Megaprojeto de gás da TotalEnergies em Moçambique inicia produção em 2029


O Presidente da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, avançou hoje a previsão de arranque em 2029 da produção de Gás Natural Liquefeito (GNL) do megaprojeto em Moçambique, suspenso desde 2021, tendo a petrolífera apresentado ao Governo um novo programa de desenvolvimento.

“Tudo está pronto. De facto, estamos a remobilizar no terreno, mas a última parte, diria eu, da decisão de levantar oficialmente a ‘força maior’, é que há discussões, o Governo tem de aprovar o plano de desenvolvimento atualizado, porque precisamos de o atualizar com um novo objetivo em termos de início das operações”, anunciou Patrick Pouyanné, num encontro em Nova Iorque, com investidores, para apresentar dados do desempenho global da petrolífera francesa.

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Projeto interrompido pelos ataques terroristas em Cabo Delgado

Trata-se de um projeto de 20 mil milhões de dólares (17 mil milhões de euros), liderado pela TotalEnergies em Cabo Delgado, norte de Moçambique, com uma previsão estimada de produção de 13 milhões de toneladas por ano (mtpa), que segundo a petrolífera está atualmente desenvolvida em 40%.

Em 2021, TotalEnergies, líder do consórcio na Área 1 da Bacia do Rovuma, com participação de 26,5% no projeto, acionou a cláusula de “força maior” e suspendeu as atividades devido aos ataques terroristas em Cabo Delgado, quando estava em curso o desenvolvimento da construção de uma central, em Afungi, nas proximidades de Palma, para produção e exportação de gás natural.

“Será em 2029 que planeamos iniciar as operações e, naturalmente, atualizar o orçamento com o impacto da ‘força maior’ (…). Portanto, essa questão está a ser avaliada e, penso eu, vamos avançar muito rapidamente”, disse ainda Pouyanné.

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Três projetos na bacia do Rovuma

Moçambique tem três projetos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado, além do operado pela italiana Eni, a única em produção, também a Mozambique LNG (Área 1), operado pela TotalEnergies, e a Rovuma LNG (Área 4), complementar, operada pela ExxonMobil, com 18 mtpa, ambas em fase de desenvolvimento.

Desde outubro de 2017, a província, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico, que chegaram a provocar mais de um milhão de deslocados, incluindo 349 mortos só em 2024, segundo dados do Centro de Estudos Estratégicos de África, instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.