Montalegre: Candidatos vieram fazer campanha em França

José António Ferreira Atilhó diz que nunca votou, mas já organizou um comício eleitoral em França para as eleições autárquicas em Montalegre.

O LusoJornal ouviu-o no seguimento de uma reportagem do programa «Sexta às 9» da RTP, em que alegamente cerca de 1.500 emigrantes foram propositadamente a Montalegre para votarem nas últimas eleições autárquicas.

Aliás, o Ministério Público considerou as acusações sérias e abriu um procedimento para averiguar se houve efetivamente fraude eleitoral, por suspeita que as viagens tenham sido pagas.

José António Ferreira Atilhó diz que não esteve implicado na campanha deste ano, «nem de perto, nem de longe», mas contou ao LusoJornal que participou na campanha para a primeira eleição do candidato socialista Fernando Rodrigues, à Presidência da Câmara de Montalegre.

«As pessoas de Portugal ligaram-me para arranjar uma sala, para dar uma ajuda. Eu e mais uns amigos arranjámos uma sala em Argenteuil, a sala Jean Vilar. O Presidente da associação local conseguiu a sala de graça» conta ao LusoJornal.

José António Ferreira Atilhó e os amigos juntaram cerca de 2.000 pessoas e confirmou que Fernando Rodrigues esteve cá em campanha. «Quem tem meios e quem tem vontade de ganhar, tem de fazer por isso» diz ao LusoJornal este empresário, natural de Meixide.

«Eu sou neutro» afirma, mas «fiz campanha por amizade, para ‘botar’ a mão a um amigo. Se um amigo me pede ajuda, eu apoio. Não por causa de um Partido». Aliás diz que também é amigo do antigo Presidente Carvalho de Moura, do PSD, que este ano voltou a candidatar-se. «Se ele me tivesse pedido, teria ajudado na mesma. Pela nossa terra e pelos amigos, fazemos tudo».

Segundo José António Ferreira Atilhó, os candidatos vêm cá fazer comícios porque sabem que as pessoas de cá podem ir votar a Portugal. «Cada um puxa a brasa à sua sardinha. Não vêm cá dizer que vote no outro candidato, não é?»

Interrogado sobre quem paga as viagens para os emigrantes irem votar a Portugal, José António Ferreira Atilhó diz que não sabe. «Não faço ideia se alguém paga ou não. Acredite que não sei. Nem me compete a mim essa resposta».

Mas confirma que vários empresários de Montalegre, radicados na região de Paris, ajudaram a preparar o comício. «Tiraram proveito do comício para fazer publicidade das empresas deles. Fizeram bem. Eu teria feito igual» considera.

Para este Português, a Feira de produtos portugueses organizada todos os anos pela associação ARCOP, em Nanterre, transformou-se num «comício anual. Vêm cá os Presidentes, vêm todos. Aproveitam a festa para fazerem propaganda». E não apenas de Montalegre. Por isso, já não se justifica organizarem comícios como aquele que ajudou a organizar há 16 anos.

José António Ferreira Atilhó diz que os emigrantes «não vão a Portugal à toa. Claro que as coisas são minimamente organizadas. Mas não faço a mínima ideia de como se passa».

Mas diz ao LusoJornal que «quem vai lá, vota, mas depois vai buscar o troco». «A maior parte dos que vão lá votar, é por interesses» e depois explica que podem ter facilidades de licenciamento de obras «e outros jeitinhos».

 

 

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