Simon-Frederick Home Opinião Opinião: Adeus Carlos do Carmo, a Deus agradecemos pela tua vinda a este mundoAntónio Marrucho·1 Janeiro, 2021Opinião [pro_ad_display_adzone id=”46664″] Num ano que se deseja melhor, um monstro acaba de nos deixar. Houve Amália Rodrigues e houve Carlos do Carmo. O fado fez Amália, o fado construiu Carlos do Carmo. Amália e Carlos do Carmo fizeram fado, constituíram fado, construíram uma legenda, construíram um país além-fronteiras. Carlos do Carmo, perante a morte todos somos iguais, desculpa o meu atrevimento de te tratar por tu. Carlos, leva-nos por favor, uma mensagem para o outro lado, para Amália: diz-lhe que não a esquecemos, como não te esqueceremos, Carlos. Bem hajas Carlos, bem haja Amália e todos os outros e outras que contribuíram para que o fado faça hoje parte do Património Imaterial da Humanidade. Fostes, Carlos e Amália, de uma certa maneira, os iniciadores da internacionalização do fado. Bons professores para Marisa, Ana, Katia, Camané, e quantos mais. O fado de envergonhado nos últimos anos da ditadura salazarista, libertou-se com o 25 de Abril atravessando fronteiras, indo mais além. Bem hajas passador. Carlos, bem hajas por teres contribuído para o reviver da tradição. Tivemos a oportunidade de entrevistar Amália. De ti, Carlos do Carmo, recordámo-nos de te ter feito uma pergunta sobre o fado. Não nos lembramos exatamente do ano. Foi durante uma campanha eleitoral. Na altura os partidos políticos para incentivar os emigrantes portugueses a votar convidavam artistas a vir a França fazer espetáculos e ajudar a animar o debate. Éramos bem poucos a assistir ao teu concerto no Teatro Sebastopol de Lille. O Carlos não fez um espetáculo tradicional. Foi um concerto intimista no qual falaste do fado em geral, da sua história e das diferentes formas de fazer o fado. O público foi solicitado para te fazer perguntas. Fizemos a nossa, sobre as diferentes formas de cantar o fado. Neste dia em que gostaríamos de tocar, de fazer Alvorada, estamos tristes por perder uma andorinha, tu que eras um homem do povo, um homem do país, um homem da cidade que tão bem nos sabias interpretar: “Canoas do Tejo” e “Lisboa, menina e moça”. Bem hajas por nos dizeres que mais que amor, é amar. Portugal começa hoje a governar a Europa, escutaremos o teu álbum “Canção para a Europa”… Com a tua voz de marinheiro deixas-nos mais que um perfume de fado. O emigrante que cantaste, o emigrante que sou, diz-te: Bem Hajas. [pro_ad_display_adzone id=”41082″]