Opinião: Portugueses, defendem a União Europeia. Não fiquem em casa

Aproximam-se as eleições para o Parlamento Europeu e paira no ar o espetro da abstenção. Mas também o do nacionalismo que está a invadir a Europa. E tanto uma coisa como outra são muito preocupantes porque ambas ferem a democracia. E, claro, no atual contexto que vive a Europa, uma grande abstenção abre o caminho às forças extremistas antieuropeias, xenófobas e contra o multiculturalismo, que assim poderão aumentar a sua influência no Parlamento o Europeu. Isso é muito preocupante, porque pode bloquear a União Europeia. Muitos destes Partidos têm mesmo o objetivo confesso de destruir a Europa.

Respiramos de tal maneira a Europa que já nem nos damos conta dos seus benefícios. A paz, o progresso, os valores humanistas e os direitos humanos, a consolidação das democracias e das liberdades, a liberdade de circulação. Portugal tem sido desde a sua adesão em 1986 um dos grandes beneficiários da União Europeia, mas também um dos países que já deu muitos e importantes contributos para o seu aprofundamento.

O desenvolvimento do pais é visível. As infraestruturas estão aí para o demonstrar. Boas estradas, portos, aeroportos, equipamentos sociais, desportivos e de lazer. Mais e melhor educação e mais e melhores cuidados de saúde, com boas escolas e hospitais. Muito mais médicos e professores. Mas não só. Hoje os jovens portugueses até aos 25 anos têm uma frequência do ensino superior que está na média da União Europeia.

Muito deste progresso devemo-lo ao contributo da União Europeia. E devemos reconhecê-lo. Por tudo o que atrás ficou escrito e muito mais. Pela posição da Europa no mundo, por exemplo. Cada país é muito mais forte dentro da União Europeia do que fora dela. E defende-se muito melhor dos seus adversários globais como a Rússia, a China, os Estados Unidos ou a Turquia. Alguns deles apostados em enfraquecer a União Europeia. E tem também melhores condições para enfrentar os desafios globais como as alterações climáticas, as migrações, a defesa dos direitos humanos, o desenvolvimento sustentável ou o progresso científico e tecnológico. Os valores humanistas da Europa são um bem para todo o mundo e devemos defendê-los de forma intransigente.

E é neste contexto que os Portugueses enquanto povo estruturalmente migrante devem ser os primeiros a reconhecer a importância e os benefícios da Europa. A liberdade de circulação desde logo, que permite aos Portugueses deslocarem-se para qualquer outro Estado-membro para viver, trabalhar, fazer negócios, abrir empresas em igualdade de circunstâncias com as pessoas do país. Isto é, a União Europeia tem como um dos seus valores fundamentais a rejeição da discriminação e faz um combate permanente à intolerância. Permite ter direitos sociais e laborais e levá-los consigo na idade da reforma se quiserem regressar a Portugal.

Permite que esses direitos de cidadania que foram consagrados nos tratados europeus se traduzem na possibilidade de eleger e de ser eleito em qualquer Estado-membro. E a França é um bom exemplo, porque haverá cerca de 4 mil eleitos portugueses ou de origem portuguesa espalhados pelas Mairies de todo país, que constituem uma referência para as nossas Comunidades para dinamizar a sua integração e participação cívica.

Mas há ainda outro fator. Foi recentemente aprovada uma importante alteração às leis eleitorais que beneficia de forma gigantesca os Portugueses residentes no estrangeiro, que é a adoção do recenseamento automático. Isto significa que todos os nossos concidadãos que têm no seu Cartão do Cidadão uma morada no estrangeiro ficam automaticamente inscritos como eleitores para todas as eleições consagradas na lei, que são as Europeias, as Legislativas e as Presidenciais.

Esta alteração traduz-se num aumento do número de eleitores de cerca de 320 mil para perto de um milhão e meio. Esta é a medida mais ousada e corajosa que algum Governo alguma vez já tomou para dar mais força, voz e influência às nossas Comunidades. Mas precisam de compreender bem o alcance desta medida e participar nas eleições.

Por todos estes argumentos e muitos outros que se poderiam acrescentar, é fundamental ir votar aos postos consulares nos próximos dias 25 e 26 de maio. Para defender a Europa e os direitos dos Portugueses. Para que todos os residentes no estrangeiro tenham mais voz e influência através da sua participação. Não se abstenham de ir votar. Não fiquem em casa. Participem. A Europa e Portugal precisa de todos nós.

 

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LusoJornal