Lusa | António Pedro Santos Home Opinião Opinião: Sofia Fitas, Francisco Tropa e Isabel MeyrellesJoão Pinharanda·3 Dezembro, 2019Opinião A agitação das festas natalícias, o encadeamento das pequenas férias e feriados, propiciando deslocações e viagens familiares e turísticas, conduzem sempre as agendas de dezembro a uma diminuição de eventos. Ainda assim a vida cultural continua… Dia 2 e 3, sempre às 15h00, no Centre National de la Danse, en Pantin, Sofia Fitas, com a sua companhia de dança, apresentou duas peças do seu repertório, Experimento 4 e Disparitions (Experimento 5), esta ainda em desenvolvimento, e inspirando-se no Livre de l’Intranquilité de Fernando Pessoa. A bailarina e coreógrafa Sofia Fitas tem vindo a desenvolver um intenso trabalho de articulação e desarticulação, transformação e multiplicação (de quase metamorfoseamento) do seu próprio corpo a que junta a intensa experimentação vocal de Sébastien Jacobs. Dia 4, no quadro da exposição Sculptures Infinies, Francisco Tropa, artista perfeitamente enraizado no panorama artístico francês, é, entre exemplos e nomes históricos e nomes da atualidade internacional, um dos selecionados. A exposição é uma coletiva de escultura que parte da ideia de molde e cópia ao longo da história da escultura e estabelece um percurso que nos traz do período das cópias em gesso até à era digital. A génese desta exposição corresponde a uma colaboração portuguesa e francesa, juntando obras do Louvre, da Réunion des musées nationaux, da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, do MuseuCalouste Gulbenkian, em Lisboa, e da École des Beaux-Arts de Paris, em cujas salas de exposições pode ser vista até 16 de fevereiro. Aproveitando a certeza de que muitos de vós visitarão Portugal, sobretudo o Norte do país, nos dias de festas que se aproximam, aqui fica uma recomendação, portuguesa, mas que explora, ainda assim, uma relação direta com a França. Uma semana depois da intensa segunda-feira de homenagem a Cargaleiro, que vos anunciámos (A propósito?! Já passaram nos novos corredores da estação Champs-Elysée Clémanceau onde vos receberão as floridas paredes azulejares de Cargaleiro?!), faremos pois justiça a alguém que, como ele, habita Paris desde os anos de 1960 e que, como ele, já bem entrada na nonagésima década de vida é, também, decana dos artistas portugueses/das artistas portuguesas. Trata-se de Isabel Meyrelles de quem venho recomendar a vasta retrospetiva exposta em Vila Nova de Famalicão, nas salas do importante Museu da Fundação Cupertino de Miranda, cuja coleção é dedicada fundamentalmente ao Surrealismo português. E, Meyrelles, sendo surrealista, vivendo em Paris há mais de meio século, é também a única mulher artista do surrealismo histórico português onde surge ligada ao grupo dissidente de Cesariny ou Cruzeiro Seixas (outro decano felizmente ainda vivo). Para além da poesia, os trabalhos desta percursora feminista, são fundamentalmente escultóricos, trazendo para a terceira dimensão os sonhos e pesadelos, as associações inesperadas de formas, trucagens e jogos de sentido que alimentam a vertigem do universo surrealista. Boas escolhas culturais e até para a semana. Esta crónica é difundida todas as semanas, à segunda-feira, na rádio Alfa, com difusão antes das 7h00, 9h00, 11h00, 15h00, 17h00 e 19h00. [pro_ad_display_adzone id=”25427″]