Paulo Cafôfo quer “discriminação positiva” para empresários das Comunidades que invistam em Portugal

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O Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas defendeu ontem em Paris que deve haver uma “discriminação positiva” para incentivar os empresários das Comunidades a investir em Portugal.

Paulo Cafôfo visitou este sábado à tarde a Câmara de comércio e indústria franco-portuguesa (CCIFP) e respondeu ao Presidente Carlos Vinhas Pereira que fez uma apresentação sumária daquela instituição que pretende chegar aos mil associados.

“Este universo empresarial tem todo um potencial e tem de ser aproveitado. Nós estamos a falar aqui de um tecido empresarial de empresários portugueses ou lusodescendentes que têm tido imenso sucesso na sua vida profissional e empresarial e, pela sua capacidade de trabalho, mas também pela sua capacidade de visão e estratégia, têm empreendido, inovando em áreas que são fundamentais para a economia francesa” disse Paulo Cafôfo ao LusoJornal. “O nosso desafio qual é? Que a saudade possa ter uma vertente económica”.

Paulo Cafôfo felicitou as ações da CCIFP e o “grande benefício de congregar diversos empresários” por considerar que “juntos são mais fortes”.

“Aquilo que nos une é mais do que aquilo que nos separa. Nós temos que ter a capacidade de, enquanto portugueses, enquanto empresários, percebermos que a união faz a força” disse o Secretário de Estado, que visitou a Câmara de comércio acompanhado pelo Diretor geral dos Assuntos consulares e Comunidades portuguesas, pelo Adido social do Consulado Geral de Portugal em Paris, pelo Vogal do Instituto Camões e por elementos do seu Gabinete. “Esta questão bilateral é absolutamente determinante nos tempos difíceis que estamos a viver. Tivemos uma crise económica, seguida de uma crise pandémica e agora uma crise com uma guerra na Europa. Isto abala a economia e nós já estamos preocupados com a inflação, com os valores das matérias-primas… Ainda estamos com a ‘bazuca europeia’ que foi uma resposta célere e certeira da União Europeia, ainda não aplicamos essa ‘bazuca’ e já estamos confrontados com uma nova crise proporcionada pela guerra da invasão da Rússia à Ucrânia”.

O novo Secretário de Estado, que fez agora a sua primeira visita a França, considera que “a diáspora e os Portugueses no mundo têm um papel muito importante para o desenvolvimento do nosso país. Sempre tiveram. Se nós olharmos antes da adesão de Portugal à União Europeia, a única fonte de crescimento do nosso país praticamente eram as remessas dos emigrantes. Durante anos contribuíram e mesmo depois da União Europeia, como sabemos, continuam a contribuir. Portanto a diáspora é uma fonte e um fator de desenvolvimento do nosso país”.

É por esta razão que Paulo Cafôfo quer “criar as condições para que façam mais investimento no nosso país” e isso passa por “criar condições mais atrativas, porque o investidor que reside aqui em França, mas é português ou lusodescendente, não pode ser colocado ao mesmo nível de um investidor de outro país qualquer ou de outra origem qualquer. Nós temos de ter vantagens atribuídas àqueles que são os investidores da diáspora, em termos de discriminação positiva e de majoração em termos de benefícios fiscais, mesmo até em linhas de crédito”.

Para o governante, isto são “vantagens estratégicas”.

“As remessas são importantes e queremos que continuem a fluir para o nosso país, mas também é muito importante o investimento que possa ter um carácter reprodutivo na nossa economia e quando eu digo um carácter reprodutivo na nossa economia, refiro-me a projetos industriais no setor do turismo, no setor agrícola ou em outros setores que possam provocar um crescimento económico e a criação de emprego. Este é o investimento que nós queremos e para isto, o Governo português tem que dar as condições”.

Uma das ferramentas que a Secretaria de Estado já tem é o Programa nacional de apoio ao investimento da diáspora (PNAID) e Paulo Cafôfo lembrou que “Portugal é hoje um país moderno. A própria visão dos Franceses relativamente a Portugal é outra, diferente do que era há uns anos atrás. Portugal é um país que está na moda, não é só por termos vitórias no futebol, é porque também temos exemplos de empresários que aqui são uma inspiração e são claramente um exemplo daquilo que é uma capacidade de trabalho. Mais do que uma visão estratégica e de um grande espírito empreendedor, isto é algo que é intrínseco a nós, que faz parte de nós, e tem que ser potenciado”. Até porque o Secretário de Estado sabe que o investimento da diáspora pode ajudar a corrigir desequilíbrios demográficos importante em Portugal. “Nós temos zonas do país que estão despovoadas, desertificadas. Nós não podemos ter um litoral e um interior com diferenças tão grandes, nem podemos também ter diferenças sociais e desigualdades sociais”.

A Advogada Carla Fernandes interpelou o Secretário de Estado para a urgência de informar os Portugueses que têm contas em Portugal e não as declararam ao Fisco francês. “A administração fiscal francesa empregou cerca de 3.000 inspetores e estão a mutar muitos Portugueses. É urgente informar sobre esta questão”. David Alves questionou o Secretário de Estado sobre as questões ecológicas, porque está a desenvolver um projeto em Portugal sobre o tratamento e a gestão da água e Marie Reis de Bragelongne evocou o interesse do relacionamento dos territórios franceses com os territórios portugueses.

Paulo Cafôfo assinou o livro de honra daquela instituição empresarial franco-portuguesa.

 

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