Oposição cabo-verdiana questiona políticas para a diáspora_LusoJornal·Comunidade·10 Novembro, 2024 O PAICV, maior partido da oposição cabo-verdiana, disse esta semana faltarem mecanismos para envolver a diáspora no desenvolvimento de Cabo Verde, mas o Ministro das Comunidades contrapôs, dizendo que o Governo tem trabalhado para dar centralidade aos emigrantes. “As iniciativas para fortalecer as ligações com os cabo-verdianos no exterior e integrá-los de forma significativa no desenvolvimento do país têm sido, muitas vezes, insuficientes e superficiais”, apontou o Deputado do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) Francisco Pereira, no debate parlamentar. O Governo, suportado pelo Movimento para a Democracia (MpD, no poder), “falhou em criar mecanismos eficazes para o envolvimento ativo da diáspora no desenvolvimento integrado de Cabo Verde”, sustentou. O Deputado referiu que o Governo tem feito “promessas, discursos balofos e eloquentes, viagens e diagnósticos”, mas que, na prática, é apenas “distanciamento com a diáspora”. O Deputado do PAICV questionou o Governo como é possível haver tal “centralidade” quando existem “graves problemas, mormente os de ligação via transportes aéreos internacionais e domésticos e com elevados custos”. Por outro lado, disse haver uma “complexa situação do desembaraço alfandegário dos bens e das encomendas dos emigrantes” e uma “fraca capacidade de operacionalização das condições do investimento emigrante”. Acrescentou ainda que Cabo Verde precisa de iniciativas em que a diáspora “não seja vista apenas como fonte de remessas, mas como agente e parceiro estratégico no processo global do desenvolvimento”. . O Ministro das Comunidades, Jorge Santos, defendeu que o “programa do Governo considera a diáspora uma centralidade” e que tem trabalhado para desenvolver políticas públicas neste sentido. A título de exemplo, referiu a criação de uma rede digital de conectividade com a diáspora e apontou igualmente o desenvolvimento de “um dos maiores projetos do Governo”, que é o mapeamento dos emigrantes, ainda em curso. “Um dos eixos importantes das políticas públicas, neste momento, é consolidar o investimento da diáspora com o seu aumento e qualificá-lo em tudo o que seja privatizações em Cabo Verde”, apontou. O Ministro referiu ainda que “Cabo Verde precisa continuar” a reforçar as suas políticas públicas, integrando a diáspora como um dos seus eixos vitais de diálogo global, que deve promover em prol da sua ambição de desenvolvimento. Cabo Verde é um Estado insular com cerca de 500 mil residentes nas ilhas, mais 1,5 milhões na diáspora, responsáveis por importantes remessas para a economia local.