O LusoJornal comemora esta segunda-feira 20 anos de existência


No dia 16 de setembro de 2004, foi apresentada, na Galerie [In]Achevée, em Paris, a primeira edição do LusoJornal, o primeiro semanário franco-português editado em França, um projeto lançado por quatro associados: os jornalistas Carlos Pereira e Clara Teixeira, o fotógrafo José Lopes e o comercial Nelson Rocha, que abandonou o projeto pouco mais de um ano depois.

“O LusoJornal veio responder, simplesmente, a uma necessidade de suportes de informação. Até essa altura havia apenas jornais mensais, salvo uma experiência de poucos anos de uma versão quinzenal do jornal Encontro” explica Carlos Pereira. “Não fazia sentido que uma Comunidade com 1,5 milhões de Portugueses não tivesse notícias suficientes para alimentar um jornal semanário. O tempo deu-nos razão”. Ainda hoje, os demais suportes existentes em França são mensais.

A linha editorial do LusoJornal mantém-se a mesma desde 2004: abordar a Comunidade portuguesa de França e a relação entre a França e Portugal. Mas aborda também as diferentes Comunidades lusófonas radicadas em França.

“Atualmente justifica-se ainda mais esta linha editorial. A diferença faz-se ao abordarmos assuntos que mais ninguém aborda. Claro que dá mais trabalho, mas é um domínio onde não temos concorrência” explica o Diretor da publicação. “No mundo global em que vivemos, sabemos mais depressa em que rua caiu uma bomba na Palestina ou na Ucrânia, sabemos quantas vítimas provocou, mas não sabemos o que se passa na nossa rua”.

Depois da pandemia de Covid-19, o LusoJornal optou por uma versão unicamente digital deixando de parte a versão papel. “Em boa hora tínhamos criado, antes da pandemia, um novo site para o LusoJornal com informação diária. Porque se não tivéssemos este site, a pandemia teria acabado definitivamente com o jornal” garante Carlos Pereira. “A pandemia trouxe-nos muitos leitores. Na verdade, passamos de cerca de 20.000 leitores na edição em papel a mais de 200.000 leitores. Multiplicar o número de leitores por 10, foi uma situação que nunca tínhamos imaginado”.

Mas muitos leitores continuam a pedir uma versão impressa do jornal. Esta equação continua em análise, mas depende da área comercial. “De qualquer das formas, seriam dois projetos distintos. Num jornal em papel teríamos informação mais detalhada e pedagógica, enquanto na versão digital teríamos informação mais imediata”.

O LusoJornal é realizado por uma estranha coabitação entre profissionais e amadores. “Não nos podemos passar de uma equipa profissional, mas também não nos podemos passar da equipa de amadores que colaboram connosco. Eu considero que são amadores de muito bom nível e que colaboram connosco por paixão pelo jornalismo”.

O maior problema do LusoJornal continua a ser financeiro. “Temos um problema crónico praticamente desde o início: a área comercial. Nos primeiros anos de vida o jornal cumpriu com os objetivos, mas depois não temos conseguido encontrar uma solução comercial” queixa-se Carlos Pereira.

O vigésimo aniversário do LusoJornal deu uma nova motivação à equipa. “Não temos festa prevista, mas fazer anos é sempre motivador” diz o Diretor da publicação. “Mas a maior motivação é a de saber que estamos a fazer um trabalho de serviço público”.

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