de França.

Emmanuel Macron discursou na cerimónia, que foi marcada por vários momentos musicais, como a atuação do violoncelista norte-americano de origem chinesa Yo-Yo Ma e da Orquestra da Juventude da União Europeia (UE).

Após a cerimónia, os Chefes de Estado tiveram um almoço oficial no Palácio do Eliseu, e, à tarde, participaram no Fórum de Paris sobre a Paz, em cuja abertura discursaram Angela Merkel e António Guterres.

O Fórum, que concluiu as celebrações, reuniu 60 chefes de Estado e 30 organizações internacionais para discutir segurança global.

O Presidente português participou, juntamente com os Chefes de Estado da Colômbia, Juan Manuel Santos, e da Nigéria, Muhammadu Buhari, numa “masterclass”, ou uma aula aberta, com alunos da prestigiada universidade de ciência política de Paris SciencesPo.

No sábado à noite, Marcelo Rebelo de Sousa disse que se falou “muito de Portugal” no jantar oferecido por Emmanuel Macron, aos dirigentes mundiais que participam nas celebrações do centenário do Armistício. “Falou-se muito de Portugal, falou-se muito de Portugal na Europa e em África e até na ligação à América Latina”, disse Marcelo aos jornalistas portugueses após o jantar. “E falou-se muito bem e muito do Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres”, acrescentou.

Segundo o Presidente, o clima no jantar, realizado no Museu do Quay d’Orsay, foi de “celebrar a paz e não a guerra” e pautou-se por “uma distensão” que “não faria imaginar, entre aqueles que ali estão, muitas das posições duras que de vez em quando têm, no dia a dia”.

Entre os presentes no jantar estava o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou que não participava no Fórum, com quem o Presidente português disse ter tido “oportunidade de trocar algumas palavras”.

Questionado sobre a ausência de Trump, o Presidente afirmou que Portugal não depende de outros países para construir a paz e escusou-se a dizer sobre o que falaram, referindo apenas que “o clima foi tão bom como tinha sido em Washington”, quando visitou a Casa Branca e se reuniu com Trump, no final de junho.

Questionado sobre se convidou Trump a visitar Portugal, o Presidente disse apenas: “Vamos ver, havemos de falar disso um dia”.

 

Reforço da defesa europeia “não passa por exército europeu”

Em Paris, Marcelo Rebelo de Sousa frisou que o reforço da defesa da União Europeia (UE) é complementar à NATO, e não se traduz na criação de um exército europeu. “Portugal entende que é importante um empenho crescente dos europeus em matéria de defesa e segurança, indissociável dos compromissos assumidos com os nossos aliados transatlânticos, nomeadamente os Estados Unidos da América e o Canadá”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, em resposta a uma pergunta sobre a polémica entre os Presidentes de França, Emmanuel Macron, e dos Estados Unidos, Donald Trump. “Ficou claro no debate parlamentar, em Portugal, que não se trata de um exército europeu, trata-se, sim, de um reforço do empenho, e um empenho que é complementar daquele que é traduzido pela Aliança Atlântica dos europeus no cenário europeu e nos cenários vizinhos”, acrescentou, em declarações aos jornalistas portugueses.

O Presidente frisou que esta é uma “matéria que já foi debatida no Parlamento português” e em que “há uma posição consensualmente aceite e apresentada a nível europeu”.

Questionado sobre se Portugal e a França têm posições diferentes, Marcelo recusou comentar o que diz o Presidente francês, insistindo: “Eu só estou a dizer qual é que é a posição portuguesa, a posição portuguesa é que não se trata de um exército europeu. Isso ficou claro no debate da Assembleia da República”.

A polémica entre Trump e Macron estalou na sexta-feira à noite, depois de o Presidente norte-americano, reagindo a declarações do homólogo francês à rádio Europe 1 defendendo a criação de um “exército europeu”, escrever uma mensagem na rede social Twitter, em que considerava a posição de Macron como “muito insultuosa” e alegava que a Europa queria proteger-se dos Estados Unidos.

Entretanto Emmanuel Macron afirmou que o “exército europeu” que defende não tem como alvo os Estados Unidos e aludiu a uma “confusão” na interpretação que desencadeou a crítica de Donald Trump.

 

Vontade de construir uma Europa diferente

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que as celebrações não são apenas “uma romagem de saudade e de homenagem”, mas também “uma vontade de construir uma Europa diferente”.

“Há uma romagem de saudade e de homenagem e ao mesmo tempo uma vontade e construir uma Europa diferente, uma Europa de paz e de esperança”, disse o Presidente.

O Presidente evocou ainda os “muitos” portugueses que morreram em França para defender “uma Europa aberta, uma Europa sem guerra, nem ódios”.

“Os quatro anos [2014-2018] que correspondem ao centenário da Grande Guerra foram intensamente vividos porque aqui foram intensamente vividos aqueles anos, com mais de 50.000 militares portugueses que tiveram um papel fundamental, em situação muito difícil, às vezes dramática, defendendo não apenas a França, a posição de uma aliança em que Portugal se integrava, mas uma Europa aberta, uma Europa sem guerra, nem ódios. Uma guerra que deu origem à paz e muitos Portugueses aqui ficaram”, afirmou.

A visita do Presidente português a Paris começou com uma visita ao Consulado Geral de Portugal onde está uma exposição da Assembleia da República sobre a Participação dos Portugueses na I Guerra. Foi depois visitar a exposição “Les contes cruels” de Paula Rego no Musée de l’Orangerie.

Marcelo Rebelo de Sousa vai ainda à Fundação Calouste Gulbenkian – Delegação de Paris visitar a exposição “Gris, vide cris” de Rui Chafes e Alberto Giacometti, com uma visita guiada pelo artista Rui Chafes e pela curadora Helena de Freitas.

 

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