Lusa | José Sena Goulão

Paris’24: Missão portuguesa olímpica e paraolímpica custou ao estado 31,2 milhões de euros


A Missão portuguesa a Paris’24 contou com um total de 22 milhões de euros (ME) destinados à preparação olímpica no ciclo 2022-2025, um aumento de 18,4% relativamente aos Jogos Olímpicos anteriores, esbatido parcialmente pela inflação.

“A assinatura destes dois contratos que nos levarão até Paris’24 é o sonho concretizado de um aumento histórico na preparação destes dois programas, para um total de 31,2 milhões de euros”, enalteceu a então a Ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, aquando da apresentação dos contratos-programa olímpico e paralímpico para Paris’24.

Nesse dia 14 de outubro de 2022, e depois de um longo impasse, o Governo liderado por António Costa, o Comité Olímpico de Portugal (COP) e o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) firmaram um contrato que estabelecia um aumento de 18,4% em relação aos valores de Tóquio2020. Para esses Jogos, adiados em um ano devido à pandemia de Covid-19, foram aprovados 18,55 milhões de euros, reforçados, depois, em quatro ME por causa do adiamento.

“Para este ciclo olímpico, encontrámos meios financeiros para que seja possível um aumento generalizado das bolsas dos atletas e treinadores, um aumento das verbas para a preparação desportiva, competições, estágios, apoios materiais para o treino e a continuidade dos apoios após os Jogos Olímpicos de Paris, com o Estado a garantir assim que nenhum atleta ficará sem apoios no dia seguinte à sua preparação”, destacou Ana Catarina Mendes, numa cerimónia que decorreu no Centro Desportivo Nacional do Jamor, em Oeiras.

Nesse mesmo dia, no entanto, o Presidente do COP, José Manuel Constantino, alertou para o impacto que o quadro económico, nomeadamente a inflação, poderiam ter nesse aumento. “Não escondo, nem seria uma atitude séria da parte do Presidente do Comité Olímpico de Portugal, que, pese embora as circunstâncias de termos celebrado um contrato que é significativamente superior a contratos similares para os programas de preparação olímpica, nós encontramos um quadro político e económico que nenhum de nós sabe, com segurança, qual vai ser o seu destino”, evidenciou.

José Manuel Constantino disse recear “que uma parte significativa dos aumentos verificados possa, em algumas matérias, ser superada por aquilo que vai ser o aumento dos custos”.

A mesma preocupação foi manifestada pela Presidente da Comissão de Atletas Olímpicos (CAO), numa entrevista à Lusa a um ano dos Jogos: “Estamos a assistir a uma inflação incrível. O preço de tudo aumentou. Portanto, o aumento que tivemos das bolsas acaba por ficar um pouco diluído nessa inflação que se fez sentir”

Apesar de enaltecer que “um aumento é sempre bom, é sempre positivo”, Diana Gomes reconheceu então que, com a inflação, “as preparações ficam mais caras, os transportes ficam mais caros, a própria alimentação, a suplementação, tudo aumentou”.

Não houve, contudo, ‘reajustes’ para atenuar os efeitos da inflação, com as verbas a serem disponibilizadas ao longo dos últimos anos, tendo sido entregues 4,77 ME em 2022, 6,33 em 2023 e 6,10 em 2024, enquanto 4,80 serão disponibilizados em 2025.

A exemplo do que sucedeu em Jogos anteriores, o documento prevê que, “dado o caráter da imprevisibilidade dos resultados desportivos a obter, […] pode ser autorizada a transição de saldos entre anos económicos dentro da vigência do contrato-programa”.

LusoJornal