LusoJornal / Jorge Campos

Opinião: Procuram-se candidatos de TODOS os Portugueses


Este fim de semana vão ter lugar as eleições para os Deputados que vão representar Portugal no Parlamento europeu. Repito: este fim de semana. Porque, contrariamente ao que é dito, as eleições não terão lugar apenas no domingo. Aqui, em França, quem votar nos (poucos) postos consulares, pode fazê-lo no sábado dia 8 e no domingo, dia 9 de junho.

Convém sempre lembrar que há eleitores Portugueses que residem no estrangeiro.

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Os cidadãos portugueses residentes em França escolhem em que candidatos querem votar: se nos candidatos portugueses, se nos candidatos franceses.

Pessoalmente eu escolhi votar nos candidatos franceses. Fiz esta escolha há uns anos, por convição e por ter acreditado, naquela altura, que o meu voto fazia mais falta em França do que em Portugal, e depois fui deixando, por vezes por não ter tempo para fazer a alteração, por vezes até por mero esquecimento.

Por vezes arrependi-me. Podia dar o contributo em Portugal e…

Mas desta vez não. Desta vez não me arrependo.

Não me arrependo porque nenhum dos 17 candidatos portugueses se dignou falar com os emigrantes em França (e é aqui que está o maior número de eleitores portugueses fora de Portugal). Nenhum.

Aqui, no LusoJornal, pensámos duas vezes. A primeira hipótese era: vamos convidá-los todos, vamos fazer o que temos feito em todas as eleições e entrevistar cada um dos 17 cabeças de lista. Mas também tínhamos outra hipótese: vamos esperar e vamos entrevistar apenas aqueles que vieram cá fazer campanha eleitoral.

Optámos por esta segunda hipótese.

Visto a experiência das eleições Legislativas – em que entrevistámos pessoas que não tinham nada para nos dizer! – decidimos ganhar tempo (ou pelo menos, não o perder).

Pensávamos que um ou outro partido ainda podia aparecer por aqui numa qualquer ação de campanha, nem que fosse simbólica.

Qual melhor simbolísmo do que este: nenhum se lembrou dos eleitores que moram em França. Não foi por mal, claro. Foi por puro esquecimento.

Mas na verdade, esquecer-se de alguém é bem pior do que lhe querer mal.

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Se houve assunto que marcou esta campanha eleitoral foi a imigração. Imigração com ‘i’. Falou-se, refalou-se, voltou-se a falar…

Muitos dos meus colegas jornalistas, em Portugal, mostraram até alguma ignorância no assunto, trocando com facilidade os termos “imigrante” e “emigrante”. E finalmente… um imigrante num país é sempre um emigrante de outro país, não é?

Falou-se em imigrantes. Por isso, com mais um esforçosinho pequerruchinho, também podiam falar em emigrantes. Nem que fosse para dizer que seria bom que Portugal acolhesse os seus imigrantes como gosta que os outros países acolham os seus emigrantes.

Podia ser uma oportunidade para virem aqui dizer o que pensam da emigração e que Europa defendem para nós, que já partilhámos a vida neste espaço geográfico sem fronteiras.

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E agora, olhos nos olhos, digam-me se o meu amigo António, que mora em Dijon, deve deslocar-se 400 km (ida e volta) para ir votar ao Consulado de Lyon? Digam-me lá se a minha amiga Elsa, de Oloron Sainte Marie, deve deslocar-se 500 km (ida e volta) para ir votar ao Consulado de Bordeaux? Digam-me se devem ir votar, quando nenhum candidato – nenhum mesmo – se dignou pedir-lhes o voto.

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Na segunda-feira, quando contarem os votos, vão correr lágrimas de crocodilo e, acreditem, vai aparecer gente desavergonhada para acusar os emigrantes de não se interessarem pela política.

Espero que não me venham dizer isso a mim.

Porque posso faltar o respeito à alguém.

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