Opinião: Remessas da Suíça ultrapassam as de França

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O Banco de Portugal divulgou os valores das remessas enviadas em 2020 pelos Portugueses residentes no estrangeiro, não sendo de estranhar que tenha havido uma redução do seu valor relativamente a anos anteriores, mesmo sem ser muito expressivo, de apenas 1,6 por cento relativamente ao ano anterior. A pandemia explica-o cabalmente.

Mas uma análise mais fina revela dados interessantes sobre o atual contexto migratório.

Desde logo, as remessas são um indicador do dinamismo económico global. Como a economia está em forte desaceleração, criando desemprego, redução das despesas familiares e preocupações em relação ao futuro, é natural que isso também se reflita no volume de dinheiro disponível para enviar para Portugal.

O que é interessante nestes dados, é que as remessas oriundas da Suíça ultrapassaram pela primeira vez, desde que são publicadas estatísticas, as que chegam a Portugal vindas de França, onde vivem três vezes mais portugueses, e isto sem contar com os lusodescendentes, que mantêm também muitos laços com o país. E estamos a falar de valores muito significativos, visto que os dois países sozinhos representam qualquer coisa como 57 por cento do total dos mais de 3.600 milhões de euros enviados em 2020.

Talvez uma das razões para que isto aconteça se deva ao facto de os Portugueses residentes em França estarem mais determinados em ficar do que os que vivem na Suíça, visto que temos assistido a um movimento de regresso ao país, por diversas razões, entre elas o facto de as leis da emigração estarem mais apertadas, por haver um ambiente menos favorável na sociedade, por razões fiscais e pelo aumento do custo de vida.

Assim, este fluxo de capitais que está a ser enviado para Portugal também pode ter a ver com o facto de muitos Portugueses residentes na Suíça estarem a planear regressar definitivamente a Portugal, muitos dos quais, aliás, têm utilizado o programa “Regressar”, que oferece condições apelativas para quem queira deixar os países de emigração.

Na Europa, o país de onde a seguir chegam mais remessas é do Reino Unido, muito atingido pelo processo do Brexit e, fora da Europa, Angola, onde a queda do preço do petróleo e o ciclo económico negativo tem afastado muitos Portugueses do país.

Assim, este é mais um dos efeitos da pandemia na estrutura populacional mundial, na atividade económica, nos fluxos migratórios e no futuro de milhões de pessoas, que vêm as suas vidas transformadas por causa do vírus, que tem tido efeitos tão destrutivos nas nossas sociedades e que ainda ninguém conseguiu perceber bem a sua real dimensão. O tempo e a história dirão até que ponto a pandemia está a transformar o mundo e a vida das pessoas.

Um abraço a todos.

 

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LusoJornal