Opinião: Chegou… ou então está a chegar a hora da verdade prometida… mas enganadora_LusoJornal·Opinião·12 Junho, 2025 Há uns tempos atrás, escrevi alertando para o que se estava a passar com a Extrema-Direita na Europa e até em Portugal. Este alerta não foi muito lido, pois a Comunidade teve escolhas muito alarmantes e tristes nas últimas eleições. Cá estamos então num cenário que vai pôr a sociedade portuguesa em dificuldades, nomeadamente o equilíbrio e a paz entre etnias e certas nacionalidades de imigrantes, assim como a sociedade portuguesa, a todos os níveis sociais. Confortados com os números favoráveis das eleições, atualmente o partido Chega e os seus Deputados podem “dar cartas” politicamente – como diz o Zé-Povinho. Na Assembleia da República podem bloquear projetos, apresentar moções, e até fazer votar Leis sem interesse para todos, mas só para alguns. Conhecendo os valores políticos que os animam, não podemos esperar paz e harmonia. Os sentimentos de racismo, xenofobia, e de política anti-social por eles espalhados, aqui então nas mentes e raciocínios dos portugueses, serão certamente o detonador de crises sociais e de conflitos entre os portugueses e os imigrantes recentemente chegados a Portugal e sem esquecer as etnias minoritárias. Eu não compreendo os eleitores através de toda a Europa, nomeadamente na Comunidade portuguesa. O que os levou a este voto? Se foi uma forma de contestarem a má governação e a corrupção dos diferentes Governos de Direita e de Esquerda, não foi esta a boa escolha de o demonstrarem assim nas urnas. Se foi porque as suas capacidades culturais e de educação geral não dão para refletir, e pensarem corretamente, pensarem que uma sociedade moderna não é viável com estes valores que citei acima, e também não são a boa solução a curto termo. Os dirigentes do Chega e todos os Deputados eleitos, nem sabem a responsabilidade que têm hoje nas mãos, para que em Portugal haja um equilíbrio político, de paz, e de boa governação, respeitando os resultados destas eleições, onde todos, todos, todos possam viver e desfrutar das riquezas da nossa terra, isto em partilha e harmonia entre os povos, que hoje a habitam, muitas vezes na esperança de uma vida melhor que todos procuramos. Se voltamos há cinquenta anos, ao nosso povo, a nossa sociedade portuguesa, as camadas sociais mais desfavorecidas, também sentiram a necessidade de partir para outros países, França, Alemanha e Bélgica, entre outros, e que nos acolheram de braços abertos, pois eles estavam em reconstrução, após uma guerra que destruiu a Europa dos anos 1945. Nós precisávamos destes povos, e eles precisavam da nossa mão de obra para a sua reconstrução. Foi então o que aconteceu que centenas, milhares de portugueses, deixaram o seu “cantinho” para trabalharem e ganharem uma vida melhor sobre o plano financeiro. Hoje, todos eles vivem em paz, desfrutando das riquezas que o nosso trabalho produziu nestes últimos 70 anos por toda a Europa. Claro que tudo isto tem de ser feito com uma boa e longa reflexão ao nível dos Governos. A situação de hoje, que todos podemos verificar, deixa a crer que isso não foi feito. Houve uma porta aberta durante meses e anos, a imigração clandestina e a normal, o que hoje é difícil de fechar, de regular e mesmo de equilibrar. Ajudar a integração, escolher os setores laborais onde há mais necessidades de mão-de-obra, regular tudo isto com inteligência e, claro está, com equilíbrio onde se devia preservar o trabalho para todos… respeitando todas as regras laborais, como os salários e tendo em conta as leis portuguesas neste setor, que é o trabalho que já muito sofria estando em escassez. Aconteceu muitas vezes que patrões sem escrúpulos aproveitando a situação, criaram regras que favorecem os seus interesses pecuniários e também criaram novos montantes de remuneração salarial, onde por vezes se anda em parâmetros interditos de valores, que avizinham situações de escravatura dos tempos modernos. Concentração de pessoas e famílias em alojamentos sem condições sanitárias ou de conforto. Barracas, contentores e outras situações vêm assim o dia nas nossas quintas de produção agrícola e nos arredores das grandes cidades do nosso Portugal. Ao nível da saúde e da educação, pouco é feito ou nada o que provoca, mais ainda, o nascer de situações criminais, como roubos, violações e até provocações e ameaças entre as Comunidades existentes. O equilíbrio da paz social em Portugal está em jogo, em perigo, e é uma realidade para a qual os Governantes devem rapidamente encontrar soluções e certamente que não precisam de quem ande a “botar gasolina” na fogueira que começa a cheirar a fumo. A situação é muito explosiva e o partido Chega, com as suas afirmações e conselhos, divulgados nas redes sociais ou nos discursos, por vezes não refletem a realidade e são mesmo enganadoras, com parâmetros de soluções fantasistas. Hoje, reforçado com os resultados das eleições, poderá ser o detonador de algo muito grave na sociedade portuguesa. O que não me custa, mesmo a dizer e anunciar situações a “Klux-Klan” que refletiram violentamente os problemas sociais que existiram na sociedade Americana nos anos cinquenta. Espero que os membros da Comunidade portuguesa que votaram para esta situação de hoje, tenham vergonha e peçam desculpas pelo mal que fizeram, dando desta feita um certo poder ao Chega. Sempre pensei que a cultura e tudo o que nós passámos durante décadas, não iria dar estes resultados. Temos a memória curta. Lembrem-se só deste nome, “Salazar” e se culturalmente falando se recordam de tudo o que ele pode fazer de negativo para a sociedade portuguesa… porque é que votaram por uma Extrema-Direita fascista? Pode-se dar o caso que vocês todos, até nem sabiam destas coisas… Coitados. Que Deus nos ajude.Jorge CamposConselheiro das Comunidades Portuguesas (CCP)Eleito em Lyon/Marseille