Lusa / Estela Silva

Novo Diretor do Museu de Serralves no Porto é o francês Philippe Vergne

O novo Diretor do Museu de Serralves, no Porto, é o francês Phillippe Vergne, em funções desde o começo do mês, e afirmou esta semana que o primeiro desafio de grande parte das instituições culturais é a forma como decidem abordar o “espírito do tempo presente”.

Numa conferência de imprensa de apresentação do novo Diretor do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, Philippe Vergne mostrou-se “maravilhado” com a totalidade da Fundação, desde o Museu ao Parque, depois de a ter visitado pela primeira vez no âmbito do processo de transição dos Estados Unidos, onde trabalhou durante mais de duas décadas.

“O primeiro desafio – para Serralves e para muitas instituições dedicadas ao presente – é como é que te manténs relevante? Que tipo de programação vai continuar a abordar o espírito do teu tempo? Vais apoiar o espírito do teu tempo ou empurrar para trás as coisas no teu tempo com as quais podes não concordar?”, questionou o novo Diretor do Museu, que disse ser ainda demasiado cedo para falar sobre opções concretas de programação.

O francês Philippe Vergne salientou que a ideia de que, “no meio da cidade, há um Parque e que este Parque pode ser pensado como uma ilha terrestre de ideias e talvez utopias” foi-lhe “muito sedutora”, realçando que a biodiversidade do Parque devia estar integrada na própria programação.

Outro dos elementos que cativaram Philippe Vergne foi a coleção de arte de Serralves: “Esta é uma coleção fantástica, uma coleção muito corajosa, uma coleção de vanguarda e mal posso esperar por ‘brincar’ com ela. […] As ideias que eu sigo quando trabalho são que os artistas estão no centro, é importante a multidisciplinariedade, inclusão e diversidade, fazendo até as mais difíceis ideias acessíveis a um público abrangente”.

Questionado sobre quão familiarizado esteve sobre a controvérsia envolvendo o seu antecessor, João Ribas, Philippe Vergne disse que leu os jornais e respondeu que “os museus atravessam ciclos”, sem que tal situação tivesse afetado a sua decisão. “Quando a conversa entre mim e Serralves começou, isso já era algo do passado e eu olhei para o futuro”, disse Philippe Vergne, que acrescentou estar a aprender acerca da cena artística portuguesa, inclusive através de conversas com os anteriores diretores, questionando como abordaram Serralves e “qual o ímpeto por trás da sua programação”.

O antigo Diretor do Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles, nos Estados Unidos, de onde saiu depois de o seu contrato não ter sido renovado, meses após o despedimento da curadora Helen Molesworth, afirmou estar agora a atravessar “uma curva de aprendizagem” em relação aos artistas portugueses. “Talvez conhecesse os óbvios. Pedro Cabrita Reis, cujo trabalho conheci quando ele esteve na Documenta, a Leonor Antunes, que conheço e cujo trabalho adoro, o Francisco Tropa, que tenho acompanhado”, declarou.

Philippe Vergne frisou que Portugal “é um local internacional” e que o que também o atraiu para Serralves “foi a sua posição no mundo”, enquanto espaço que “atrai muito artistas de diferentes disciplinas”.

Antes de Philippe Vergne, a Presidente do Conselho de administração da Fundação de Serralves, Ana Pinho, enalteceu as qualidades de Philippe Vergne e declarou que o francês é “a pessoa certa para a ambição” da instituição que procura ser “cada vez mais relevante a nível internacional”.

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