LusoJornal | Mário Cantarinha

Miguel Costa, Vice-Cônsul de Portugal em Toulouse: “A Comunidade acolheu-me de braços abertos”

Miguel Costa é o Vice-Cônsul de Portugal em Toulouse, depois de ter exercido as funções, no Consulado Geral de Portugal em Paris, de Responsável do serviço cultural e associativo.

Desde setembro do ano passado que está à frente do Posto consular e acedeu dar uma entrevista ao LusoJornal.

 

Que Vice-Consulado foi encontrar em Toulouse?

Vim fazer um trabalho muito diferente do que fazia em Paris, mas com a experiência que ganhei em Paris adaptei-me facilmente, sobretudo com a ajuda dos funcionários do posto e da Comunidade que me acolheu de braços abertos. Vim encontrar uma equipa muito dedicada, e acredite que fiquei agradavelmente surpreendido, pois são pessoas têm um espírito de missão muito vincado e com largos anos de experiência consular. É um reconhecimento que tem de ser feito. Desde que aqui cheguei, reorganizámos os serviços e sobretudo fizemos a migração informática com mudança de material do posto, o que nos permite dar agora uma resposta mais rápida e de qualidade aos utentes que nos procuram, e paralelamente proporcionar aos colegas um melhor conforto no trabalho. Esta mudança foi proposta logo após a minha chegada à qual o Ministério respondeu prontamente. É verdade que existe uma pressão diária neste Vice-Consulado e que desde janeiro há um aumento significativo de atos consulares, penso que este ano vamos bater recordes, porque há cada vez mais pessoas a procurarem o Posto. O Posto não funciona por marcações, excetuando alguns atos de Registo civil, como por exemplo para registos de casamento e de nascimento, de resto não há ninguém que se apresente no posto que não seja atendido no próprio dia.

 

E em termos de comunidade?

A Comunidade não difere muito da de outras regiões de França. Vim encontrar os mesmos problemas, as mesmas necessidades, as mesmas qualidades. A Comunidade está bem integrada, não suscita qualquer tipo de reparo das autoridades francesas, é um bom exemplo. O Posto consular é pequeno, com meios mais pequenos, mais isso também aproxima-nos mais da Comunidade. As pessoas conhecem-se todas, apesar da área consular ser bastante grande, vai de Perpignan a Montauban, de Lourdes até Rodez. Desde que cheguei tenho tentado visitar os vários departamentos da nossa área de jurisdição, tendo já estado em Perpignan, Albi, Tarbes, Carcassone, Narbonne, e brevemente irei a Rodez. Pouco a pouco quero visitar todas as áreas.

 

E desde recentemente têm uma Permanência consular em Perpignan…

Sim, abrimos este ano. Fizemos agora a segunda Permanência. Foi uma decisão acertada porque são pessoas que estão a mais de 200 km e para obter um simples Cartão de Cidadão tinham de fazer 800 km para vir duas vezes a Toulouse. Nas Permanências acabamos por fazer variadíssimos atos consulares, desde registo civil, notariado, inscrições consulares, Cartão do Cidadão, Passaporte. Temos criado um verdadeiro serviço de proximidade nas instalações da associação portuguesa local. O retorno que estamos a ter é muito positivo. Aproveitamos também para fazer a entrega de documentos. Por exemplo, na última Permanência entregámos cerca de 50 documentos e fizemos mais de 60 atos consulares.

 

Como se porta o movimento associativo da região?

Temos cerca de 33 associações na lista do Consulado, mas algumas já não tem atividade. Por outro lado, as associações de Toulouse recorriam a uma sala que entretanto encerrou e de repente ficaram escassos locais para os seus eventos. Elas vão pedindo salas às cidades à volta de Toulouse, mas é difícil. Eu participei numa reunião com a Federação das associações que tem um projeto importante, com a ajuda de uma Mairie, de ter uma sala para porem à disposição das associações. Solicitaram apoio da nossa parte e têm todo o meu apoio. Se vierem a concretizar este projeto, passam a resolver muitos problemas.

 

Se há uma Federação, o movimento associativo está bem organizado?

As associações estão relativamente bem organizadas, sim, e nesse aspeto Conselheiro das Comunidades e a Federação têm feito um trabalho importante para que não hajam eventos a sobreporem-se. Um bom exemplo da organização associativa é a Feira Lusitana cuja Comissão organizadora foi criada precisamente por três associações.

 

As associações têm tido apoios de Portugal?

A Feira Lusitana teve agora apoio pelo primeiro ano e as associações pediram-me na reunião que tive com elas para depois das férias, organizar uma Formação para as elucidar de como pedirem apoios junto da DGACCP. Quando cá cheguei falaram-me logo deste assunto. O Atelier Cultural da Feira Lusitana foi apoiado. É um atelier virado para as crianças que vão fazer um Mural sobre o 10 de Junho que depois ficará exposto durante os três dias da Feira, mas também terá uma intervenção sobre as oportunidades no ensino superior em Portugal.

 

E como estamos em termos empresariais?

Existem empresas cujos proprietários são portugueses, como em todo o lado em França, nas mais variadas áreas. O Conselheiro das Comunidades constituiu inclusive uma associação de empresários e existe aqui um projeto para a criação de uma Delegação da Câmara de comércio e indústria franco-portuguesa. Acho uma excelente ideia. É uma região que tem tido uma atratividade grande em França, com crescimento acentuado, e que tem atraído muita gente. No Consulado temos notado, principalmente este ano, um acréscimo de pessoas que se mudam de outras regiões de França para esta.

 

E em termos de geminações. Há muitas?

A geminação de Leiria com Quint-Fonsegrives, uma pequena cidade à volta de Toulouse, é muito interessante porque está muito ativa e tem feito um trabalho notável, o próprio elenco municipal tem alguns Portugueses e a associação de geminação é presidida por um deles. Nestes últimos anos financiaram a reconstrução de uma casa em Pedrógão Grande, uma delegação foi ainda há poucas semanas lá para visitar as pessoas que foram para lá residir. Têm um Protocolo com uma empresa francesa de material hospitalar, e recolhem camas, cadeiras de rodas, andarilhos, e outros materiais, que enviam aos camiões para instituições na região de Leiria e de Pombal. Ainda na semana passada acolheram um grupo coral de Leiria que ficaram cá uns poucos de dias onde realizaram concertos e receberam inclusive a medalha da cidade. Esta geminação é um bom exemplo.

 

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