Morreu o poeta Fernando Echevarría. Viveu vários anos em Paris

[pro_ad_display_adzone id=”46664″]

 

Morreu ontem com 92 anos de idade, no Porto, onde vivia e onde estava internado há alguns dias, o filósofo e poeta Fernando Echevarría, que viveu muitos anos em França.

Fernando Echevarría, filho de pai português e de mãe espanhola, nasceu em 1929, em Cabezon de la Sal (Espanha). Em 1931, a família instala-se em Portugal (Grijó). Depois de ter frequentado o seminário, prossegue os estudos de filosofia, publica o seu primeiro livro e passa a dar aulas no ensino secundário. Em 1961 parte para Paris e em fins de 1963, depois de ter aderido ao Movimento de Ação Revolucionária, parte para Argel. Em 1966 regressa novamente a Paris, faz parte da direção da LUAR de 1964 até 1974, e leciona francês até se aposentar.

A sua obra poética está reunida nos dois volumes de “Obra Inacabada”, publicados em 2016 pela Afrontamento, e foi assunto para um artigo de Dominique Stoenesco nas páginas do LusoJornal e que a seguir transcrevemos.

“Logo de início, devemos sublinhar a fecundidade e a regularidade da obra poética de Fernando Echevarría desde o seu primeiro livro de poemas, ‘Entre dois anjos’, publicado em 1956. ‘Obra inacabada’, vol.II, publicado em junho de 2016 pelas Edições Afrontamento, com prefácio de Maria João Reynaud, surge dez anos após o primeiro que reunia a poesia de Fernando Echevarría entre 1956 (‘Entre dois anjos’) e 2006 (‘Epifanias’).

O estudo, a escuta e a idade são os temas maiores da poesia de Fernando Echevarría, através dos quais as fronteiras do tempo e do espaço são frequentemente derrubadas, como nestes primeiros versos do poema ‘Os pescadores’: ‘Recolhem, gloriosas, as traineiras. / Deslizam na manhã do Cabedelo, / esquecido o estrondo das procelas / que arrepanhou o assento / das águas. E das quilhas. Da certeza / dos músculos que rompem nevoeiro / e o enrodilham com a voz espessa / do cigarro molhado pelo vento. / Agora o sol rompe na barra. Estreia / a bruma a desprender-se dos pinheiros / e a tepidez sem fim da primavera / colhendo sinos pontuados de ecos’.

Nesta ‘Obra inacabada’, figuram os livros publicados por Fernando Echevarría a partir de 2006, dentre os quais podemos citar os mais recentes: ‘Lugar de estudo’, ‘Antologia poética’ ou ‘Categorias e outras paisagens’. Além disso, o presente volume congrega, sob o título ‘Pobres’, 14 poemas inéditos que incidem não tanto sobre o pobre mas sobre a ‘pobreza essencial’ que está além da realidade sociológica”.

 

[pro_ad_display_adzone id=”37509″]

LusoJornal