Misericórdia de Paris fica sem sede a partir de 31 de março


Durante o Jantar de Gala da Santa Casa da Misericórdia de Paris, que teve lugar no sábado passado, na Sala Vasco da Gama, a Provedora Ilda Nunes “esfriou” o ambiente ao anunciar que esta instituição de apoio aos mais carenciados vai ter de deixar o pequeno espaço que ocupa atualmente no 7 avenue de la Porte de Vanves, em Paris 14, até ao dia 31 de março.

A Misericórdia de Paris ocupa atualmente um pequeno escritório que subaluga à Câmara de comércio e indústria franco-portuguesa (CCIFP), num espaço da Mairie de Paris, no 2° andar do mesmo edifício onde está, no andar superior, a sede da CCIFP e onde também já esteve sedeado o LusoJornal.

“Esse pequeno local, a partir de 31 de março não vamos poder ficar lá, porque é um local subalugado e esse subarrendamento foi denunciado e temos de sair de lá até ao dia 31 de março” disse a Provedora Ilda Nunes durante o jantar, deixando o discurso que tinha preparado e improvisando um “apelo urgente”. Mas a associação pode ficar, se conseguir meios para pagar a renda diretamente à “régie” municipal.

“Este é o momento de partilhar com vocês. Vocês têm o direito de saber estas coisas. Vocês têm de saber que há um grupinho de pessoas mobilizadas, que têm o coração sempre apertado, porque se perguntam se nós vamos poder continuar a ajudar quem necessita. Ou será que a Santa Casa tem de fechar? Seria muito triste que a Santa Casa, que foi criada há 30 anos, acabasse por fechar por falta de meios financeiros”.

A instituição de solidariedade ajuda Portugueses que se encontram com dificuldades, fornecendo alimentos, produtos de primeira necessidade, roupas, e por vezes até apoio financeiro para regresso a Portugal ou para passarem duas noites de hotel. Para dar esse apoio “cada vez mais solicitado” a associação recebe um subsídio do Governo português, organiza eventos de recolha de fundos, como o jantar de sábado passado e lança campanhas de recolha de alimentos, roupas e produtos de primeira necessidade.

Ilda Nunes gostava de continuar naquele edifício e ocupar o espaço que vai deixar de ser ocupado pela associação Cap Magellan. Mas atualmente paga à Câmara de comércio “cerca de 1.000 euros” por mês pelo pequeno escritório que tem, mas “necessito de mais 2.500 a 3.000 euros por mês” para poder lá ficar, adianta a Provedora.

O espaço era importante para a Misericórdia de Paris porque podia guardar o escritório, podia acolher as pessoas que ajudam na sala de reuniões e tinham um amplo espaço para armazenamento de produtos que atualmente estão dispersos em vários espaços de outras instituições, como por exemplo no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Paris.

“Eu creio que há muitas pessoas que estão bem na vida, que podem ajudar os compatriotas que têm dificuldades e ajudar a Santa Casa da Misericórdia de Paris a ajudá-los” diz Ilda Nunes.

“A partir do dia 31 de março ou a Misericórdia de Paris tem verbas suficientes para pagar a renda daquele espaço e seria fantástico, ou, se as pessoas com bom coração, os empresários, a Câmara de comércio, o Governo português, não se mobilizarem, a Santa Casa arrisca-se a ter de fechar” alerta Ilda Nunes que, espera, contudo, “encontrar soluções para se manter no espaço”.


LusoJornal