O Porto da minha infância! Manoel de Oliveira, o arquiteto!

Realizou-se no passado dia 28, em Talence, no “Forum des Arts et de la Culture de Talence», uma conferência animada pela arquiteta Caroline Mazel, responsável de Médiarchi, que nos últimos anos «raconte l’architecture» a todos os tipos de público, curiosos de paisagem e de urbanismo, neófitos, amadores, e aborda os grandes temas e as grandes realizações do nosso tempo, uma maneira única de nos apropriarmos do nosso quadro de vida.

O tema deste encontro foi: «Porto da minha infância», Manoel de Oliveira, o arquiteto…

Neste filme documentário de 2001, Manuel de Oliveira recorda a sua infância no Porto, desde a casa onde nasceu, e onde imaginou o seu primeiro filme, à fábrica do seu pai, às óperas a que assistiu… a arquitetura do cinema Batalha, do café Majestic…

Caroline Mazel, neste encontro homenagem a Manoel de Oliveira, contou com mestria a atração especial que o nosso realizador sempre teve pela arquitetura, fazendo-a muitas vezes ser mais do que um cenário dos seus filmes, mesmo pela consagração de uma carreira, cujo primeiro doutoramento honoris causa partiu da Faculdade de Arquitetura do Porto.

Sem esquecer a casa habitada pelo cineasta durante quatro décadas, na rua da Vilarinha, no Porto, valorizada por, além do seu promotor e primeiro morador, ter a sua história igualmente ligada a grandes nomes do modernismo português, desde logo o autor do projeto, José Porto (1883-1965), mas também os arquitetos Viana de Lima e Cassiano Branco, que traduz uma das obras mais notáveis da arquitetura doméstica do Porto, e mesmo da arquitetura portuguesa daquela época, pela sua dimensão, linguagem e caraterização espacial.

A atenção que Manoel de Oliveira sempre tinha dado a esta disciplina, tanto na sua vida como nos seus filmes, na composição da imagem, no rigor do enquadramento, na profundidade de campo…, justificou a atenção da Mediarchi, e de Caroline Mazel, que identificou a carreira do Mestre com o exercício da criação artística objetivado na sua obra cinematográfica.

Este convite aceite por uma sala repleta, interessada e participativa, foi um momento delicioso de passeio, de «flânerie», pela cidade do Porto dos anos vinte, em que o realizador evoca a cidade tal como ela era, e tal como é no virar do terceiro milénio.

 

 

LusoJornal