Nathalie Lucas: Lusodescendente com origens em Vila Praia de Âncora é a Maire de Thorailles

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Nathalie Lucas, filha de pai português e mãe francesa, nascida em Mantes-la-Jolie, exerce, pela segunda vez consecutiva, as funções de Maire de Thorailles (45), uma localidade com menos de 200 habitantes, no Departamento do Loiret.

O pai, de Vila Praia de Âncora, chegou a França com apenas 14 anos de idade, nos anos 60.

No primeiro mandato, Nathalie Lucas resolveu um problema grave de circulação. “Tínhamos um cruzamento muito complicado, muito perigoso, e conseguimos fazer uma saída à esquerda o que permitiu que, agora, as pessoas passem ali com toda a segurança” diz ao LusoJornal. “Reparei algumas ruas, criei uma rampa de acesso à Mairie para pessoas com mobilidade reduzida, renovei o interior da Mairie, assim como o circuito elétrico”.

Para este segundo mandato, depois da eleição de 2020, tem “um sonho”: renovar o telhado da igreja de Thorailles e voltar a colocar os sinos. “É muito caro, mas gostava que os sinos voltassem a tocar antes do fim do meu mandato. Mas está a ser muito complicado”.

Nathalie Lucas considera que o orçamento da Mairie está “em constante redução”.

Interrogada por David Gomes no programa “Luso-Eleitos” do LusoJornal, em parceria com a Cívica, a associação dos autarcas franceses de origem portuguesa, Nathalie Lucas diz que a localidade tem alguns reformados que vêm das grandes cidades, e ainda no ano passado tinha cerca de 50 crianças entre 0 e 12 anos. “Cerca de 30% do meu orçamento vai para a ação escolar”.

Tanto mais que Thorailles não tem escola e todos os alunos têm de ser transportados para uma outra localidade.

Para além do sonho de voltar a ver os sinos tocar, Nathalie Lucas quer continuar a festejar o 14 de Julho, a organizar a Festa das crianças e a Festa dos Seniores.

Antes de ser eleita Maire da localidade pela primeira vez, Nathalie Lucas já tinha sido Conselheira municipal. Por isso conhece bem as funções que lhe são atribuídas. “Trabalhar para os outros é algo que me agrada muito e é gratificante, é uma felicidade levar apoio às pessoas que precisam. É muito importante. As pessoas só vêm ver a Maire quando têm um problema, um problema pessoal, problemas de vizinhança” diz a lusodescendente. “A minha Secretária costuma dizer que devíamos pôr uma placa na Mairie a dizer ‘Psicóloga a tempo inteiro’”.

A Mairie de Thorailles só tem uma funcionária: uma Secretária que trabalha há 30 anos na autarquia. Por exemplo, quando há algum problema na única rua municipal, são os autarcas que deitam mãos à obra. “Mostramos às pessoas que, mesmo quando somos Maire, somos como os outros munícipes, trabalhamos e até nos divertimos bastante” conta ao LusoJornal.

“Fora das grandes cidades, temos outra relação com as pessoas, as pessoas convivem muito mais facilmente umas com as outras. Quando precisamos de qualquer coisa, há sempre alguém que pode ajudar”. Mas tal como nas grandes cidades, também há reações de violência para com os autarcas. “Podem ser frases que ferem, podem ser insultos, podem até ser ameaças físicas. Eu penso que todos os meus colegas já viveram este tipo de situações. E quando somos uma mulher, às vezes as palavras vão muito mais longe…”. Mas acrescenta imediatamente que “apesar disso, eu continuo, porque gosto do que faço. Quando já não gostar vou parar, mas enquanto gostar vou continuar”.

 

A “boa integração” de algumas Comunidades

Filha de imigrantes portugueses, Nathalie Lucas considera que “os Portugueses, os Espanhóis, os Italianos, os Polacos, tiveram uma boa integração. Não se pode dizer que criaram problemas. Claro que alguns criaram, mas no geral integraram-se bem, fundiram-se na massa” afirma ao LusoJornal. “E eu estou muito feliz que os filhos desses imigrantes tomem os destinos da França nas mãos. Aquilo que a França deu aos nossos pais, a nossa geração está a dar à França”.

Na entrevista-vídeo conduzida por David Gomes, a Maire de Thorailles afirma que “quando se vem para França, é necessário respeitar as leis da França. A França deve respeitar essas pessoas, mas essas pessoas também têm de respeitar a França. A França tem sido uma grande ajuda para muita gente e eu penso que a França merece que se reconheça o que ela fez por muita gente”.

Europeísta convicta, Nathalie Lucas sabe que “não existe a perfeição”, mas lembra que a União Europeia “trouxe-nos muitas coisas boas” lembrando o desenvolvimento da política agrícola, o programa Erasmus…

E já no fim da entrevista lamentou que Carlos Gonçalves não tivesse sido escolhido para continuar a ser Deputado pelo círculo eleitoral da Europa no Parlamento português.

 

Ver a entrevista AQUI.

 

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LusoJornal