Lusa / António Pedro Santos

Momento de Poesia com José Grenho

Anda soldado

 

Anda Soldado,

Despede-te de quem amas

Toma a tua arma, e segue.

Depois, ouvirás o metralhar do inimigo.

E tu não terás medo, porque os soldados, renascem com a morte.

Andarás trilhos e picadas, na mata e no capim, dia e noite

A semana e ao domingo.

Como quem é senhor de todos os instantes.

Passarás fome e sede. Calor e frio. Conforto e dor.

E no auge do desespero, maldirás a hora em que nasceste, a mãe que te criou,

E o berço em que foste embalado docemente.

Hás de chorar amargamente, a perda dos que morrem a cada instante.

Porque, os soldados, também choram lágrimas de revolta.

Quando não há sorrisos de criança, a passar por cima do ódio dos assassinos.

José Grenho

 

 

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