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Mensagem de Ano Novo 2025 do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa


Muito boa noite, caríssimos Compatriotas,

Um Bom Ano para todas e todos, onde quer que se encontrem, é o meu voto primeiro e caloroso para 2025.

No mundo, na Europa e em Portugal, 2024 definiu caminhos que vão determinar muito do que será o ano que hoje começou.

No mundo, mostrou que as duas principais guerras continuavam e se agravavam e a recuperação das economias era fraca, apesar da descida dos preços e dos juros.

Na Europa, as eleições de junho permitiram um alívio momentâneo a certos líderes e partidos no poder. Mas, muito curto, porque economias fortes continuavam a descer e Governos dessas economias a caírem já ou a prosseguirem a sua queda lenta.

A fechar o ano, as eleições norte-americanas, deram o regresso a 2016, permitindo ao vencedor definir-se sobre a paz que quer, na Ucrânia, como no Médio Oriente. Uma paz justa, duradoura, respeitadora do Direito Internacional e do Direito Humanitário e, por isso, da dignidade das pessoas, ou uma paz injusta, precária, ignorando o Direito e o respeito das pessoas e da sua situação humanitária. E, para isso, tendo de escolher entre querer colaborar com a União Europeia ou dela querer afastar-se.

Com a Federação Russa e a China a ganharem mais ou menos consoante as posições americanas.

Em termos muito simples, mais aliança entre Estados Unidos da América e União Europeia, na economia, na política, na Ucrânia e no Médio Oriente, é melhor para a Europa e é pior para Federação Russa e para a China.

Menos aliança, é melhor para a Federação Russa e para a China.

Neste quadro, o que a União Europeia tem, pela frente, como desafios é primeiro tudo fazer pela aliança com os Estados Unidos da América, mas não contar só ou sobretudo com isso – manter-se unida, não deixar cair alianças e aliados, preparar-se para uma situação complexa a Leste, ganhar peso militar próprio, recuperar economicamente, corrigir o atraso no investimento no conhecimento, no saber, em que tem perdido pontos com os Estados Unidos da América e com a Ásia, e, finalmente, reformar os seus fragilizados sistemas económicos, políticos e sociais.

Tudo, ao mesmo tempo. Tudo difícil, mas tudo indispensável para a União Europeia se afirmar como uma potência global no mundo.

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Portugueses,

E nós?

Nós, evocámos os cinquenta anos do 25 de Abril. Recordámos Mário Soares no centenário do seu nascimento.

Percebemos que não queremos perder nem liberdade, nem democracia.

Mas, também percebemos, que um ciclo se fechou, de cinquenta anos, e evocar Abril é olhar para o futuro, não é repetir o passado.

Precisamos de menos pobreza, a pobreza, nos dois milhões de portugueses, é um problema de fundo estrutural que a democracia não conseguiu resolver.

Precisamos de mais igualdade, social e territorial, precisamos de ainda mais educação, de melhor saúde e de melhor habitação.

Para isso, precisamos de qualificar mais os recursos humanos, inovar mais, competir com mais produtividade, continuar a antecipar – e bem – no domíniuo da energia limpa, no domínio do digital, na tecnologia de ponta, mas não deixar que se aprofunde o fosso, a distância, entre os jovens que avançam e os que o não podem fazer, entre os jovens que avançam e aqueles de mais de 55, 60 e 65 anos, que, cada vez mais, entram em becos com poucas ou nenhumas saídas.

Numa palavra, uma economia que cresça e possa pagar melhor e aumentar os rendimentos dos Portugueses, assim corrigindo, também, as suas desigualdades.

Precisamos de que os números económicos e financeiros, vindos do passado próximo, naquilo que tiveram e têm de positivo, e confirmados no presente, se consolidem e acentuem.

Precisamos que os dezasseis mil milhões do PRR que temos para gastar nos próximos dois anos, sejam mesmo usados e façam esquecer os seis mil e trezentos milhões que gastámos, que usámos, no mesmo tempo ou ainda maior, até hoje, ou seja, precisamos que Portugal fique mais preparado para enfrentar as aceleradas mudanças na Europa e no mundo.

Precisamos que o bom senso que nos levou a reforçar a solidariedade institucional e até a cooperação estratégica entre órgãos de soberania, nomeadamente Presidente da República e Primeiro-Ministro, prossiga, e que nos levou também a aprovar os Orçamentos de 2024 e de 2025, continue a garantir estabilidade, previsibilidade e respeito, cá dentro e lá fora.

Precisamos de renovar a nossa democracia, não a deixar envelhecer, em juventude, no papel da mulher, no combate à corrupção, na construção da tolerância e do diálogo, na recusa da violência, pessoal, doméstica, familiar e social, na capacidade das forças políticas, económicas e sociais, mas também do sistema de Justiça, mas também na Administração Pública para se virarem para o futuro, para melhor servirem a Comunidade.

Precisamos de afirmar a atualidade da visão universal de Luís de Camões, tão lembrado e a justo título este ano, ser português é ser universal, isto é decisivo na nossa identidade nacional.

Costumava dizer o Cardeal Tolentino e uma poeta grande, embora discreta, que nos deixou há dias e que vai a enterrar amanhã, que nunca, nunca perdeu nada, nem deitou nada fora ao longo da sua vida. Nós somos assim portugueses, apredemos com tudo e todos, com todos, não temos o monopólio da verdade, e não deitamos nada fora, guardamos para a nossa memória coletiva de séculos.

Como sempre, em 2025, o Povo será o juiz supremo da nossa resposta perante tantos desafios. Desde logo, nas eleições para o Poder Local no fim do ano.

Cinquenta anos decorridos sobre o movimento militar convertido em revolução, a vitória dos moderados nessa revolução, em novembro de 1975, e a coragem dos Capitães de Abril de devolverem, em 1982, o poder pleno ao Povo, para que ele desse vida à Democracia em Portugal, eu acredito na vontade experiente e determinada do Povo Português.

Eu acredito nos Portugueses.

Eu acredito, como sempre, em Portugal.

LusoJornal