Home Opinião Obrigado, GrégoryJose de Paiva·13 Julho, 2017Opinião Novos horizontes se lhe abrem para a sua atividade escolar, diria profissional, caro Grégory David. Mas o seu percurso ao lado dos Portugueses é exemplar e merece respeito e homenagem. É alguém de formidável, que dá sem esperar que haja um retorno de volta. É formidável de ver um Francês, alguém que não tem nada de particular que o ligue a Portugal, nem mesmo um mínimo de ligação familiar, servir tão bem o meu país, partilhar como não importa qual Português o amor que nós outros dedicamos ao nosso país, à sua cultura, à sua gastronomia, às suas tradições. Desde que o conheci, há alguns anos, fui-me aos poucos e poucos apercebendo das suas qualidades e valores mas, essencialmente, dei-me conta do forte amor que sente e dedica a Portugal e aos Portugueses. E aos poucos construí um pouco dessa história. Sei que em 1996, com a idade de 6 anos, um vizinho português natural de Viana do Castelo o levou a ver dançar o grupo folclórico Ronda Típica de Chalette, um grupo que de imediato o adotou e lhe permitiu descobrir esta face da cultura portuguesa, especialmente o seu folclore. Desde então, passados 21 anos, o Grégory passou por todas as fases desta Associação, tendo-a integrado e começado a dançar aos seis anos de idade, no grupo das crianças, mais tarde no grupo dos adultos onde hoje continua, tendo mesmo encontrado o tempo para ensinar as danças às crianças e jovens dançarinos. Em dezembro de 2013, com 23 anos de idade, foi eleito Presidente da Ronda Típica pelos seus pares. Nada de excecional nesta escolha, o amor de Grégory por Portugal e pela Associação, embora se tratasse de “um Francês” para defender a cultura portuguesa, a música e o folclore de Portugal, a vida da Comunidade como um todo, ultrapassaram todas as barreiras que, aliás, nunca existiram. O respeito, o rigor, os valores são os únicos critérios. Uma integração perfeita. Mas o seu percurso e espírito cívico não se limitam à integração numa Comunidade, se assim se pode dizer, e vai muito mais longe. Sei do seu empenho como voluntário militar da reserva na Gendarmerie National francesa, desde 2008, em que, durante esta carreira, foi homenageado diversas vezes pela Instituição e, em particular, por Bernard Cazeneuve, então Ministro do Interior, de visita a Orléans, assim como do facto de ter recebido duas medalhas militares, a Medalha de serviço militar voluntário e a de defesa nacional, ou ainda, em paralelo com estas funções, ser também um Instrutor na Gendarmerie National, para orientar jovens soldados. Em 2008, com 18 anos, o Grégory ganhou o 1º Prémio do Concurso da Resistência Nacional, a nível da Região, prémio atribuído pelo Préfet da Région Centre, que tem Orléans como capital regional. Além destes compromissos com a nação, Grégory David é particularmente investido na cultura. De facto, desde 2014, é jornalista da Rádio Campus Orléans, o que lhe permitiu cobrir vários eventos importantes, como a COP21, ou o Parlamento Europeu. Ou ainda, as últimas eleições portuguesas para a Assembleia da República. Administrador da Radio desde 2015, esforça-se para manter e preservar uma média que é, no seu dizer, fundamental e essencial, como o é a rádio estudante universitária e, aliás, em setembro de 2016, como jornalista, integrou o média “Bondy Blog Centre”, a fim de continuar o seu compromisso com a imprensa e informação. Assim, meu caro Grégory, constato que desde a sua tenra idade está constantemente envolvido com os outros e soube abrir-se aos outros. A prová-lo, já no liceu foi várias vezes Presidente de classe, foi Delegado do Conselho de administração do seu liceu e, durante o seu percurso universitário, foi Vice-Presidente da associação ELSA, primeira associação jurídica da Europa. Noto os vários estágios na jurisdição e também nas Nações Unidas em Genebra. Diplomado em Direito, vai continuar os seus estudos de Direito, a fim de preparar o Concurso Nacional da Magistratura, em Bordeaux. É esta a razão pela qual deixa a Ronda Minhota. No fundo, não deixa. Tal é impossível. É apenas um pequeno desvio, um pequeno “Até sempre” porque, eu sei, e todos os que o conhecem sabem do seu amor indefétivel por Portugal. Sinto-me honrado de ter dito um dia que era “o mais Português dos Franceses”.