Home Cultura Paris acolhe diálogo entre arte de Pedro Costa, Rui Chafes e Paulo NozolinoLusojornal·26 Maio, 2022Cultura [pro_ad_display_adzone id=”37509″] Pedro Costa, Rui Chafes e Paulo Nozolino vão expor juntos a partir de junho no Centro Pompidou, em Paris, mas haverá ainda outros eventos paralelos em torno destes artistas, nomeadamente um livro do filósofo Jacques Rancière. “O resto é sombra”, que inaugura a 07 de junho, é uma exposição coletiva que coloca em diálogo trabalhos daqueles três artistas portugueses, com projeção de filmes de Pedro Costa, fotografias de Paulo Nozolino e esculturas de Rui Chafes. À Lusa, Pedro Costa explicou que “O resto é sombra” é uma nova colaboração criativa entre os três autores, depois de o realizador ter exposto em 2018 no Museu de Serralves, no Porto, contrapondo a sua obra à de artistas convidados. Além de Rui Chafes e Paulo Nozolino, a exposição contava com obras de autores como Jorge Queiroz, Robert Bresson, António Reis e Chantal Akerman. Pouco depois dessa exposição no Porto, Pedro Costa teve carta branca para estar no Centro Pompidou, ‘à boleia’ dos vinte anos da estreia do filme “O quarto da Vanda” (2000). “Não me apetecia fazer eu sozinho uma coisa. Liguei ao Paulo e ao Rui e propus-lhes virem fazer isto comigo. Isto cresceu, foi logo aceite pelas pessoas do Pompidou. Quis que isto fosse a três”, sublinhou. A exposição “O resto é sombra” já deveria ter sido inaugurada, mas a pandemia da Covid-19 alterou o calendário e só este ano é que se concretiza, associando-se agora à Temporada França Portugal 2022. Este tempo de espera entre o convite e a inauguração permitiu-lhes estender a reflexão sobre aquilo que cada um queria ver exposto no Pompidou, numa curadoria de Philippe-Alain Michaud e Jonathan Puthier, com uma cenografia “muito trabalhada, labiríntica” a percorrer a obra dos três artistas. Descrita pelo Centro Pompidou como uma “apresentação imersiva”, a exposição apresenta as obras “As filhas do Fogo” (2019) e “Minino Macho, Minino Fêmea” (2005), de Pedro Costa, a série de esculturas “As Tuas Mãos” (1985-2015), de Rui Chafes, e “Untitled, 2008-2010-2002”, de Paulo Nozolino. “Eu e o Paulo trabalhamos com imagem e há coisas que são logo muito óbvias; uma realidade mais tangível, uma realidade que está nas fotografias do Paulo e nos meus filmes, que é realista, no sentido em que fotografamos o que vimos, que é real, do que nos rodeia. Há uma ideia do que a fotografia e o cinema são duas artes que estão sempre em risco, que têm uma antiguidade, apesar de tudo muito frágil. São antigas e recentes e estão um bocado perdidas nesta época de imagem, de virtualidade. O Rui está um bocadinho à parte disto, é escultura”, sendo proposto igualmente um diálogo, afirmou Pedro Costa à Lusa. Quem passar pelo Centro Georges Pompidou, um dos mais visitados espaços culturais da capital francesa, verá nesta exposição um título-âncora, retirado de um poema de Fernando Pessoa. “Foi pela palavra sombra, que é uma coisa que passa por nós todos. No meu caso, até diria que a palavra resto é importante. O que se vê nos meus filmes é muito restos de coisas, restos de casas, de coisas, quase lixo, restos de pessoas, mesmo”, disse. “O resto é sombra”, de Pedro Costa (1959), Rui Chafes (1966) e Paulo Nozolino (1955), ficará patente na galeria 4 do Centro Pompidou de 07 de junho a 22 de agosto. Esta exposição estará rodeada de uma série de outros eventos culturais sobre os três artistas portugueses. Paulo Nozolino, que viveu mais de uma década em Paris, onde expõe com regularidade – nomeadamente em 2002 numa exposição antológica -, irá ter uma mostra individualmente na galeria L’Entrepôt. Rui Chafes verá editado em França a obra “Diários”, que reúne trinta anos de desenhos, feitos em vários países, papéis e materiais – nos quais se destacam as cores vivas, por contraste com as esculturas negras -, com chancela da editora Pierre von Kleist. Pedro Costa terá uma retrospetiva, de 14 a 26 de junho, no espaço cultural Jeu de Paume e fará a estreia francesa, a 15 de junho, do filme “Cavalo Dinheiro”, que lhe valeu em 2014 o prémio de melhor realizador no festival de Locarno. Está ainda prevista a edição de dois livros de ensaios sobre o cinema do realizador português: “Le chambres du cinéaste”, com cinco textos do filósofo francês Jacques Rancière, e “Pedro Costa – Cinéaste de la lisière”, do investigador francês Antony Fiant. Sílvia Borges da Silva, Lusa [pro_ad_display_adzone id=”46664″]