“Pédagogie et Révolution à partir de Freire et Cabral”, de Lidia M. Rodríguez

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Paulo Freire (1921/1997) e Amílcar Cabral (1924/1973) são dois revolucionários que fizeram da promoção da educação e da luta contra o analfabetismo as suas principais armas. Em “Pédagogie et Révolution à partir de Freire et Cabral”, publicado pela editora L’Harmattan, Lidia M. Rodríguez, professora na Faculdade de Filosofia e Literatura de Buenos Aires e doutorada pela Universidade da Sorbonne, explica a relação entre este dois homens essenciais do século XX lusófono na luta contra o colonialismo português, as desigualdades e a iliteracia.

Mas o que une afinal um brasileiro aclamado como um dos grandes pensadores da segunda metade do século passado e um combatente guineense que lutou contra a opressão colonial e que acabou assassinado (fez 50 anos no passado mês de janeiro) pelas forças fascistas portuguesas?

Intelectual brasileiro de alcance mundial, Paulo Freire, autor da obra de referência “A Pedagogia dos Oprimidos”, viu no intelectual e combatente guineense uma das suas inspirações. “A experiência africana de Paulo Freire terá sido decisiva no desenvolvimento do pensamento freiriano”, afirma a autora, também ela conquistada por um intenso desejo de igualdade.

Nos anos 1970, numa época em que as lutas anticoloniais se espalhavam a vários continentes, fosse contra o arcaico colonialismo português em África ou o neocolonialismo no Vietnam ou na América Latina, Paulo Freire, já um intelectual consagrado, entra em contacto com a obra do líder do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde).

Nos seus escritos, Amílcar Cabral denuncia um modelo colonial de educação concebido para criar um sentimento de inferioridade nos jovens africanos, tratando-os como objetos passivos e negando-lhes o acesso às culturas e línguas africanas e reescrevendo as Histórias africanas que, para os colonialistas europeus, apenas havia começado com a “presença civilizadora dos colonizadores”. Para Freire, Amílcar Cabral era um educador revolucionário avançado.

Vários anos após o assassinato de Amílcar Cabral, Paulo Freire (que foi obrigado a exilar-se durante um longo período para fugir à ditadura de extrema-direita que oprimia o Brasil) visitou os então já independentes países africanos de língua portuguesa.

“Pessoalmente”, escreveu Freire, “eu nunca pude encontrar Amílcar, é uma das minhas frustrações, eu gostaria de tê-lo conhecido. Mas conhecia seus trabalhos e fiz a leitura de alguns de seus textos. Dediquei-me muito à leitura de seus textos quando, após a libertação da Guiné-Bissau, Cabo Verde e demais países, recebi um convite do Governo da Guiné-Bissau para, com uma equipe com a qual eu trabalhava, na época em Genebra, dar uma contribuição ao povo Guineense e também Cabo-verdiano”.

A viagem que Paulo Freire efetuou aos países africanos de língua portuguesa, nomeadamente à Guiné-Bissau, foi fulcral na construção da Campanha Nacional de Alfabetização e Educação de Adultos e na luta contra a iliteracia. Este livro fala da importância de Cabral na construção do pensamento freiriano que influenciou essas campanhas de alfabetização e é de grande importância para a compreensão e o fortalecimento das relações entre o Brasil e os países africanos que têm o português como língua oficial.

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LusoJornal