LusoJornal | Carlos Pereira

Novo Diretor-Geral da CGD quer continuar a dirigir um “banco de proximidade”

[pro_ad_display_adzone id=”41079″]

 

Ricardo Caliço é o novo Diretor-Geral da sucursal de França da Caixa Geral de Depósitos, desde setembro deste ano, e substituiu Nuno Luz de Almeida que regressou a Portugal para se aposentar. Cristina Costa e Paulo da Silva são os novos Diretores Gerais Adjuntos.

Nos últimos quatro anos, Ricardo Caliço já era o Diretor-Geral Adjunto da Sucursal, por isso fala de “plano de continuidade” numa entrevista dada ao LusoJornal. Já conhece a casa e quebrou com a tradição, pelo menos nas últimas décadas, do banco de Estado enviar um Diretor-Geral de Portugal, para assumir o negócio em França.

Quando Nuno Luz de Almeida assumiu as funções de Diretor-Geral da Sucursal, em substituição de Rui Soares, a situação do banco em França estava “elétrica”, com uma greve de dois meses que se opunha a um anúncio alienação da Sucursal. “A situação agora está bem mais calma” diz o novo Diretor-Geral.

A venda da Sucursal esteve mesmo em cima da mesa, resultante de um pedido especial de capitalização do banco, que teve de ser validada por Bruxelas. “Bruxelas pediu a centralização do negócio e a venda de várias sucursais, e uma delas era a Sucursal de França” confirma Ricardo Caliço. E Lisboa assinou efetivamente o documento de Bruxelas, mas já na altura o Primeiro-Ministro tinha vindo a público garantir que Portugal não pretendia vender a Sucursal da CGD em França. “A Caixa Geral de Depósitos cumpriu rigorosamente o acordo de capitalização, a situação do banco melhorou e não fazia sentido vender esta Sucursal que é lucrativa” garante Ricardo Caliço. “Ultrapassada esta questão da venda da Sucursal, todos os outros pontos que levaram à greve de 2018 eram assuntos de negociação normal entre os Sindicatos e a Administração do banco em França”.

 

Um Diretório com promoção local

Ricardo Caliço passou pela Euronext, pelo Banco Mello Investimentos, pelo Espírito Santo Investment Bank (BESI) até chegar à Caixa Geral de Depósitos em 2001 onde ficou quase 10 anos na área de gestão de ativos. Desde 2010 tem estado ao serviço do banco no estrangeiro, primeiro no Escritório de representação da CGD em Nova Iorque, depois no Mercantile Bank South Africa, na África do Sul, até chegar a Paris em outubro de 2018.

Tem pois uma visão “exterior” do negócio bancário, o que lhe permite, certamente, comparar mais facilmente a dimensão do banco em França, com a dos seus concorrentes mais diretos, que não deixam de ser os bancos franceses.

Também os dois Diretores-Gerais Adjuntos conhecem como a palma das mãos a Sucursal da Caixa Geral de Depósitos em França. Cristina Costa entrou para o banco para atender os clientes ao balcão, passou a Diretora-adjunta de agência, Diretora de agência, Diretora regional, até assumir agora funções no Diretório do banco em França com os pelouros da área comercial e de marketing. Paulo da Silva integrou a CGD em Paris quando a Sucursal ainda tinha uma “sala de mercados” e depois continuou sempre no banco, especializando-se na área de “risco”, cujo pelouro guarda no atual Diretório.

Conhecer bem o funcionamento do banco e ter em conta a especificidade do nicho de mercado que pretende atingir, são as principais valências deste novo trio.

 

Um banco de proximidade

A expressão que Ricardo Caliço e Cristina Costa mais repetiram à entrevista do LusoJornal foi a de “banco de proximidade”.

“Por estes tempos muito se fala de banco à distância. Ora nós queremos precisamente um banco sem distância, um banco de proximidade” explica Ricardo Caliço. “É precisamente aqui que nós podemos fazer a diferença” confirma Cristina Costa.

Para o novo Diretor-Geral, continua a ser importante para um cliente, “saber que pode abrir a porta da agência bancária e pode falar com o seu interlocutor no banco. Há sempre dúvidas a esclarecer, conselhos a solicitar e essa é uma vantagem que os nossos clientes têm”.

Com esta relação de proximidade, Ricardo Caliço diz que pode seduzir clientes que não são portugueses, mas que se situam na mesma tipologia, e que se revêm nesta mesma proximidade que o banco quer estabelecer com os clientes. “Temos muitos clientes que não são portugueses, são franceses ou de outras nacionalidades, por vezes pequenos e médios empresários, mas que foram aconselhados por outros clientes, porque têm o mesmo tipo de necessidade” explica Ricardo Caliço. “Os nossos clientes são os nossos melhores embaixadores. Por isso, ter uma boa relação com o cliente é fundamental para nós. Um cliente contente vai trazer-nos outros clientes, um cliente chateado connosco vai embora e não nos traz novos clientes” resume ao LusoJornal.

“Nós não queremos ser como os bancos franceses. Nem temos a dimensão deles para o poder fazer. A Caixa Geral de Depósitos é um grande banco em Portugal, mas temos de estar conscientes que aqui, ao lado dos grandes bancos franceses, somos pequenos. Então podemos ter este modelo de proximidade que eles não conseguem ter” explica o Diretor-Geral.

 

Uma situação financeira particular

A situação pandémica dos últimos anos, seguida de uma crise energética e uma forte inflação na sequência da greve na Ucrânia, vieram fragilizar muito o tecido empresarial em França. “Durante a pandemia, os bancos foram considerados quase como ‘bens essenciais’, enquanto tudo fechava, os bancos tiveram de manter um atendimento ao público, certamente bastante regulamentado, mas as nossas agências mantiveram-se em funcionamento” começa por explicar o Diretor-Geral da CGD.

Mas a situação agora está bem melhor e Ricardo Caliço dá o indicador dos créditos para ilustrar a retoma. “Quando as taxas de juro estavam baixas, os bancos tinham as torneiras todas abertas e fizeram muitos créditos, agora eles fecharam as torneiras e nós mantemos um funcionamento normal” explicou ao LusoJornal.

A rede de bancos portugueses em França foi fortemente alterada nos últimos anos, com a retirada da Sucursal do BPI, com o encerramento do Escritório de representação do Novo Banco e, mais recentemente, do Santander. A Caixa Geral de Depósitos mantém uma rede estável de 49 agências em todo o país, 8 das quais na cidade de Paris, 32 na região parisiense e 9 agências em 8 outras cidades francesas, de Beausoleil a Anglet, de Bordeaux a Lyon, passando por Pau, Clermont-Ferrand, Grenoble e Tours.

Resultado da fusão entre a Caixa Geral de Depósitos e o Banque Franco-Portugaise, Ricardo Caliço repete que o banco tem história em França e reforça a ligação com Portugal. “Um dos nossos Diretores Regionais foi passar um tempo em Portugal, precisamente para reforçar este conhecimento, não apenas do sistema bancário português, mas também da administração fiscal” confirma Cristina Costa.

Conhecer tanto os clientes da primeira geração de emigrantes, como os seus filhos, na grande parte das vezes biculturais, é o interessante desafio do atual Diretório do banco.

 

Nova sede em 2023

O ano de 2023 vai ser marcado por mudanças de instalações.

A agência que está provisoriamente na avenue Kléber, vai voltar à sua instalação inicial na avenue Marceau. “O proprietário fez obras importantes no edifício e tivemos de sair daquelas instalações e agora que as obras acabaram, estamos já a preparar o espaço para voltar a instalar ali a nossa agência” explica Ricardo Caliço ao LusoJornal.

Esta agência foi durante muitos anos a única agência da CGD em França, e foi sempre a “vitrina” do banco em Paris, com um extenso painel de azulejos, foi também galeria de exposições de obras de arte e por ali passaram artistas de grande renome. A última exposição que ali foi realizada, foi comissariada pela antiga Secretária de Estado da Emigração, Maria Manuela Aguiar, sobre as “Mulheres da República”.

Instalada desde 2007 num “hôtel particulier” da rue de Provence, a sede do banco também vai mudar em 2023, passando a ocupar um andar de um edifício na avenue des Italiens. “Este espaço é bonito, mas não é funcional” explica Ricardo Caliço. “Vamos ter novas condições, num open-space, mais adaptado às nossas necessidades” e tendo em conta também o facto que muitos dos colaboradores do banco estão mais ausentes em teletrabalho.

 

[pro_ad_display_adzone id=”46664″]

LusoJornal