Morreu o franco-português Eduardo Serra, o mais internacional dos diretores portugueses de fotografia


Com nacionalidade portuguesa e francesa, o diretor de fotografia Eduardo Serra morreu aos 81 anos, no passado dia 19 de agosto, terça-feira.

Nascido em Lisboa em outubro de 1943, Eduardo Serra é o mais internacional dos diretores portugueses de fotografia, tendo sido nomeado duas vezes para os Óscares, pelos filmes “As Asas do Amor”, de Iain Softley, e “Rapariga com Brinco de Pérola”, de Peter Webber, que lhe garantiu o prémio BAFTA da Academia Britânica de Cinema.

A carreira internacional de Eduardo Serra teve início em França, onde se fixou em 1963, na sequência da perseguição de que foi alvo por participar em protestos contra a ditadura, recorda a Academia Portuguesa de Cinema.

Em Paris, tentou entrar no Instituto de Estudos Superiores Cinematográficos, mas acabou por se formar na Escola Nacional de Fotografia e Cinematografia, onde obteve os primeiros estudos em direção de fotografia. Também fez igualmente o curso de História de Arte e Arqueologia na Sorbonne.

A primeira década profissional no cinema foi como assistente de câmara em algumas dezenas de produções, trabalhando com Alain Cavalier, Patrice Leconte, François Leterrier, alguns dos realizadores com os quais voltaria a colaborar como diretor de fotografia.

Com dupla nacionalidade, portuguesa e francesa, fazendo de Paris a sua casa, Eduardo Serra regressaria a Portugal já depois da revolução de 25 de Abril de 1974 para filmar, num dos raros momentos enquanto realizador, a curta-metragem “Un Anniversaire” (1975). Trabalhou com José Fonseca e Costa, João Mário Grilo, Luís Filipe Rocha e Fernando Lopes.

Eduardo Serra ganhou prestígio internacional sobretudo em França, de onde fez a ponte com Londres e, do outro lado do Atlântico, com Hollywood, sublinhando, ainda assim, prudência na escolha dos projetos.

Trabalhou sobretudo com os franceses Claude Chabrol e Patrice Leconte, com os quais fez mais de uma dezena de filmes, mas também com os britânicos Michael Winterbottom e Iain Softley e os norte-americanos M. Night Shyamalan ou Edward Zwick.

Juntaria ao currículo a participação num ‘blockbuster’ de entretenimento, os dois últimos filmes da saga “Harry Potter”, realizados por David Yates.