Patrícia Cunha em Laons: a arte que interroga, que surpreende, que cria postos de trabalho

A artista portuguesa Patrícia Cunha tem uma exposição a céu aberto em Laon, no norte da França, composta de 850 guarda-chuvas, instalados na rua principal da cidade, a cerca de 5 metros acima das nossas cabeças. Uma exposição surpreendente, desconcertante até.

Para melhor compreendermos a arte de Patrícia Cunha, LusoJornal aproveitou a sua vinda a Laon, para embelezar outra rua da cidade, a rue Saint Jean, com outro tipo de guarda-chuvas, para a entrevistar.

 

Que curso tirou, em que escolas?

Tirei um curso de Marketing e Comunicação Social no ITAP em Coimbra.

 

Como surgiu a sua paixão pela arte?

Venho de uma família de empresários e acho que a criatividade vem da constante necessidade que os empresários têm de inovar. Tive também uma infância muito feliz, em que os meus pais me deixaram sempre dar largas à imaginação.

 

E como se define como artista?

Não me defino como artista, mas sou realmente muito criativa e encontro soluções para tudo. Foi assim que surgiu o «Umbrella Sky Project» que é o trabalho mais conhecido da nossa empresa. «Umbrella Sky Project» foi a busca de uma solução para dinamizar uma rua de comércio tradicional que estava abandonada, causar impacto e ao mesmo tempo servir a utilidade pública como ensombramento. Nos nossos trabalhos gostamos de utilizar muita cor para contrastar com os ambientes cinzentos que caracterizam as cidades, objetos inusitados em locais despropositados, de modo a criar cenários belos e superfotografáveis para criar reações, comentários e sentimentos imediatos.

 

Vive da sua paixão?

A empresa da qual sou sócia com o Bruno Almeida, a «Impactplan art productions» dedica-se quase a 100% a projetos artísticos nos espaços públicos, focados nos resultados para aqueles que nos contratam para atrair as atenções para cidades, marcas ou eventos.

 

Que artistas a inspiram ou admira?

Admiro o movimento de arte de rua, pela democratização do acesso à arte que é algo que defendemos. A arte é para todos e o acesso deve ser fácil. Nada melhor que o espaço público para chegar a todos, não apenas a um grupo. Admiro o Bansky, o Bordallo II, Vhills, Obey, Fafi, Mademoiselle Maurice e muitos outros.

 

Como surgiu a ideia dos guarda-chuvas?

Como referi foram uma solução para um problema, aliámos a cor à estranheza e ao facto de poderem servir como sombra. O guarda-chuva também é reconhecido como uma proteção, o que torna mais poética a escolha deste elemento.

 

Os guarda-chuvas são de produção nacional?

São todos adquiridos em Portugal, mas penso que as fábricas não são portuguesas. Muitos dos guarda-chuvas são decorados pela nossa empresa manualmente, um a um.

 

Há quem não aprecia arte. Porque é arte colocar 850 guarda-chuvas na rua principal de Laon?

Não sei se é arte, mas é belo. Acho que é ao público de decidir o que é arte, não ao artista.

 

Os guarda-chuvas podem declinar-se de diversas formas, como por exemplo os que colocou ultimamente na rua St Jean, em Laon?

Sim, temos muitos padrões. As decorações são desenhadas por nós e depois aplicadas manualmente nos guarda-chuvas um a um.

 

Quando os coloca acima das nossas cabeças, há uma ordem particular?

Não procuramos o perfeccionismo, pois um pouco como a natureza, a perfeição está na imperfeição e não há uma flor igual à outra.

 

Quando tem uma nova exposição, numa cidade diferente, a Patrícia desloca-se pessoalmente para os colocar?

Sou eu ou a minha equipa. Não trabalho sozinha, tenho uma equipa de designers e de técnicos e o apoio incondicional do Bruno Almeida que é meu sócio e meu marido.

 

Que novos projetos tem?

Temos previstos alguns projetos em França e nos Estados Unidos. Temos também vários projetos de Natal previstos para Portugal, França e Bahrain.

 

Tem novas ideias à espera de apoios?

Somos uma empresa privada e não trabalhamos com apoios. Somos contratados essencialmente por Câmaras municipais e por Centros comerciais, aliamos a arte aos resultados efetivos na área do marketing.

 

Como se porta a arte em Portugal?

A arte urbana penso que está em crescimento e existe turismo à volta dela. Portugal é um destino apetecível e acessível que está a investir em formas de atrair visitantes. Os municípios estão a investir cada vez mais nesta vertente da arte.

 

Patrícia Cunha, uma criadora de arte que se apoia numa equipa constituída pelo sócio e marido e 5 colaboradores, que formam a empresa «Impactplan Art Productions».

 

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LusoJornal