Lusa | José Sena Goulão

Morreu o antigo Primeiro-Ministro Francisco Pinto Balsemão


O militante do número 1 do PSD Francisco Pinto Balsemão morreu ontem, confirmou à Lusa fonte oficial do partido. A notícia da morte, aos 88 anos, do antigo Primeiro-Ministro foi transmitida pelo Presidente do PSD, Luís Montenegro, durante o Conselho Nacional do partido, sendo audíveis aplausos na sala.

Quase à mesma hora, em comunicado, a Impresa, grupo de comunicação social que fundou, informou que Francisco Pinto Balsemão morreu “de causas naturais” e que “os seus últimos momentos foram acompanhados pela família”.

Francisco Pinto Balsemão foi fundador, em 1973, do semanário o Expresso, ainda durante a ditadura, e da SIC, primeira televisão privada em Portugal, em 1992.

Foi também um dos fundadores, com Francisco Sá Carneiro, do Partido Popular Democrático (PPD), mais tarde Partido Social Democrata (PSD), em 1974, era, até hoje, o seu militante número um, e era também membro do Conselho de Estado, órgão de consulta do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

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Um jornalista que nunca deixou de ser político

Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, nasceu em 01 de setembro de 1937, em Lisboa, “de cesariana, na Casa de Saúde das Amoreiras”, teve uma “infância fechada, mas desafiante, dourada, mas exigente”, relata o fundador do Expresso e da SIC, no seu livro “Memórias”, onde diz esperar ter contribuído para deixar o mundo “um pouco melhor”.

Jornalista, empresário e político português, Francisco Pinto Balsemão passou pelo Governo durante três anos e meio – um ano como Ministro Adjunto de Sá Carneiro e dois anos e meio como Primeiro-Ministro, entre janeiro de 1981 e junho de 1983. Também foi Presidente do partido entre 1980 e 1983.

“Estávamos em 1963, eu tinha 25 anos, e surgiu, de certo modo preparada pelo meu pai e, sobretudo, talvez, pelo tio Xico, a oportunidade de ir ocupar um lugar no Diário Popular”, que não existia, que era o de secretário de direção, relata Balsemão. Estava dado o primeiro passo no caminho dos media: “O Diário Popular foi, para mim, uma grande escola, uma excelente pós-graduação, como agora se diz”, prossegue, no seu livro, o empresário.

A criação “do Expresso e de outros títulos, a criação da SIC e da SIC Notícias, dos canais do cabo, dos ‘sites’, mais recentemente da Opto, correspondem a essa vocação profissional. Como há quem escolha a medicina, como há quem escolha a arquitetura ou a engenharia, eu escolhi o jornalismo”, disse numa entrevista à SIC. E acrescenta: “Ainda hoje, aliás, me considero jornalista”, referindo o seu “orgulho” em ter a Carteira Profissional com o “número 18”.

A vida profissional de Balsemão “foi-se concentrando, a partir de 1990, no projeto SIC e isso prolongou-se até hoje”.

Em 06 de outubro de 1992 nasceu a SIC, com o advento dos canais privados, um projeto que era para um canal generalista, mas que hoje conta com cinco canais temáticos – SIC Notícias, SIC Radical, SIC, Mulher, SIC Kids e SIC Caras -, mais a SIC Internacional, e o ‘streaming’ Opto, lançado em novembro de 2020.