Opinião: Algo sobre o meu pai Adriano…


Apenas alguns meses antes de emigrar para França, em 1962, o meu pai trabalhou como trolha na restauração desta maravilhosa Casa do Paço, situada a caminho entre a Lixa e Telões, hoje completamente fechada e até adormecida.

Este curto emprego do meu pai, depois de ter deixado a Quinta da Barroca ao senhorio Sr. Mauricio Macedo, residente na antiga propriedade de Sanguinhedo, hoje ocupada por um luxuoso residencial de turismo, o Monverde.

Hoje poderiamos dizer que o meu pai fez, nessa casa do Paço, uma formação acelerada de construção civil, para obter um contrato de trabalho conforme às exigências francesas e poder desde a sua chegada a Montceau-Les-Mines, especializar-se nessa aérea, contribuir assim ao desenvolvimento da oferta de habitação em França e que tanto fazia falta naquela epoca.

Afinal o meu pai abandonou essa aérea da construção civil para integrar a primeira construtora de pneus do mundo, a Michelin recentemente instalada na cidade de Blanzy, nesta província da Borgonha.

Emprego que apenas deixará para uma reforma bém merecida.

Durante estas minhas três semanas em Portugal e dedicadas a meus amigos, minha família, minha infância, vi modernismo, investimento em fábricas, no turismo e para tudo o que é consumo alimentar ou de lazer.

Fábricas em ruinas como a Belcor na entrada de Felgueiras, hoje transformadas num prestigioso centro comercial com múltiplas lojas já em exploração.

Também vi muitas antigas belas quintas e casas abandonadas como se as famílias ricas da minha infância tivessem desaparecido do mapa e os seus descendentes em perdição por qualquer outra parte do mundo.

Costuma-se dizer e assim mais o ouvi várias vezes durante estas minhas férias na minha terra da Lixa: os pobres de ontem conseguiram elevar-se economicamente e os ricos de antes “foderam tudo”.

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Manuel Maia Teixeira